sábado, 14 de maio de 2011

Você gosta de F1?. Helena Gosta!

Helena guerreira, esse vídeo vai para você linda!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

'Ainda não desencarnei'


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que ainda se sente ligado à Presidência. "Ainda não desencarnei totalmente do meu mandato de presidente, não é uma tarefa fácil." Durante 55 minutos de discurso no Congresso Nacional de Metalúrgicos da CUT, na noite de quarta-feira, Lula disse que está com "comichão", uma vontade forte de voltar a viajar pelo País. "Estou com vontade de tudo, mas tenho que me controlar. Só com autocontrole vou conseguir desencarnar", brincou. Sobre o fato de evitar comentar temas nacionais, Lula afirmou ter feito um acordo com a presidente Dilma Rousseff de não intervir no novo governo. "Queria ensinar a alguns ex-presidentes como é importante ser um ex-presidente sem dar palpites."

Crise no PSDB atinge comando estadual

A exemplo dos vereadores paulistanos, a bancada de deputados federais do PSDB de São Paulo resolveu pleitear maior espaço na formação da nova Executiva estadual, que será eleita daqui a uma semana.

Inspirados pelas demandas dos vereadores, que conseguiram ampliar a influência na cúpula partidária municipal após racha que resultou na saída de seis parlamentares, os deputados decidiram pedir, na formação da Executiva estadual, o mesmo espaço obtido pelos colegas tucanos da Câmara Municipal. A palavra de ordem é "isonomia".

Em almoço na terça-feira, no Senado, os deputados Luiz Fernando Machado, coordenador da bancada paulista, e Vaz de Lima e o senador Aloysio Nunes Ferreira avaliaram que os parlamentares devem ter mais representatividade na cúpula partidária, já que a presidência do partido ficará com um deputado estadual, Pedro Tobias, que conta com o apoio do governador Geraldo Alckmin.

A bancada federal quer na Executiva estadual pelo menos os cinco postos que os vereadores obtiveram na cúpula municipal. Entre eles, a vice-presidência, a primeira-tesouraria e a secretaria-geral, para a qual não há nome de consenso. O ex-governador José Serra chegou a ser procurado por deputados federais para tratar do assunto.

Eles aceitam eleger Tobias presidente estadual, mas querem indicar um nome da bancada para secretário-geral. Tobias defende a recondução do atual secretário-geral, César Gontijo. "Defendo ele de novo porque precisa ser alguém que toca o dia a dia do partido. E ele fez um bom trabalho. Quem tem mandato não toca muito a vida partidária", afirmou Tobias. Para o deputado, o partido não deve usar como critério para a escolha do presidente e demais cargos o revezamento entre deputados federais e estaduais - o atual presidente é um deputado federal. Ele defende eleição direta, em que todos os tucanos possam participar. "Isso está sendo acertado. Todo mundo será acomodado", disse Tobias. Os parlamentares acreditam que o grupo de Alckmin vai ceder espaço para evitar um novo desgaste político.

Acordo. Se não houver um acordo sobre o nome que ocupará a secretaria-geral do PSDB estadual, Gontijo pode ir para a votação durante a convenção estadual do partido, que ocorrerá no dia 7, na Assembleia.

Do lado da bancada federal, o nome cotado para o posto é o do deputado Vaz de Lima. Os deputados estaduais também querem indicar o secretário-geral. Geraldo Vinholi e Mauro Bragato são cotados, mas a tendência é que haja uma composição da bancada estadual com a federal.

Brasil leva US$ 75 bi em investimentos

Os bancos internacionais despejaram mais de US$ 75 bilhões na economia brasileira em 2010 e o País se transformou no segundo maior destino de empréstimos, crédito e fluxo financeiro entre os emergentes, atrás apenas da China.

Os dados são do Banco de Compensações Internacionais (BIS) que alerta que, apesar da alta nos fluxos financeiros aos países emergentes, o mundo voltou a registrar uma contração nos empréstimos nos últimos três meses de 2010 por conta da instabilidade na Europa.

