O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, considerou nesta quarta-feira que as "gestões" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tiveram influência na decisão do governo iraniano de suspender temporariamente a pena de morte por apedrejamento da viúva Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43 anos, acusada de assassinato e adultério. Lula ofereceu o Brasil como destino para a mulher morar, mas a oferta foi recusada pelo governo iraniano.
"Não podemos atribuir só a nós, mas certamente as gestões do presidente Lula terão tido um peso, como creio que já tiveram até agora, inclusive até no que já aconteceu até hoje. Mas vamos respeitar a soberania dos países e, ao mesmo tempo, esperar que um assunto como esse, que tocou na sensibilidade do mundo inteiro, possa ter uma boa conclusão", disse.
"É positivo que tenha sido suspenso. Evidentemente, isso é apenas um passo, e sempre tratamos isso com muito cuidado porque a maneira de defender a melhora das pessoas não é com estridência, nem com condenações fáticas, é com diálogo, que é o que fazemos", afirmou Amorim, após almoço com o chanceler de Lesoto, Mohlabi Kenneth Tsekoa.
Amorim disse ainda que espera falar com o ministro de Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, nas próximas horas ou nos próximos dias para ter mais informações sobre a nova situação da mulher.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irã, Ramin Mehmanparast, disse hoje que a sentença foi temporariamente suspensa para efeitos de revisão. A hipótese de pena de morte não está afastada e o apedrejamento pode ser substituído por enforcamento.
A viúva foi condenada no Irã sob acusação de ter participação na morte do marido e de ter mantido relações sexuais com dois homens. A acusação é rebatida por Sakineh e sua família. A condenação da iraniana foi alvo de reações e críticas no mundo inteiro.