Sob pressão da maior parte das bancadas estadual e federal do partido no Rio Grande do Sul e com a bênção dos correligionários e aliados que venceram a eleição em Santa Catarina, os candidatos derrotados do PMDB gaúcho ao governo do Estado e ao Senado, José Fogaça e Germano Rigotto, respectivamente, abriram ontem o voto para o candidato do PSDB à Presidência, José Serra. As bancadas nos reivindicaram essa manifestação, disse Fogaça.
A comitiva catarinense que participou do anúncio a convite de Rigotto incluiu os senadores eleitos Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e Paulo Bauer (PSDB), o governador eleito Raimundo Colombo (DEM) e o vice Eduardo Moreira (PMDB), além de Casildo Maldaner (PMDB), ex-suplente que assumirá a vaga de Colombo no Senado. Os partidos concorreram coligados em Santa Catarina. No discurso, Silveira disse que eles vieram prestar solidariedade e aplaudir a decisão dos colegas gaúchos. Depois afirmou que, se for preciso, visitará outras vezes o Rio Grande do Sul para reforçar a campanha local pró-Serra.
No primeiro turno, Fogaça e Rigotto haviam abraçado a posição oficial de neutralidade adotada pelo partido, que temia um racha entre a ala serrista e os apoiadores da candidata do PT, Dilma Rousseff, representados principalmente por prefeitos da sigla e pelo deputado federal Mendes Ribeiro Filho. O PMDB também concorreu ao governo estadual coligado com o PDT, que apoia Dilma e pressionou contra a adesão a Serra.
Agora Fogaça decidiu migrar para o lado serrista devido à trajetória política muito mais próxima do projeto que Serra representa. Sem dar detalhes, ele disse que no dia 3 votou pela neutralidade defendida oficialmente pelo partido, enquanto Rigotto, que aderiu ao tucano em nome da alternância no poder e da posição da maioria do PMDB no Estado, revelou ter votado na candidata do PV, Marina Silva, no primeiro turno.
Mas nenhum dos dois pretende assumir qualquer papel na linha de frente da campanha de Serra no Rio Grande do Sul. Eles admitem participar de atividades como reuniões e até comícios, mas segundo Fogaça, a tarefa de sair em busca de votos para o tucano deve ser cumprida pelos aliados que têm mandato ou se elegeram no dia 3. Quem teve o resultado que nós tivemos tem que se colocar no seu devido lugar, comentou.
A eleição para o governo gaúcho foi vencida no primeiro turno pelo candidato do PT, Tarso Genro, com 54,35% dos votos válidos. Fogaça ficou em segundo, com 24,74%, ou 1,554 milhão de votos, que somados aos 1,156 milhão obtidos pela governadora tucana Yeda Crusius superou em apenas 111 mil votos o desempenho de Serra no Estado. E, mesmo assim, ele reconheceu que parte dos votos que recebeu é do PDT (e consequentemente de Dilma, que foi a escolhida de 3 milhões de eleitores no Estado).
Enquanto no Rio Grande do Sul a candidata do PT encerrou o primeiro turno com 407 mil votos de vantagem sobre Serra, em Santa Catarina o tucano ficou 256 mil votos à frente de Dilma, que recebeu 1,402 milhão de votos no Estado. No segundo turno, conforme Silveira, a previsão é elevar a vantagem para 1 milhão de votos. O número equivale à diferença entre a soma das votações de Colombo e da ex-candidata ao governo Ângela Amin (PP) - que abriu o voto para o candidato do PSDB - e o desempenho do próprio Serra (2,672 milhões contra 1,658 milhão de votos, respectivamente).