A cúpula do PT requereu à Polícia Federal investigação sobre suposto núcleo de arapongagem do PSDB que teria bisbilhotado o senador eleito Aécio Neves. A base do pedido são informações que a própria PF divulgou sobre investigação que revela a atuação de outro grupo de inteligência, este do próprio PT, que teria sido montado para espreitar políticos tucanos e familiares do presidenciável José Serra.
A ofensiva do PT amplia o fogo cruzado com os tucanos a oito dias das eleições presidenciais. Em petição ao delegado Hugo Uruguai, que conduz o inquérito 839/2010 para apurar a violação de sigilo fiscal de Verônica Serra e de seu marido Alexandre - filha e genro do candidato do PSDB à Presidência -, o diretório nacional do PT solicita inicialmente comunicação à Procuradoria-Geral da República pelo fato de o deputado e delegado da PF Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) ter seu nome citado no episódio.
O PT cobra apuração "na forma da lei, sobre a forma de atuação e os métodos do suposto grupo de inteligência que teria sido coordenado pelo deputado federal Marcelo Itagiba e organizado por membros do PSDB para obtenção de informações e dados sobre o então governador de Minas Gerais, Aécio Neves".
O documento petista à PF é subscrito pelos advogados do partido Pierpaolo Bottini e Danyelle Galvão. Eles usam como argumento central divulgação que o comando da PF realizou, quarta-feira, de dados do inquérito 839 - inclusive trechos do relato do jornalista Amaury Ribeiro Jr., apontado como violador do sigilo dos tucanos.
Amaury declarou à PF, dia 15, que, em 2007, "teve ciência de que um grupo de inteligência clandestino estaria investigando o governador de Minas e que tal grupo seria comandado pelo deputado Marcelo Itagiba, a mando de José Serra". A partir daí, o jornalista "teria iniciado trabalho de sistematização de dados e informações de membros do PSDB, elaborando dossiês".
O PT requereu, ainda, suspensão do sigilo sobre as investigações, "com o resguardo das informações eventualmente protegidas por sigilo legal".
Marcelo Itagiba rechaçou a vinculação de seu nome a qualquer grupo de espionagem. "Na condição de delegado, sempre investiguei crimes em inquéritos policiais. Como deputado, me cabe fazer leis e fiscalizar o Executivo, não preparar dossiês", asseverou. "Essa é uma prática do grupo incrustado dentro da campanha de Dilma Rousseff."
O parlamentar anotou que, em 10 de junho, encaminhou à PF, à Procuradoria da República e ao então presidente da Câmara, Michel Temer, pedido de investigação sobre a inteligência da campanha petista. "Me senti vítima do grupo que procurava bisbilhotar, arapongar a vida de políticos, entre eles eu", afirmou. "Estava sendo aviltado no exercício do meu mandato."