sábado, 26 de agosto de 2006

O fantasma do Cristiano



Estacionado nas pesquisas, Alckmin sente o gosto da traição política

Depois que FHC trouxe Carlos Lacerda à lembrança, como expressão máxima do que considera o melhor comportamento de oposição, e transformou o lacerdismo em patrono do malsucedido “golpe branco” contra o presidente Lula, parece que os mortos estão mesmo fadados a guiar o destino eleitoral dos tucanos. Nessa seqüência, talvez tenha chegado a hora de o presidenciável Geraldo Alckmin invocar o nome do mineiro Cristiano Machado, candidato do extinto PSD, na eleição presidencial de 1950, vencida por Getulio Vargas.
Abandonado pelos líderes do PSD, nos estados, o candidato do partido inspirou um dos mais célebres verbetes da política brasileira: cristianização. Ou seja, uma forma de traição política.

Esta semana, o que se pode chamar de processo de cristianização da candidatura do tucano Alckmin foi levado para o mostruário eleitoral no Ceará. Por maus pecados, trata-se dos domínios do cacique político Tasso Jereissati, presidente do PSDB.

Candidato à reeleição, o governador cearense Lucio Alcântara fez rasgados elogios à administração Lula, no horário eleitoral da televisão. Em seguida, exibiu um vídeo onde colhia elogios do presidente. Nada inédito. O tucano Alcântara repetiu o que, na semana anterior, tinha feito o pefelista Mendonça Filho, candidato à reeleição em Pernambuco.

Alckmin está, de fato, desaparecido das campanhas estaduais. Foi escondido pelos candidatos da coligação tucano-pefelista.

Jereissati, normalmente de voz mansa, mudou o tom e chegou a dizer que expulsaria os infiéis do ninho tucano. Recuou, porém, diante da possibilidade de ser forçado a promover um genocídio político.

Lula parece marchar irremediavelmente para a vitória no primeiro turno. A divulgação na terça-feira 22, da pesquisa Datafolha, na qual o candidato petista aparece com 49% das intenções de voto, faz crer que, no dia da eleição, em 1º de outubro, Alckmin vai se manter na disputa em condição semelhante à do time de futebol que, desclassificado antecipadamente, entra em campo com a missão de apenas cumprir tabela.

Carlos Lacerda é padroeiro da campanha tucana...



Carlos Lacerda é padroeiro da campanha tucana...O orelhudo continua em pauta...A Veja, como sempre, espanta o País...

Por Redação CartaCapital

1.Fernando Henrique Cardoso não é Carlos Lacerda, este escrevia bem e falava ainda melhor. Mas uma semelhança existe: embora cada qual a seu feitio e afinado com sua quadra histórica, ambos são golpistas.

Na segunda-feira 21, o ex-presidente da República, diante de uma platéia de 200 pessoas, informou-as, desabrido, a respeito do risco que o Brasil corre de virar uma Venezuela, vítima da indiferença da população, conformada com a corrupção e o descrédito das instituições. Referia-se ao crescimento de Lula nas pesquisas, a despeito do chamado mensalão.

Talvez saudoso das Marchas da Família, com Deus e pela Liberdade, FHC entende que somente “um curto-circuito” pode devolver à nação o poder de se indignar. E, coerente, reclamou a presença na ribalta de alguém capaz de eletrizar o País. Como foi Carlos Lacerda, eletricista de inúmeros curto-circuitos, a começar pela crise que levou Getulio Vargas ao suicídio. Primeiro passo a caminho da tentativa de impedir a eleição de Juscelino Kubitschek, da renúncia de Jânio e, enfim, do golpe de 1964.

Com Lacerda diz FHC não ter afinidades, nele reconhece, porém, e louva, “a capacidade de dramatizar e de cobrar”. “Foi recado para o meu partido”, declarou depois do pronunciamento, a indicar que da campanha tucana espera maior agressividade. Prontamente, o coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra, fez eco: “Falta realmente indignação diante dos escândalos, uma indignação que Carlos Lacerda ajudou a levantar no passado”.

Entre atônito e perplexo, pergunto aos meus pacientes botões que significa a alusão à Venezuela, onde o plano do golpe nasceu da “indignação” dos vetustos e ferozes donos do poder, nem mais nem menos como no Brasil dos começos da década de 60, quando as marchas eram nutridas pelos privilegiados e pelos aspirantes ao privilégio.
Temo que os eletricistas tucanos sonhem com um curto-circuito gerador do impasse. Portanto, da ruptura antidemocrática. E tudo o que conseguem é passar o espanador sobre o embolorado modelo golpista tão admiravelmente representado por Carlos Lacerda.

2.O jornalista Paulo Henrique Amorim entregou ao diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, documentos pelos quais se provaria que o banqueiro Daniel Dantas dispõe de meios para abrir contas no paraíso fiscal das Ilhas Cayman. Os papéis figuram agora no inquérito sobre o dossiê publicado pela revista Veja, em meados de maio, que apontava como correntistas o próprio Paulo Lacerda, o ministro Márcio Thomaz Bastos e até o presidente Lula.

Segundo Veja, as informações do dossiê foram passadas pelo banqueiro e por pessoas indicadas por ele. Dantas nega. Os mais variados eventos não deixam, contudo, de demonstrar que o orelhudo se habilita a façanhas retumbantes. O fato de que a PF tenha confirmado a posse dos novos documentos à repórter Andréa Michael, da Folha de S.Paulo, parece revelar a intenção do delegado Lacerda de mandar recado ao irrequieto DD.

Resta apurar a veracidade da documentação, bem como o mistério encerrado no disco rígido do Opportunity, cuja abertura a juíza Ellen Gracie se obstina a não autorizar, em nome de argumentos já desfeitos, inclusive por várias reportagens de CartaCapital. A solução do caso é, de verdade, muito fácil. Bastaria convocar para a abertura do disco, sob a supervisão da própria juíza, representantes de Daniel Dantas, do Ministério Público e da PF. Com o compromisso de não revelar os nomes de residentes no exterior. Quanto aos indígenas, estão contra a lei.

3.A Veja não se cansa de nos surpreender. Às vezes, de espantar. Na coluna Radar, assinada por Lauro Jardim, lemos esta semana que o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, Luiz Gushiken, janta em restaurantes finos, toma Château Latour, fuma charutos cubanos e paga por um jantar no Magari, de São Paulo, acompanhado por um diretor de empresa de comunicação, 3.500 reais. Em dinheiro.

Observem como sabe viver um ex-sindicalista. Requintado, diz a revista, mas colho nas entrelinhas: novo-rico. O senador Heráclito Fortes, quem sabe a reencarnar Carlos Lacerda, chamou imediatamente a atenção para o comportamento de Gushiken. E até CartaCapital, tocada por tamanha ostentação, mergulhou no assunto.

Vejamos. O comensal de Gushiken não é diretor de empresa de comunicação, e foi ele quem levou o vinho, um Ducru-Beaucaillou comprado em Nova York por 54 dólares. O charuto era nacional e a conta, paga com cartão de crédito, foi 360 reais.

Presente no restaurante e, dizem os garçons, sentado nas proximidades da mesa do secretário, o advogado Modesto Carvalhosa. Certamente não hesitaria em confirmar a verdade factual. Certa também, em espírito, a participação de Daniel Dantas.

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Alerta: o Terceiro Golpe contra a Democracia


"Uma mentira dá a volta ao mundo antes que a verdade calce seus sapatos".

Winston Churchill

Armação, manipulação e distorção. Assim, neste rabo de Agosto, os sinistros grupos radicais da direita brasileira iniciaram a terceira tentativa de GOLPE contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como se sabe, a primeira se deu a partir de uma nova versão do Plano Cohen, escorado nas denúncias sobre o valerioduto. A segunda, menos escandalosa, quando da contratação do caseiro James Bond para pulverizar a imagem do ex-ministro da Fazenda.

