O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) foi eleito na quarta-feira à noite presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, derrotando a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) por 13 a 10.
A eleição dividiu a base aliada no Senado. Collor recebeu o apoio do PMDB depois que seu partido aderiu em fevereiro à candidatura de José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado Federal.
Tradicionalmente, os cargos no Legislativo são divididos entre os partidos de acordo com o tamanho das bancadas. Por essa lógica, o PT teria direito a indicar o presidente do colegiado.
A comissão é considerada estratégica pelo governo, pois por ela passarão todos os projetos relacionados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e à exploração do petróleo localizado na camada pré-sal.
"O senador Collor deve a sua eleição a uma aliança espúria que contraria o princípio da democracia que é a proporcionalidade", criticou a jornalistas ontem o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP).
Collor rebateu: "Eu peço ao senador Mercadante que meça suas palavras. É claro que eu sou um aliado do presidente Lula. O PAC é muito importante e eu pretendo conversar com empresários, a ministra Dilma (Rousseff, da Casa Civil e responsável pela gestão do programa) e integrantes de todos os setores".
Ex-presidente da República (1990-1992), Collor deixou o cargo devido a um escândalo de corrupção e teve seus direitos políticos cassados por oito anos. Perguntado por jornalistas se a eleição para comandar uma das mais importantes comissões do Senado representa uma volta por cima em sua carreira política, o senador desconversou. "Não. É a volta com os pés no chão", respondeu.
Comissões permanentes
As demais dez comissões permanentes do Senado elegeram ontem, por consenso, os seus presidentes, colocando fim a um impasse que já durava um mês (ver quadro nesta página). O que prevaleceu na escolha foi o critério de proporcionalidade das bancadas - os partidos com mais senadores tiveram preferência para escolher as suas comissões.
Na Câmara
A Câmara dos Deputados também escolheu ontem os presidentes e vice das 20 comissões permanentes da Casa. Para ocupar o cargo de presidente da principal comissão, a de Constituição e Justiça, responsável por analisar a legalidade de todos os projetos, foi escolhido o deputado Tadeu Filippelli (PMDB-DF).
O deputado Cláudio Vignatti (PT-SC) foi escolhido para presidir a comissão de Finanças e Tributação. A também petista Maria do Rosário (RS) vai comandar a Comissão de Educação. Outra comissão importante, a de Agricultura será presidida pelo democrata Fábio Souto (BA). A de Ciência e Tecnologia terá à frente o tucano Eduardo Gomes (TO). A de Seguridade Social será comandada por Elcione Barbalho (PMDB-PA). Na Comissão de Minas e Energia, assume Bernardo Aristom (PMDB-RJ).