Petistas e tucanos se acusam mutuamente de usar o ambiente digital da rede mundial de computadores para espalhar boatos contra adversários
Perfis falsos nas redes sociais, rumores replicados em forma de mensagens em blogs anônimos, mentiras em cascata no Twitter.
O segundo turno da eleição presidencial está sendo marcado por uma guerra sem precedentes no vasto mundo da internet. No comando petista é consenso que o partido falhou no primeiro turno ao não captar a tempo o poder das correntes religiosas divulgadas na rede com supostas declarações de Dilma Rousseff sobre o aborto. Entre as medidas de redução de danos, o partido vitaminou sua estratégia nas redes sociais.
As chamadas correntes com "denúncias" contra as candidaturas e "revelações" sobre as vidas pregressas dos candidatos não são novidade. O que impressiona dessa vez é o alto grau de sofisticação, o baixo nível da munição e o alcance dos rastilhos de pólvora usados contra José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Como o ambiente virtual favorece o anonimato, é muito difícil identificar a origem dos disparos, o que deixa sem ação os departamentos jurídicos dos partidos.
A saída encontrada foi instalar centrais de informação e contra-informação para identificar e desmentir boatos em grande escala. Os dois lados se acusam mutuamente de usar suas estruturas de defesa para atacar. "Eu estava tentando fazer um placar das mentiras de um lado e de outro e identifiquei que muitas coisas sobre o Serra começaram em canais do PT. O blog "Amigos do Lula", por exemplo, chama Serra de fujão porque ele foi para o exílio", afirma Soninha Francine, responsável pelas estratégias virtuais da campanha tucana.
Ela também acusa o PT de criar hash tags em cascata com boatos. O hash tag é uma palavra chave usada no Twitter para que o usuário seja identificado com um tema comum.
A soma de muitas hash tags na rede de microblogs faz com que um assunto entre para os tradings topics, o ranking dos assuntos mais comentados do momento.
"A campanha do PT criou um hash tag dizendo que o Serra não tem diploma", diz Soninha.
"Ohash tag 'Serra sem diploma' foi uma brincadeira que pegou.
Não existe nada de ilegal, imoral ou antiético em usar essa ferramenta.
A campanha do PSDB envia diariamente uma enxurrada de emails fraudulentos contra a Dilma", rebate Marcelo Branco, coordenador de internet da campanha de Dilma.
Ele revela que o comando do partido decidiu criar uma "central antiboatos" devido ao efeito devastador dos rumores sobre a posição da candidata em relação ao aborto e religião no primeiro turno. "A nossa conclusão coletiva foi de que a campanha demorou demais para responder aos ataques das correntes virtuais", conta Branco. Para o jornalista Renato Rovai, vice presidente da Altercom (Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação), o PT foi mais prejudicado que o PSDB pelos ataques virtuais.
"Existem 50 pessoas do PSDB trabalhando em um bureau de campanha negativa.
Cheguei a receber um e-mail com foto da Dilma ao lado de uma metralhadora. Outro diz que ela é lésbica. E tem também o famoso caso da ficha falsa da Dilma no Dops, onde se lê "terrorista" e 'assalto a bancos'", reclama. A tal ficha chegou a ser divulgada como verdadeira por alguns jornais. Soninha Francine se exalta ao ouvir as acusações. Ela afirma que existe apenas uma pessoa responsável por monitorar as redes.
"Temos uma rede de blogueiros amigos que colaboram com a campanha da Dilma.
Cada blog tem autonomia.
É a campanha do PSDB que envia e-mails fraudulentos"
Marcelo Branco Coordenador de internet de Dilma
"Navegando pela internet você identifica que muitas coisas contra o Serra começam em canais do PT. O blog 'Amigo do Lula' chamou o Serra de fujão porque ele esteve no exílio" Matéria do jornal | Brasil Econômico