Em ambos os casos, sobram registros da reuniões conspiratórias entre membros ativos do PSDB, gurus do neofascismo tupiniquim, especuladores ressentidos, agentes de unidades de inteligência estrangeiras e barões da imprensa. Os pequenos convescotes golpistas estão documentados pela própria imprensa, ainda que apenas nos rodapés dos jornalões. Basta ter atenção à leitura dos panfletões.

Há cerca de uma semana, encetou-se nova articulação macabra. Desta vez, a idéia é constituir o que se chamou de "tsunami" da desconstrução de imagem. Jornalões, jornalecos, revistas, emissoras de rádio e de TV empenham-se decididamente em deturpar a realidade e extingüir a idéia vigente de que Lula faz um ótimo governo.

O "jogo sujo" vem sendo proposto abertamente pela ala radical oposicionista, na qual pontificam um neonazista catarinense e um bandalho do Amazonas. Em São Paulo, onde a raposa toma conta do galinheiro, o plano inclui construir um mito de associação criminosa, semelhante àquele que ligava o Partido dos Trabalhadores aos seqüestradores de Abílio Diniz, em 1989.

Desta vez, a idéia é distorcer e manipular a informação disponível para colar a imagem do partido de Lula ao PCC. Mais do que um factóide, o projeto vem sendo desenvolvido de maneira obstinada pelo esquadrão tático que opera nos subterrâneos da administração bandeirante, longe do olhos do governador Lembo. Não faltam tecnologias e métodos importados na elaboração de mais um "F-X" policial.

Logicamente, é necessário que a grande imprensa seja partícipe desse conluio hediondo. O jornal Folha de S. Paulo prestou-se a esse papel vergonhoso na quarta-feira, ao fazer ecoar as leviandades armadas nos aparatos da (in) segurança pública paulista. Sem contestação, provando praticar um jornalismo (sic) rasteiro e irresponsável, o diário dos Frias indignou até seu ombudsman, Marcelo Beraba.

Percebe-se no rastilho da pólvora a fórmula virulenta de desfiguração da realidade. É certo que membros dos grupos de defesa dos direitos do cidadão mantêm contatos periódicos com a população carcerária e suas famílias.

Muitos desses abnegados voluntários são ligados às pastorais da Arquidiocese de São Paulo e, alguns deles, associados, por filiação ou simpatia, ao Partido dos Trabalhadores. Utilizar esse vínculo como evidência de parceria criminosa constitui-se numa cafajestada da magnitude do Caso Dreyfus, a armadilha moral que dilacerou a França há mais de um século.

Mesmo que exposta a verdade, a simples acusação já provocou enormes danos aos homens e mulheres de bem que pugnam pelas causas humanitárias. Já há comunidades na rede relacionamentos Orkut associando o PT ao PCC e exigindo o extermínio dos políticos do partido de Lula. Por enquanto, o grande fanfarrão, dublê de Chapolin, conta vantagem. "Não contavam com a minha astúcia", exalta-se.

Imprensa de aluguel

A intensidade da campanha de desconstrução da imagem do governo tem sido assombrosa. Os sites do UOL e do Estadão, por exemplo, passaram a reproduzir, diariamente, em letras garrafais, qualquer destempero verbal do candidato neoliberal e de seus asseclas. Na verdade, a (má) educação do irmão Geraldo é escancaradamente celebrada em editoriais, artigos e nas centrais de boataria espalhadas pela enorme rede de blogs custeada pela direita organizada (evidentemente, com dinheiro desviado dos contribuintes).

O sistema golpista passa pela análise recortada de qualquer estatística da área econômica. Pinça-se sempre o que parece negativo. Ignora-se perversamente o que é positivo.

É o caso da notícia sobre a taxa de desemprego, cujo aumento foi festejado em todos os aquários das grandes redações. Segundo o IBGE, o índice foi de 10,7% em Julho, ante 10,4% em Junho. Ao mesmo tempo, os mesmos profissionais que arrotam a defesa do Brasil, comemoraram a variação negativa de 0,7% no rendimento médio real.

Como era previsto, informações fundamentais foram empurradas para os últimos parágrafos das reportagens. Primeiramente, os dados foram colhidos apenas em seis regiões metropolitanas. Portanto, não compõem fiéis retratos do Brasil.

Mais grave, no entanto, é que se omitiu informação fundamental. O número de ocupados cresceu 0,4% no período, com geração de 84 mil vagas. Ora, então, onde reside o erro?

Aumentou o número de pessoas procurando emprego, conforme atesta o IBGE. Isso é ruim? Não. Mostra o retorno ao mercado de brasileiros que tinham desistido de buscar uma colocação.

E a renda? Vale a informação do próprio IBGE. No acumulado de janeiro a julho de 2006, o rendimento médio ficou em R$ 1.018,14, uma variação positiva de 4,2% ante igual período de 2005.

Grandes manchetes foram igualmente estampadas para convencer o leitor de que "este" governo tem garras e dentes de leão faminto e insaciável. Nesse sentido, utilizaram as informações sobre a arrecadação recorde no ano de 2005, de R$ 724,11 bilhões. O tom geral é de "indignação" e espanto.

Não se deu atenção a um fator fundamental no debate: o governo não elevou a carga de impostos. Os estudos da Receita Federal comprovam que o movimento se deve à expansão da economia, à lucratividade das organizações e à eficiência da administração tributária, num ano em que a economia cresceu 2,3%.

Porta-voz oficial da reação

Um dos proprietários da Folha de S. Paulo, Otávio Frias Filho, foi encarregado de redigir um "manifesto" contra a reeleição de Lula, tão oportunista (será que resta oportunidade?) quanto capenga em seus argumentos. Segundo ele, se o presidente for reeleito num primeiro turno, "a afoiteza do eleitor terá prejudicado a qualidade democrática desta eleição". Opsss! Que história é essa de qualidade democrática,
Seo Tavinho?

O pequeno barão lacerdista sustenta que o programa de governo não poderá ser debatido até o pleito de Outubro. Portanto, injeta-se na teoria a idéia de que a eleição de Lula vale menos... Abre-se um flanco para o questionamento da legitimidade do próximo mandato e, não se duvide, para a articulação de mais um golpe.

O argumento do envelhecido rapaz resulta da teoria de que apenas brasileiros "deseducados" e "ignorantes" (leia-se, a "patuléia" que não lê a Folha e os outros jornalões) votam em Lula.

O jornal dos Frias finge que não reconhece a dinâmica da difusão de informações. As notícias, especialmente as ruins, são repetidas à exaustão pelas rádios e pela emissoras de TV. Numa sociedade orgânica, espalham-se do topo à base da pirâmide social. Milhões de diaristas ouvem, de segunda à sexta, o praguejamento de senhores e respectivas peruas contra o operário de nove dedos que ousou tomar conta do Brasil.

Frias e outros playboys da mídia brasileira não se conformam, portanto, com o cruel recado das ruas. As pessoas já não depositam confiança nos arrogantes e totalitários formadores de opinião. As reformas sociais, presentes especialmente na realidade dos mais pobres, têm muito mais energia que os sofismas teatralizados de Arnaldo Jabor, que as ameaças marciais de Arthuir Virgílio, que as catequeses doentias da Opus Dei e que os textinhos bom-mocistas da jornalaria tucana.

O terceiro golpe contra a cidadela da ética está em curso. Mercenários em fúria na infantaria, tacapes incendiários preparados, catapultas armadas para o último avanço. Fica a indagação: qual a capacidade de resistência das pessoas de bem?

Mauro Carrara

Jornalista

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Metade da bancada do DF na Câmara dobrou patrimônio


As declarações de bens enviadas pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que metade da bancada do Distrito Federal na Câmara dos Deputados dobrou o patrimônio nos últimos quatro anos. Entre os parlamentares e suplentes que tiveram variação superior a 100% estão Osório Adriano (PFL), José Tatico (PTB), Tadeu Filippelli (PMDB), Alberto Fraga (PFL) e Jorge Pinheiro (PL).