Em 2008, a crise financeira fez os bancos de todo o mundo fecharem as torneiras e pararem de emprestar. O resultado foi o agravamento da crise e a necessidade de os governos injetarem bilhões em suas economias.

Em 2010, os dados mostram que os empréstimos se recuperaram em quase US$ 1 trilhão, atingindo um total de US$ 30,1 trilhões.

Mas a recuperação ainda não compensa as perdas dos últimos anos. Só em 2009, bancos reduziram os empréstimos em US$ 2,3 trilhões. No ano passado, os fluxos voltaram a ser registrados. Mas, no quarto trimestre, mais um retrocesso. O volume de empréstimos no mundo foi reduzido em US$ 423 bilhões.

Os responsáveis pela queda foram os países desenvolvidos que viram a exposição de bancos a suas economias ser reduzida em US$ 575 bilhões. Só na zona do euro, foram US$ 422 bilhões a menos em empréstimos diante de um mercado que teme a fraca recuperação da economia da UE e de novos problemas nos bancos da região.

Na Irlanda, os bancos retiraram créditos no valor de US$ 198 bilhões em 2010. Nos últimos três meses do ano, a fuga foi de US$ 100 bilhões diante do temor de uma quebra. Portugal perdeu US$ 37 bilhões, US$ 44 bilhões na Grécia. A Itália também viu uma debandada de bancos, reduzindo suas exposições em US$ 123 bilhões.

Emergentes.[ ] [/ ]Os países emergentes fizeram um contraste com os países ricos e o grupo ainda sofreu uma alta nos empréstimos no final de 2010 de US$ 91 bilhões. A expansão foi de 3%. A alta foi de 5% na América Latina.

O Brasil teria sido um dos principais responsáveis por essa alta. Com a entrada de US$ 75,9 bilhões em 2010, a economia brasileira se transformou na segunda entre os emergentes com a maior exposição de bancos internacionais.

Só a China recebeu mais em 2010: US$ 153 bilhões. A Índia registrou uma alta de US$ 49 bilhões.

No ano, a exposição dos bancos estrangeiros no Brasil foi incrementada a um nível superior à exposição dessas instituições em todos os países da África e Oriente Médio juntos.

Com a explosão dos créditos ao Brasil pelos bancos, o total da exposição de bancos na economia nacional chega a US$ 241 bilhões, mais da metade de toda a América Latina. Há apenas dois anos, o volume era de US$ 157 bilhões. Em 2009, diante da crise mundial, a expansão de créditos internacionais ao Brasil foi de apenas US$ 7,5 bilhões.

No México, esse valor é de US$ 114 bilhões, contra apenas US$ 15 bilhões na Argentina.

O Brasil ainda superou a Coreia do Sul e hoje só está abaixo da China entre os emergentes. Bancos internacionais somam mais de US$ 330 bilhões na economia chinesa.

Aposta espanhola. Em 2010, depois de registrar uma alta de mais de US$ 20 bilhões por trimestre, o Brasil também sofreu uma queda importante nos últimos meses do ano. Mesmo assim, registrou uma expansão nos créditos de US$ 7,5 bilhões. No total, mais de 60% dos empréstimos são dados ao setor bancário brasileiro e o restante para os demais setores da economia.

Os bancos espanhóis são de longe os que mais apostam no Brasil, seguido pelos americanos. Apesar da expansão, o Brasil ainda tem uma exposição modesta comparado com os mais de US$ 5 trilhões que os bancos têm nos Estados Unidos e US$ 12 trilhões na Europa.

terça-feira, 22 de março de 2011

No grito e na marra

A confusão foi tanta que uma estação do metrô teve até de ficar fechada por dez minutos. Foi na linha 3-vermelha, quinta-feira.

O que aconteceu? Outra sessão de pancadaria envolvendo policiais, seguranças do metrô e manifestantes. O grupo mais uma vez protestava contra o aumento nas tarifas de ônibus.