Adriano declarou em 2002 patrimônio no valor de R$ 32,4 milhões. Na última declaração enviada ao TSE, os bens do pefelista estão avaliados em R$ 66 milhões, variação superior a 100%. A assessoria do parlamentar explicou que a diferença ocorreu pela incorporação de bens e reavaliação de ações do grupo Brasal e da holding Santa Maria, de propriedade do pefelista. Deputado federal eleito pelo DF, Tatico transferiu o domicílio eleitoral para Goiás. Mas, ainda em 2002, informou ter duas fazendas, 3% da empresa Itatico e 10 mil cabeças de gado. O rebanho, avaliado hoje em R$ 15 milhões, mais do que dobrou nos últimos quatro anos. Ele não foi localizado ontem para comentar a evolução patrimonial.

Assim como Osório e Tatico, Filippelli não vive também apenas do salário de deputado, cujo valor bruto é de R$12,8 mil. Em quatro anos, ele comprou uma fábrica de refrigerantes avaliada em R$ 1,9 milhão e um terreno no Setor de Mansões do Lago, por R$ 850 mil. O patrimônio dele cresceu de R$ 1,2 milhão para R$ 4,4 milhões. “Antes de entrar na vida pública, eu já era empresário”, justifica. “Minha empresa de engenharia, a Arca Eletron, tem sede em Goiás e nunca prestou serviço no DF”, garante.

Fazenda

Fraga também afirma que vive em padrões compatíveis com o que ganha. Desde 2002, o patrimônio do pefelista aumentou em R$ 900 mil. Ele comprou uma fazenda com 180 alqueires, em Niquelândia (GO), por R$ 200 mil. Também adquiriu uma outra propriedade rural em Água Fria (GO), com 220 alqueires, ao preço de R$ 420 mil, além de dois lotes na Colônia Agrícola Vicente Pires, que segundo ele, valem R$ 70 mil. “Não quitei a fazenda de Água Fria. Vou pagar em oito anos”, afirma Fraga.

Citado na CPI dos Sanguessugas, o deputado Jorge Pinheiro (PL) teve, em termos proporcionais, a maior variação patrimonial: 718%. Apesar da alta evolução, a diferença de R$ 143,7 mil registrada desde 2002 é compatível com o salário de parlamentar.

Metade da bancada do DF na Câmara dobrou patrimônio


As declarações de bens enviadas pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que metade da bancada do Distrito Federal na Câmara dos Deputados dobrou o patrimônio nos últimos quatro anos. Entre os parlamentares e suplentes que tiveram variação superior a 100% estão Osório Adriano (PFL), José Tatico (PTB), Tadeu Filippelli (PMDB), Alberto Fraga (PFL) e Jorge Pinheiro (PL).

Adriano declarou em 2002 patrimônio no valor de R$ 32,4 milhões. Na última declaração enviada ao TSE, os bens do pefelista estão avaliados em R$ 66 milhões, variação superior a 100%. A assessoria do parlamentar explicou que a diferença ocorreu pela incorporação de bens e reavaliação de ações do grupo Brasal e da holding Santa Maria, de propriedade do pefelista. Deputado federal eleito pelo DF, Tatico transferiu o domicílio eleitoral para Goiás. Mas, ainda em 2002, informou ter duas fazendas, 3% da empresa Itatico e 10 mil cabeças de gado. O rebanho, avaliado hoje em R$ 15 milhões, mais do que dobrou nos últimos quatro anos. Ele não foi localizado ontem para comentar a evolução patrimonial.

Assim como Osório e Tatico, Filippelli não vive também apenas do salário de deputado, cujo valor bruto é de R$12,8 mil. Em quatro anos, ele comprou uma fábrica de refrigerantes avaliada em R$ 1,9 milhão e um terreno no Setor de Mansões do Lago, por R$ 850 mil. O patrimônio dele cresceu de R$ 1,2 milhão para R$ 4,4 milhões. “Antes de entrar na vida pública, eu já era empresário”, justifica. “Minha empresa de engenharia, a Arca Eletron, tem sede em Goiás e nunca prestou serviço no DF”, garante.

Fazenda

Fraga também afirma que vive em padrões compatíveis com o que ganha. Desde 2002, o patrimônio do pefelista aumentou em R$ 900 mil. Ele comprou uma fazenda com 180 alqueires, em Niquelândia (GO), por R$ 200 mil. Também adquiriu uma outra propriedade rural em Água Fria (GO), com 220 alqueires, ao preço de R$ 420 mil, além de dois lotes na Colônia Agrícola Vicente Pires, que segundo ele, valem R$ 70 mil. “Não quitei a fazenda de Água Fria. Vou pagar em oito anos”, afirma Fraga.

Citado na CPI dos Sanguessugas, o deputado Jorge Pinheiro (PL) teve, em termos proporcionais, a maior variação patrimonial: 718%. Apesar da alta evolução, a diferença de R$ 143,7 mil registrada desde 2002 é compatível com o salário de parlamentar. Procurado pelo Correio, ele não retornou as ligações.


sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Zen total



Geraldo Alckmin acertou ao se definir como um candidato “absolutamente zen”. Zen voto, zen idéias, zen grana, zen apoio e zen chance.

E agora, dotô Saulo?!



O Ministério da Justiça começou a liberar a grana prometida ao governo de SP. Não sei se vocês se lembram, mas esta semana o secretário de Segurança, Saulo de Castro, disse que entregaria o cargo caso isso acontecesse. Aliás, uma promessa para lá de estranha: pedir demissão por ter mais verbas para tentar cuidar da crise da violência? Sei não, essa cidade anda estranha e cheia de gente esquisita.

Pesquisa aposenta especialista



As pesquisas eleitorais estão derrubando muitos ‘especialistas’ da cadeira. Essa, a meu ver, é a parte mais divertida dos resultados. Façamos um breve retrospecto:

1 - Queda de Lula
No do ano passado, alguns ‘especialistas’ faziam a extrema unção de Lula. Diziam que estava tudo acabado, que não havia a menor chance de reeleição. Os números estavam ali, apoiando teses, artigos, reportagens e demais textos divulgados aqui e alhures.

2 - Lula Ressuscita
Esses ‘especialistas’, que já rezavam a missa de sétimo dia do ex-quase-morto, levaram uma tremanda puxada de tapete no começo deste ano. Os novos números mostravam Lula não somente recuperado, mas praticamente ‘imbatível’. Como bons ‘especialistas’, trataram de enterrar Alckmin.

3 - Alckmin Ressuscita
Na política, assim como no mundo das histórias em quadrinhos, os personagens nunca morrem pra valer. Eis que Alckmin também volta à vida. Alguns ‘especialistas’ não escondem a satisfação, e tudo muda. È a segunda puxada de tapete violenta que essa turma leva.

4 - Heloísa Helena
No início, ela não tinha nada. Aí ganhou alguns pontinhos. Nas penúltimas pesquisas, cresceu bem. Mas de novo aqueles ‘especialistas’ trataram de velar corpo vivo. Surgiram boatos de que ela cresceria muito, o que não se comprovou nos números do mês passado. Foi o bastante para seu corpo ser também velado.

5 - A Nova Pesquisa
Alckmin cai 7 pontos, Lula cresce 4 e Heloísa Helena - que estava dada como morta - mostra seu potencial de ressurreição. Praticamente DOBROU SEU ÍNDICE. No Rio de Janeiro, é a segunda colocada. Ela era ‘útil’ a quem defendia Alckmin, pois sua presença no páreo levaria a disputa para o segundo-turno. Ocorre que ela passou a ameaçar, já que seu crescimento é proporcional à queda do candidato tucano.

Vamos ver qual o corpo encomendado desta vez pelos ‘especialistas’.



terça-feira, 8 de agosto de 2006

Direitos iguais.



A direção do PP aconselhou seus diretórios regionais a capricharem na produção dos seus programas eleitorais. Como o partido não tem candidato a presidente da República e só quer saber de driblar a cláusula de barreira, a idéia é calibrar o discurso, apresentar os candidatos a deputado federal bem produzidos e o mais importante: dar espaço igual a todos os postulantes. Os caciques da legenda é que não gostaram muito disso e andam reclamando dessa regra.

Sombra e cerveja gelada/ O ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos (PMDB) anda tão preocupado com sua eleição para o Senado que aceitou o convite de amigos para ingressar na Academia Pernambucana da Boemia. A idéia da confraria, criada pelo ex-ministro Gustavo Krause (PFL), é reunir alguns nomes da política do estado. Nada como ser líder de pesquisa.

A carta de Alckmin


Caciques do PFL querem que Geraldo Alckmin (PSDB) invista mais no discurso social em seus programas eleitorais no rádio e na TV. Os pefelistas acham que o tucano deve parar de dizer que Bolsa-Família é esmola para pobre. A ordem agora é dizer para a classe mais baixa da população que, não pretende acabar com os projetos sociais do governo Lula, mas ampliá-los. Ou corrigir distorções. Seria uma espécie de Carta ao Povo Brasileiro de baixa renda.

A dúvida do tucano agora é como fazer isso sem deixar transparecer ao eleitor qualquer elogio ao governo do presidente Lula, que lidera as pesquisas. Mas, nas avaliações internas, há quem diga que vale a pena correr esse risco para tentar tirar votos do Presidente.


Do blog Amigos do Presidente Lula

O terror que está de volta


Facção criminosa é apontada como autora de 78 novos ataques a alvos civis e policiais na capital e no interior. Cinco pessoas saíram feridas e duas foram mortas. Sede do Ministério Público virou alvo

A segunda-feira mal havia começado e a onda de terror já estava instalada novamente em São Paulo. Às 4h de ontem, ataques com bombas caseiras, granadas e incêndios marcaram a terceira investida da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) em três meses ao estado. Quatro civis e um vigilante ficaram feridos e dois suspeitos morreram durante os atentados, que destruíram 22 ônibus na capital paulista, em Jundiaí e nas regiões do ABC e de Campinas. Além dos ônibus e vans, viaturas da polícia, agências bancárias, postos de gasolina e prédios públicos foram atacados pelos criminosos. Foram pelo menos 93 alvos em 78 ataques. Doze pessoas foram presas até o início da noite. Um dos suspeitos de planejar as ações, Rodrigo de Brito Ubaldo, está detido no litoral de São Paulo desde domingo.

O ataque mais violento ocorreu contra o prédio do Ministério Público de São Paulo, no centro da capital. Uma bomba caseira explodiu na entrada do edifício, o que provocou a interdição da Rua Riachuelo. Janelas da sede do MP e de prédios vizinhos ficaram estilhaçadas – os pedaços de vidro atingiram o carro de um taxista, que não se feriu. A sede da Secretaria da Fazenda sofreu três explosões seguidas. Segundo testemunhas, os criminosos arremessaram granadas no local.

A ousadia dos integrantes do PCC chegou até mesmo ao prédio do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado, na zona norte. Duas viaturas da Polícia Civil que estavam estacionadas em frente do prédio foram incendiadas. Na Rua São Caetano do Sul, uma base da Guarda Civil Metropolitana foi atacada. Pelo menos três postos de combustível da capital foram incendiados. Um supermercado da zona leste também foi alvo dos criminosos. Os bandidos atacaram simultaneamente agências bancárias de todas as regiões de São Paulo, mas o foco principal foi a zona sul, onde quatro unidades foram incendiadas. No início da noite, foram registrados mais três atentados a ônibus na zona leste.

Só a Guarda Civil Metropolitana foi vítima de quatro atentados, em menos de uma hora. O primeiro aconteceu às 4h30, quando um grupo de homens que estava em um Gol branco atirou contra a fachada da base da Rua Manoel José Pereira. Meia hora depois, o alvo foi a base comunitária da Praça Eulália de Carvalho. Um guarda foi atingido por um tiro no peito, mas conseguiu escapar com vida graças ao colete à prova de balas. Naquele momento, quatro homens atacavam guardas civis na Inspetoria Regional da Vila Prudente. Ninguém ficou ferido.

Em meio à nova onda de ataques, o Tribunal de Justiça determinou que Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue seja retirado do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Ele faz parte da cúpula da facção, junto com Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da quadrilha, e Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola.

Terror no interior
No interior, os ataques foram simultâneos. Pelo menos oito cidades foram atingidas, com atentados contra bases da polícia, postos de gasolina e agências bancárias. Os ataques em Ribeirão Preto, a 330km de São Paulo, começaram ainda na noite de domingo, com a depredação de caixas eletrônicos. Em Santo André, região do ABC paulista, dois bandidos foram mortos pela polícia, depois de jogarem bombas caseiras no fórum da cidade. Na ação, outros dois criminosos foram presos, e um, baleado. Só a Guarda Civil Metropolitana sofreu cinco ataques.

Em Jundiaí, a 60km da capital, houve cinco ataques em menos de meia hora. A partir das 3h30, os criminosos começaram a agir: em dois caixas eletrônicos e dois postos de gasolina, lançaram bombas caseiras e coquetéis molotov. Os explosivos atingiram as bombas de combustível, e a tragédia só não foi maior porque funcionários dos postos controlaram as chamas. Depois, os supostos integrantes do PCC atacaram um ônibus, que passava pelo bairro de São Camilo. Motorista e cobrador foram obrigados a descer do veículo, que foi incendiado. O dono da única empresa de transporte da cidade, a Viação Jundiaiense, resolveu tirar a frota de circulação, para evitar mais perdas.

O ataque em Sumaré, a 120km de São Paulo, aconteceu à zero hora de segunda-feira, com o lançamento de uma bomba caseira dentro da 3ª Delegacia de Polícia. O portal da cidade, localizado na Rodovia Virgínia Viel Campo Dall’Orto, foi alvejado com 15 tiros. Em Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste, Indaiatuba, Itapira e Americana, os ataques foram semelhantes. Não houve vítimas.

Os atentados prejudicaram o transporte público na capital e no interior. Com a destruição de 22 ônibus e o ataque a tiros a vários outros, o prejuízo foi de R$ 500 mil, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo. Ainda assim, as empresas não retiraram os ônibus de circulação. Na parte da manhã, algumas linhas deixaram de operar, mas, a partir das 12h, os veículos voltaram normalmente às ruas, sob a supervisão da polícia.


Suspensão de indulto

Embora o motivo dos ataques ainda não tenha sido descoberto, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), atribuiu as ações do PCC à ameaça, feita pelo Ministério Público Estadual (MPE), de não se conceder indulto aos presidiários por ocasião do Dia dos Pais, comemorado no próximo domingo. Investigações de promotores ligados ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaerco) apontaram que, a exemplo do que aconteceu no feriado do Dia das Mães, quando a facção deflagrou 300 ataques ao estado, os detentos ligados ao PCC estariam planejando agir no fim de semana.

Lembo minimizou as ações criminosas deflagradas ontem, classificando-as de “situações muito simbólicas, mas sem efetividade”. Logo depois de participar de uma solenidade na qual entregou 433 carros à polícia, o governador afirmou que não há previsão de um esquema especial de policiamento no próximo domingo.

O comandante geral da Polícia Militar do estado de São Paulo, coronel Eliseu Ecler, disse ontem que os ataques podem voltar a acontecer até as eleições de outubro. Segundo Ecler, é possível fazer essa previsão por causa das escutas telefônicas de diálogos dos bandidos, recebidas pelas polícias Civil e Federal. Das 12 pessoas presas após os ataques criminosos desde a madrugada na capital, seis já tinham passagem pela polícia. Dois suspeitos de participar das ações criminosas foram mortos.

Três meses de medo

Os primeiros atentados do Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado de São Paulo aconteceram entre 12 e 19 de maio. Na ocasião, ocorreram 299 ataques a ônibus, prédios, delegacias, postos de gasolina e agências bancárias, além de motins em 82 unidades prisionais paulistas. Oitenta integrantes da facção foram mortos, além de 31 inocentes, que teriam resistido à ordem de prisão. Entre 11 e 14 de julho, o PCC voltou a atacar. Foram quase 100 ônibus incendiados e um saldo de oito mortes.

11 de maio
Informada por escutas telefônicas da possibilidade de megarrebelião, a cúpula de segurança opta por transferir 765 coordenadores do PCC para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. A informação ficou restrita ao comando da polícia.

12 de maio
Às 16h30, começa em Avaré o primeiro motim. A ordem de lançar os ataques foi dada por celular pelos líderes, ainda pela manhã, com duas linhas de atuação: megarrebelião e atentados contra a polícia. À noite, 15 carros atacam o 55º DP, no Parque São Rafael.

13 de maio
Configura-se a maior ofensiva do crime organizado já registrada no país. Ao todo, 24.472 detentos de 24 unidades prisionais rebelaram-se e fizeram 129 reféns. Em 69 atentados, 27 policiais e 1 civil são mortos. O secretário Saulo Abreu diz que a reação era “previsível” e libera o uso “de armas pesadas”. Somente nesse instante todos os policiais são alertados sobre o ataque
do PCC.

14 de maio
Em 73 horas, chegam a 73 o número de presídios rebelados, no maior motim simultâneo da história brasileira. O comando do crime organizado decide alterar a estratégia e resolve desestabilizar a ordem pública. No início da noite, mais de 40 ônibus são queimados.

Em seguida, começam a ser relatados ataques a agências bancárias. Até uma estação de metrô vira alvo. A polícia reage fortemente: 23 suspeitos são mortos.

15 de maio
O PCC determina o fim das rebeliões e a suspensão dos atentados. A ordem é dada após uma conversa entre Marcola e três representantes do governo. Medo e boatos praticamente param São Paulo – deixam de funcionar transporte público, escolas e comércio. Pela primeira vez, há mais agressores mortos nos ataques do que policiais.
A OAB ameaça cassar advogados ligados ao crime. A guerra do PCC, em sua primeira fase, terminou com 107 suspeitos mortos.

26 de junho
Em São Bernardo do Campo e Diadema, 13 supostos integrantes do PCC são mortos. No início de julho, a cúpula da facção opta por ampliar os ataques a agentes penitenciários. Seis agentes prisionais, dois carcereiros, um civil (filho e irmão de agente) são mortos.

11 a 14 de julho
O PCC começa a atacar prédios públicos e particulares, agências bancárias, lojas e ônibus. Agentes de segurança também são alvo. Oito pessoas morrem, sendo um policial militar e sua irmã, na zona norte de São Paulo; três vigilantes particulares, no Guarujá; e um guarda municipal, em Cabreúva. Em Campinas, morrem um agente prisional e o filho de um investigador.
No total, são 106 ataques e 121 alvos.

7 de agosto
Menos de um mês depois da segunda onda de ataques, o PCC volta a incendiar ônibus, prédios, postos de gasolina e a atacar policiais. Quatro civis são feridos e dois suspeitos morrem.

Saldo dos atentados

40
locais atacados

32
agências ou postos bancários

12
postos de gasolina

26
locais atacados a tiros

11
locais atacados com explosivos

22
ônibus incendiados


segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Pedágio selvagem


Há 233 quilômetros separando São Paulo de São Carlos, no interior do Estado. Guiando-se pelas rodovias Bandeirantes e Washington Luiz, é distância para pouco mais de duas horas de carro. As estradas são boas – e caras, absurdamente caras. Para ir e voltar, passa-se por dez pedágios. Ao todo, eles somam R$ 51,60, equivalente a R$ 0,11 por quilômetro. A quantia é absurda, quando se tem em conta que na Dutra paga-se R$ 0,07 por quilômetro, em uma estrada muito bem mantida. A diferença entre o preço de uma e de outra se deve ao estilo de concessão. Em São Paulo, a estrada foi entregue a quem se dispusesse a pagar um percentual mais alto de seu faturamento ao poder concedente. Há contratos no qual as empresas repassam ao Departamento Estadual de Estradas de Rodagem até 30% do seu faturamento. Quem paga por isso, claro, é o motorista. Nas estradas federais é diferente. A concessão foi feita sem ônus de concessão. Levou quem ofereceu o preço de pedágio menor. Ganhou o motorista.

Esse assunto é importante? É. Por toda parte que se vai há buracos rodoviários – cada vez maiores, cada vez mais próximos uns dos outros, cada vez mais antigos. É ridiculamente comum ver placas avisando que os quilômetros à frente estão esburacados. Nos mapas rodoviários, estradas intransitáveis por falta de manutenção estão assinaladas há anos. Trata-se de um desastre econômico e humano. A esta altura ninguém tem dúvida de que os brasileiros merecem boas estradas. A questão é como.

Cresce por aí a interpretação segundo a qual as pessoas estariam dispostas a pagar qualquer pedágio para ter boas rodovias, mas isso é provavelmente falso. As pessoas querem boas estradas e gostariam que elas fossem gratuitas. Afinal, já se pagam muita taxa e muito imposto no Brasil. E há um problema de natureza filosófica: o pedágio, qualquer que seja seu preço, estabelece uma restrição severa à liberdade de ir e vir. Sem dinheiro no bolso, os paulistanos já não vão à praia. Tampouco circulam pelo interior. Quem tem dinheiro sobrando não pensa nisso, mas trata-se de um problema real, que afeta milhões de pessoas. Os jovens, os pobres e os aposentados têm de arrumar dinheiro para comprar o carro, pagar todas as taxas ligadas a ele, comprar a gasolina cada vez mais cara e, claro, pagar o pedágio, que pode ser extorsivo. Haja recursos. Haja discriminação.
As companhias se defendem lembrando que nos países da Europa, assim como nos Estados Unidos e no Japão, os pedágios são mais caros do que aqui. E são. Mas a renda nesses países é muito maior. E o estilo de concessão é diferente: as empresas constroem estradas novas e cobram alto para que se trafegue por elas. É uma reposição de investimento que as vezes demora anos. Aqui, as empresas concessionárias (em geral empreiteiras) receberam estradas prontas, que têm de ser mantidas ou parcialmente ampliadas. Mesmo que o pedágio seja mais barato, a margem ainda é excelente. Sobretudo porque, dispondo de empreiteiras dentro do grupo, esses empresários fazem obras a preço de custo e o dinheiro circula dentro de casa. É um boníssimo negócio.

Essas questões voltam à baila no momento em que o governo federal se prepara para leiloar a concessão de outros três mil quilômetros de estradas. Somados aos 11 mil quilômetros já pedagiados, o Brasil vai ter mais de 7% de sua malha viária sujeita a pagamento. É muito, quando se lembra que nos EUA há sete mil quilômetros de rodovias pagas, enquanto na França o total é de 6,5 mil quilômetros. E não se trata apenas de um problema quantitativo. A qualidade das concessões também tem de ser discutida. Desta vez o governo federal decidiu cobrar ônus de concessão, exigindo um percentual de faturamento das concessionárias. É a receita paulista para subir o preço do pedágio. Claro, se diz que vencerá a empresa que oferecer o maior ônus com o menor pedágio. Mas é duro acreditar que, nessa disputa, o cidadão seja servido. Entre um Estado faminto por arrecadação e empresas preocupadas em aumentar suas margens, é provável que os brasileiros percam. Washington Luiz disse em 1920 que governar era abrir estradas. Agora, 80 anos depois, decidiu-se que governar é cobrar por elas – fechando os caminhos do Brasil ao progresso e aos mais pobres.


domingo, 6 de agosto de 2006

Heloisa Helena e Alckmin juntos para recriar a sudene


Que lindo, Alckmin e Heloisa Helena rezando pela mesma cartilha da corrupção de FHC.

Na primeira visita a Maceió (AL) como candidata oficial pelo PSOL à Presidência, a senadora Heloísa Helena defendeu ontem a reativação da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), órgão federal que foi desativado pelo governo FHC em razão de casos de corrupção. Alckmin diz a mesma coisa " Se eu for eleito, vou recriar a sudene" Nossa! nunca imaginei que um antro de corrupção dos tucanos fosse tema de eleição até para aquela doida da Heloisa Helena que disse um dia detestar o PSDB. Coisas da ética

Entidade de São Paulo afirma ter sido "usada" por deputado


A Instituição Filantrópica Parábola, entidade que atende cerca de 130 crianças e adolescentes carentes em São Paulo, afirma que foi "usada" pelo deputado Neuton Lima (PTB-SP) para repassar R$ 1,6 milhão, em 2005, a uma empresa de fachada da Planam, a Suprema Rio Comércio de Equipamentos de Segurança e Representações.

A verba, depositada pelo Ministério da Saúde em contas da Parábola, deveria ser usada para a compra de 27 ambulâncias por meio de emenda proposta em 2004 pelo deputado. As ambulâncias não foram entregues até hoje. A entidade, que alega que não sabia do esquema à época, fica na Vila Ester, em São Paulo, numa casa simples, com garagem para um carro.

Neuton Lima é um dos parlamentares citados em depoimento por Luiz Antonio Vedoin, sócio da Planam. A verba foi depositada em quatro parcelas, entre junho e outubro de 2005, em duas contas da entidade abertas para o convênio, em uma agência do Banco do Brasil em Taboão da Serra (SP). A abertura da conta é exigência do Ministério da Saúde.

A seguir, a verba foi repassada para a conta da Suprema Rio Comércio, cujo proprietário é Ricardo Waldmann Brasil, que foi preso pela Polícia Federal sob a acusação de manter a empresa a serviço da Planam.

A presidente da Parábola, Marisa Mello, disse que foi uma assessora do deputado quem a procurou, em 2004, pedindo que ela firmasse o convênio. Segundo Mello, a assessora disse que os veículos iriam para outras instituições que, por não terem registro de filantrópica, não podiam receber verba do Orçamento em convênios com o Ministério da Saúde.

A chefe-de-gabinete do deputado Neuton Lima, Izildinha Linares, disse à Folha que foi a entidade quem procurou o deputado pedindo ambulâncias. "O dinheiro [R$ 1,6 mi] a gente sabe que chegou na conta. Acham que este recurso passa pelo deputado, e não passa. Vai direto para a conta da entidade", disse Linares: "Se ela não tivesse aceitado [o convênio], por que ela não devolveu o dinheiro do ministério?"

O preço estipulado nas emendas para cada ambulância era R$ 50 mil. Um documento do Ministério da Saúde foi assinado pela chefe-de-gabinete do deputado como "dirigente ou representante legal" da Parábola. Linares disse que a dona da Parábola assinou procuração para que o gabinete cuidasse do trâmite do convênio.

O advogado da Parábola, Marcos Vinícius Oliveira, admitiu que Mello assinou a procuração porque "confiou" no deputado: "Se ela [Mello] tivesse me consultado antes, eu jamais deixaria ela assinar uma procuração. Ela achou que estava tudo bem, até porque a Izildinha já havia ajudado a Parábola antes. Veio um rapaz que é funcionário da Planam. Foi ele quem preparou toda a documentação para entrar com o pedido. O material já chegou pronto", disse.

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Líderes tucanos de Sergipe apóiam Lula


A prefeita de Itabaiana (3º maior colégio eleitoral) e presidente do PSDB de Sergipe, Maria Mendonça, e o deputado federal Bosco Costa se desfiliaram do partido tucano, renunciaram aos seus cargos e declararam apoio às candidaturas de Lula presidente, Marcelo Deda governador e José Eduardo Dutra senador na quinta-feira da semana passada. Bosco Costa era o presidente do PSDB no Estado e foi substituído por Maria Mendonça, que tomou o mesmo caminho.

“O PSDB de Sergipe está rachado e a candidatura dele (Alckmin) será atingida por isso. Vários prefeitos tucanos também já decidiram apoiar Lula”, afirmou Bosco Costa.



A prefeita de Itabaiana (3º maior colégio eleitoral) e presidente do PSDB de Sergipe, Maria Mendonça, e o deputado federal Bosco Costa se desfiliaram do partido tucano, renunciaram aos seus cargos e declararam apoio às candidaturas de Lula presidente, Marcelo Deda governador e José Eduardo Dutra senador na quinta-feira da semana passada. Bosco Costa era o presidente do PSDB no Estado e foi substituído por Maria Mendonça, que tomou o mesmo caminho.

“O PSDB de Sergipe está rachado e a candidatura dele (Alckmin) será atingida por isso. Vários prefeitos tucanos também já decidiram apoiar Lula”, afirmou Bosco Costa.

“Sem perder nunca a ternura, temos que responder à altura”


Lula: “oposição é desaforada e não tem moral para nos atacar”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou no último domingo, em Florianópolis, que “a oposição é desaforada e não tem moral para nos atacar”. “Não vamos levar desaforo para casa”, prosseguiu. “Não permitiremos que alguns que nunca foram éticos na política brasileira tentem jogar para cima do PT uma coisa que prezamos”, defendeu. “Neste debate, sem perder nunca a ternura, temos que responder à altura”, acrescentou Lula.

PUNIÇÃO

No ato, realizado no Centro de Convenções de Florianópolis, e que reuniu mais de três mil pessoas, Lula seguiu desmantelando a demagogia da oposição tucano-pefelista: “Eles não podem querer se comparar com o nosso governo na questão ética nem em nenhuma outra área”.

Ele ressaltou que nunca tolerou nenhum tipo de impunidade e que se manterá fiel a esse compromisso. “Nunca punimos inocentes. Mas nunca inocentamos culpados”, enfatizou. “As falhas e os erros cometidos em governos anteriores são bem maiores. Quem errou tem que ser punido”, prosseguiu Lula, acrescentando que “a oposição ofende o tempo todo, mas não é capaz de mostrar o que fez melhor que nós”.

Criticando o que chamou de campanha difamatória contra o governo, o presidente afirmou que o escândalo dos sanguessugas é um exemplo de como algumas informações têm sido distorcidas. “Na verdade, fomos nós que, através da Controladoria Geral da União, iniciamos as investigações. A própria CPI dos Sanguessugas está fazendo o seu trabalho a partir de um relatório produzido pelo governo federal. Quer dizer, estamos investigando todo o caso e fornecendo os elementos para que os culpados sejam punidos”.

O presidente lembrou também que, no mesmo caso dos sanguessugas, as investigações apontam para o envolvimento de “mais de cem prefeitos do PSDB e do PFL” e reafirmou que não admitirá nenhum tipo de impunidade. “Prova disso”, recordou o presidente, “são as operações que a Polícia Federal tem realizado em todo o país. A Polícia Federal tem desmantelado quadrilhas que operavam desde a década de 90 e nunca haviam sido incomodadas por governos anteriores”, denunciou.

No ato, o presidente recebeu o apoio das lideranças da juventude de Santa Catarina. O “Comitê Suprapartidário Lula Presidente”, composto pela Juventude do PT (JPT), Juventude Revolucionária 8 de Outubro (JR8) e União da Juventude Socialista (UJS), redigiu um manifesto de apoio à reeleição, assinado por 39 dirigentes de entidades estudantis do Estado. O documento foi entregue por Eduardo Foschiera, da JPT, Diego Selau, da UJS e por Armando da Cruz, da JR8. O texto afirma que “apostar na juventude é investir no Brasil”. “Estamos diante da oportunidade e de um momento de continuar aprofundando as mudanças no Brasil. O sonho das mudanças da maioria do povo brasileiro concretizou-se na eleição de Lula e estas eleições vão definir se o novo ciclo de desenvolvimento irá continuar mudando esse país”, enfatiza o documento.

No sábado à noite, em comício realizado em Porto Alegre, Lula disse que debate com a oposição sobre qualquer assunto. “Quero debater qualquer tema. Educação, saúde, geração de empregos, economia. Aí vamos ver se tem comparação entre o que este governo realizou e o que eles realizaram”, afirmou Lula, arrancando aplausos do público que lotou o ginásio Gigantinho.

Em outro comício, na cidade de São Leopoldo, na tarde do sábado, Lula afirmou também que a principal característica de um segundo mandato será o “desenvolvimento com geração de emprego e distribuição de renda”. Ele lembrou que o seu governo já avançou muito nessa direção, mas poderá avançar ainda mais nos próximos quatro anos em função da estabilidade econômica, dos projetos de infra-estrutura em andamento e do processo de distribuição de renda e de geração de empregos que está promovendo a maior inclusão social do país em décadas”.

Para Lula, as mudanças em curso no Brasil se explicam em função do governo “ter compromisso com todos, principalmente com aqueles que mais precisam. E governar bem é saber escolher prioridades e ter compromisso com o povo”, destacou. “Fora o momento em que Getúlio Vargas criou a CLT, garantindo os direitos dos trabalhadores, nunca um governo esteve tão próximo do povo”, disse Lula.

O presidente enumerou os investimentos e as ações que a sua administração tem realizado para oferecer uma educação pública de qualidade em todos os níveis de ensino e completou: “Estamos preparando o Brasil para sair da lista de países emergentes e entrar na lista dos países efetivamente desenvolvidos. E esse salto se dará principalmente através da educação e do desenvolvimento econômico com inclusão social”.

CRÍTICAS

Depois de citar os grandes projetos de infra-estrutura em andamento em várias regiões do país e as pesquisas com biodiesel e o H-BIO, entre outras que estão fazendo o “Brasil se tornar uma grande potência energética”, Lula dirigiu novas críticas à oposição: “Eles estão incomodados com o que fizemos até agora para o Brasil avançar. E vão ficar ainda mais quando perceberem a dimensão do que faremos nos próximos quatro anos”.

Ex-ministro quer Serra investigado pelas fraudes dos sanguessugas


O ex-ministro da Saúde, deputado Saraiva Felipe (PMDB/MG), defendeu que os ex-ministros José Serra e Barjas Negri, que ocuparam o cargo na gestão de Fernando Henrique, quando o esquema dos sanguessugas começou a operar, sejam investigados. Ele lembrou que a Controladoria-Geral da União detectou que as irregularidades ocorrem desde 2001.

Saraiva Felipe afirmou que foi informado da situação somente em janeiro deste ano, três meses antes de deixar o cargo, mas determinou que a apuração fosse agilizada. “Dei toda cobertura para as investigações”, destacou.

O ex-ministro relatou que logo que assumiu o posto de ministro, em julho de 2005, solicitou ao então ministro-chefe da Controladoria que indicasse um funcionário para acompanhar as transferências de recursos para estados e municípios. O indicado foi o técnico Franz Varga que, em janeiro deste ano, o procurou para informar sobre o esquema de compra superfaturada de ambulâncias. “O Franz Varga me disse que, desde 2001, existia a investigação sobre o esquema, que envolvia funcionários do ministério e emendas de parlamentares, passando também por prefeituras”, contou.

“Eu estranhei a citação do meu nome, pois fui eu que havia facilitado a investigação no Ministério. O que espero, agora, é que a CPI não seja usada para fins políticos, mas sim para, objetivamente, averiguar os fatos”, declarou. Saraiva Felipe anunciou que pretende se antecipar a qualquer convocação da CPI dos Sanguessugas, para prestar esclarecimentos e colaborar com os trabalhos. “Não é uma defesa, porque não tem acusação. É uma manifestação em virtude de uma citação secundária de meu nome”, acrescentou.

Sanguessugas: serristas manipulam dados


Após a Controladoria Geral da União (CGU) divulgar os balanços das investigações implementadas pelo governo federal, que desbarataram a quadrilha dos sanguessugas instalada no Ministério da Saúde durante a gestão de José Serra, os tucanos se utilizaram de uma matéria publicada na “Folha de S. Paulo”, assinada por Hudson Corrêa, para tentar manipular informações e tirar o seu candidato ao governo de São Paulo do centro das apurações.

A CGU apresentou números detalhados apontando que, entre os anos de 2000 e 2004, a Planam recebeu R$ 78,9 milhões do Ministério da Saúde pela venda dos veículos. Deste total, R$ 56,5 milhões (71,52%) foram liberados entre 2000 e 2002, ou seja, na gestão de Serra.

Até o momento, a CGU identificou 591 prefeituras que adquiriram as ambulâncias por meio da Planam. Embora nem todas possam estar envolvidas, o número de municípios administrados pelo PSDB e PFL é imensamente superior a outros partidos. Quase 40% das prefeituras envolvidas são do PSDB (128) e do PFL (107).

Entretanto, na sexta-feira passada, dois dias depois da divulgação dos dados pela CGU, a “Folha de S. Paulo” afirmou que a “Planam cresceu mais durante gestão de Lula”. Atribuindo dados à Polícia Federal, o texto afirma que a empresa Planam teve maior movimentação financeira nos anos de 2004 e 2005. Segundo a “Folha”, a Planam movimentou apenas R$ 229 mil em 2000; R$ 196,5 mil em 2001; R$ 3,4 milhões em 2002; R$ 3,1 milhões em 2003; R$ 21,2 milhões em 2004 e R$ 14,4 milhões em 2005.

A CGU informou que o grupo Planam recebeu os seguintes valores do Ministério da Saúde: R$ 9,6 milhões em 2000; R$ 19,8 milhões em 2001; R$ 27 milhões em 2002; R$ 13,4 milhões em 2003 e R$ 9 milhões em 2004. A CGU não divulgou os dados de 2005.

O detalhe nisso tudo é que o texto escondeu intencionalmente que antes de 2003 os donos da Planam utilizavam outras empresas de sua propriedade para superfaturar a venda das ambulâncias. Somente após o governo Lula iniciar as investigações que desmontaram a quadrilha foi que o grupo utilizou principalmente a Planam. Ou seja, ao divulgar os números somente da empresa Planam e não do grupo Planam, o texto inverte o que realmente ocorreu: que os sanguessugas se locupletaram na gestão de Serra e foram desmontados no governo Lula.

O texto também dissimula sobre o fato de citar a movimentação financeira e não o que recebeu concretamente do governo.

Já no sábado, ao publicar o desmentido do ministro da CGU, Jorge Hage, num espaço minúsculo, o jornal ainda mantém o embrulho e não admite a sua manipulação. O texto apenas afirma que o ministro “ressaltou que é preciso olhar a receita do conjunto de empresas da família Vedoin. Em 2002 e 2003, a Klass e a Santa Maria (usadas para burlar licitações) tiveram com a Planam forte movimentação financeira”. “Não dá para comparar laranjas com bananas”, afirma o ministro em sua única frase publicada.

KAPAZ

Um dos arrecadadores da campanha de Alckmin, o ex-deputado Emerson Kapaz, foi flagrado entre os receptores de propina do esquema sanguessuga. Em depoimento à Justiça Federal, Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam, revelou que Kapaz indicou cinco contas para receber o dinheiro por ter emendas para a compra de ambulâncias. Uma das contas foi a da sua então esposa, Laura Hosiasson, que confirmou ter recebido o depósito. O tesoureiro tucano é acusado de ter recebido R$ 52 mil em propina.

Quércia: “Vou transformar a Nossa Caixa num Banespa”


“O Banespa foi um instrumento para fazer São Paulo crescer. Vou fazer da Nossa Caixa, que muita gente pensa em privatizar, coisa que eu não deixaria jamais, um novo Banespa”, afirmou o candidato do PMDB ao governo paulista

Ao ser questionado na última segunda-feira se foi um erro a privatização do Banespa, o ex-governador e candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, Orestes Quércia, afirmou que “não foi um erro, foi um crime”. “O governo do PSDB acabou fazendo uma guerra contra o Banespa e entregou o banco. Foi um crime contra São Paulo, contra a agricultura, contra a pequena e média empresa”, ressaltou.

Quércia relembrou o assunto da privatização do banco em duas oportunidades. A primeira foi durante a sua intervenção na palestra proferida na sede da Força Sindical, que promoveu um debate com os principais candidatos ao governo do Estado, na tarde de segunda-feira. Quando dissertava sobre o desenvolvimento do Estado e a necessidade de implementar uma política de geração de empregos, Quércia disse que “vocês possivelmente se lembram que nós tínhamos em São Paulo o Banespa, o banco do Estado, que sempre foi fundamental para puxar a economia. O Banespa sempre foi um instrumento para fazer São Paulo crescer, se desenvolver. Um dos aspectos pelo qual o Estado tem sofrido é por não ter um instrumento destes para ajudá-lo”.

Neste momento, Quércia afirmou que, caso eleito, irá transformar o banco estatal Nossa Caixa num novo Banespa, reestruturando-o para financiar a agricultura, a indústria e novos empreendimentos que gerem empregos. “Eu vou restabelecer o Banespa em São Paulo. Vou fazer da Nossa Caixa um novo instrumento para o desenvolvimento do Estado. Vou fazer da Nossa Caixa, que muita gente pensa em privatizar, coisa que eu não deixaria jamais, um instrumento para financiar pequenas e médias empresas, trazer empresas para São Paulo”, afirmou o peemedebista.

CRIME

Posteriormente, em entrevista coletiva, o ex-governador foi ainda mais enfático e detalhou os crimes cometidos pelos tucanos durante todo o processo de doação do banco, que iniciou com uma intervenção do governo federal e terminou com a sua entrega para o espanhol Santander. “Fizeram uma intervenção criminosa e esse crime foi comprovado com uma matéria histórica na (revista) Carta Capital. Mesmo assim, pela influência do governo do PSDB na época, tudo ficou por isso mesmo. Eles fizeram uma avaliação do Banespa por pouco mais de R$ 1 bilhão e ele foi vendido para o Santander por R$ 7 bilhões. Em três anos, o Santander ganhou 10 bilhões de lucro. Ou seja, em três anos pagou o banco, mostrando a vergonha que significou tirar o Banespa de São Paulo”, disse Quércia.

As referências do ex-governador em relação ao processo de privatização do banco trazem à tona uma história nebulosa e recheada de fraudes que mostram claramente como a ação orquestrada dos tucanos com setores da mídia, para dissimular os seus crimes, podem, por algum tempo, deturpar a verdade e incriminar pessoas inocentes.

PRIVATIZAÇÃO

Ao assumir o governo de São Paulo e o governo federal, em 1995, os tucanos – inimigos históricos do ex-governador, iniciaram uma campanha insinuando que Quércia havia quebrado o Banespa. O objetivo era desgastar politicamente o peemedebista e ao mesmo tempo criar condições para privatizar o banco, afirmando que seria lucrativo para o Estado até mesmo pagar para alguém assumir o Banespa.

Em outubro de 2001, o HP publicou uma matéria contando detalhadamente toda a história do crime cometido pelos tucanos. O banco sofreu uma intervenção federal no final de dezembro de 1994 já com a intenção de prepará-lo para a privatização. Já no governo Fernando Henrique um grupo de açambarcadores, escolhido a dedo, iniciou uma auditoria para tentar encontrar uma vírgula fora do lugar para justificar a entrega do banco e para tentar culpar Quércia. Nada foi encontrado.

FRAUDE TUCANA

Foi então em agosto de 1995 que os interventores Gustavo Loyola, então presidente do Banco Central, os diretores Alkimar Moura e Cláudio Mauch, o presidente da comissão, Antônio Carlos Verzola, o sub-procurador Manoel Lucívio de Loiola, o ex-relator da comissão de inquérito aberta pelo BC, Carlos José Braz de Lemos, além de outros subprocuradores, tramaram a falsificação do balanço contábil do Banespa.

Nessa reunião, Carlos José Braz de Lemos apresentou um relatório dizendo que o patrimônio líquido do Banespa, ao contrário do que diziam os tucanos, era positivo em R$ 1,7 bilhão. Mas Alkimar Moura ordenou que o relatório fosse totalmente deturpado. Ele disse que tinha que “arrumar alguma maneira de tornar o patrimônio líquido negativo” para poder “ incriminar ex-governadores”. “Só há uma maneira de responsabilizá-los”, adendou um membro da comissão do BC: “basta contabilizar toda a dívida do Estado para com o Banespa na conta créditos em liquidação”. Então, por ordem de Alkimar Moura e Gustavo Loyola, foi tomada a decisão de modificar o relatório e “avermelhar” as contas do Banespa.

A contabilização da dívida do Estado com o Banespa na conta de “créditos em liquidação” era um procedimento totalmente ilegal e fraudulento. O Banespa não só apresentava, em 1994, um patrimônio liquido positivo como dava lucro e estava totalmente em dia com os seus pagamentos. E o Estado também pagava em dia suas dívidas com o Banespa.

A fraude já havia sido desmascarada quando a publicação do balanço fraudado por Alkimar Moura foi barrada na Justiça por uma ação impetrada pelo ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP). O governador provou na Justiça que os números haviam sido adulterados com o objetivo de se criar uma falsa situação de falência do Banespa. O Poder Judiciário impediu, por quase um ano, a publicação do balanço.

GOLPE

Além deste crime, posteriormente o governo Fernando Henrique/Serra, com a ajuda de Alckmin e caterva, consumaram o golpe entregando o banco para o Santander. Com um patrimônio líquido avaliado em mais de R$ 11 bilhões e ativos de mais de R$ 28 bilhões, o Banco de São Paulo e um dos maiores do Brasil, responsável pelo financiamento de quase toda a produção agrícola do Estado, foi oferecido por R$ 1,85 bilhão. Ainda houve mais presentes como a isenção fiscal no valor de R$ 5,15 bilhões, além de R$ 700 milhões em lucros de janeiro a setembro de 2000 - ano em que o banco foi doado ao Santander por R$ 7 bi.

CPI

Esse crime foi totalmente desvendado pela CPI do Banespa instalado na Câmara dos Deputados. Após dez meses de trabalho, dezenas de depoimentos e mais de 50 mil páginas de documentos a CPI comprovou toda a sórdida armação dos tucanos contra o banco paulista. Obviamente, a divulgação deste fato não ganhou o mesmo espaço dado na mídia para denegrir a imagem do ex-governador. Como o próprio Quércia afirmou na época, “agora que o relatório me inocenta não tem repercussão na imprensa (risos). A calúnia e a difamação são como soltar de cima de uma torre um saco de paina. Eles soltaram: ‘Quércia quebrou o banco’, aquilo espalha e se vai. A frase permanece. É a força do governo na imprensa. Eles são uns criminosos, arrogantes. Usaram a máquina do Estado para me perseguir politicamente e destruir um instrumento fundamental para São Paulo, o Banco do Estado”.
 

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