Já é o 13º protesto desde que o prefeito Kassab resolveu, no começo de janeiro, passar de R$ 2,70 para R$ 3,00 o preço pelos precários serviços de ônibus oferecidos ao público paulistano.

As tarifas tinham ficado congeladas enquanto durou o ano eleitoral. Logo depois, aumentaram ônibus, metrô e trens da CPTM. Enquanto isso, dos 13 novos terminais de ônibus prometidos pelo prefeito, apenas um foi entregue até agora.

Com certeza a prefeitura deve ser cobrada pelas falhas em sua política de transportes.
Mas o fato é que, desde janeiro, os protestos contra Kassab não reúnem mais do que duas centenas de manifestantes. A campanha contra os aumentos não emplacou na população --que percebe bem quando o objetivo das manifestações é mais político e partidário.

Militantes da CUT, de partidos de esquerda e até do MST fazem parte dos protestos. Afinal de contas, o que estão fazendo trabalhadores rurais num protesto contra as tarifas municipais?

Se não se justificam excessos e pancadaria por parte da polícia ou de seguranças, tampouco faz sentido um grupo de militantes prolongar, no grito e na marra, uma bagunça que não tem apoio na maioria dos habitantes da cidade.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Projeto aprovado prevê R$ 600 mil só para Bethânia

O orçamento do futuro blog de Maria Bethânia, aprovado pelo Ministério da Cultura, reserva para ela um cachê de R$ 600 mil pela "direção artística" do projeto.O valor equivale a 44% do total de R$ 1,35 milhão que a cantora foi autorizada a captar em dinheiro de renúncia fiscal, via Lei Rouanet.Ela informou ontem, por meio de assessoria, que mantém a decisão de não fazer comentários sobre o assunto.

A remuneração está prevista no orçamento que Bethânia entregou à Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, responsável pela escolha dos projetos a serem beneficiados pela lei.

O documento, obtido pela Folha, apresenta a cantora como a única responsável pelas atividades de "direção artística, pesquisa e seleção de textos e atuação em vídeos" do blog de poesia.

Três páginas adiante, uma planilha de custos fixa em R$ 600 mil a remuneração do "diretor artístico" -no caso, a própria cantora.
O orçamento diz que o valor equivale a um salário de R$ 50 mil, a ser pago nos 12 meses de duração do projeto.

O cachê reservado a Bethânia supera os R$ 467 mil que ela planeja gastar com produção, edição e legendagem dos vídeos que ela promete veicular diariamente.
No pedido de verba, a produtora Quitanda Produções Artísticas classifica o blog como revolucionário:

"Em meio a tantos absurdos do mundo moderno, a tantos problemas que cercam a vida de todos, nos propomos a revolucionar a vida cotidiana de cada um."
A captação dos recursos foi autorizada esta semana, como noticiou anteontem a coluna Mônica Bergamo.

Ontem, a reportagem teve acesso a dois pareceres do ministério que embasaram a decisão. O último relata "ajustes orçamentários" na proposta original, que previa captar R$ 1,79 milhão.

A pasta não informou os itens afetados pelo corte de R$ 440 mil. Em nota, afirmou que isso só pode ser checado mediante pedido de vista do processo, em Brasília.
Incluindo o blog, o ministério já autorizou Bethânia a captar R$ 10,5 milhões para seis projetos culturais desde 2006. Por problemas no sistema de acompanhamento virtual da pasta, não era possível saber ontem a quantia que ela chegou a arrecadar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Criação de legenda levará a julgamento inédito no TSE

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, pode enfrentar problemas na Justiça Eleitoral ou passar incólume na formação de um novo partido. Segundo ministros e assessores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tudo depende da maneira como ele pretende sair do DEM e rumar para outra legenda.

Em princípio, a avaliação no TSE é a de que não há qualquer impedimento à criação de um novo partido por Kassab, o Partido da Democracia Brasileira (PDB). Mas, o tribunal tende a proteger os votos que os eleitores deram ao DEM, partido pelo qual ele foi eleito. Por esse motivo, Kassab terá de ser bastante cauteloso ao trocar de legenda.

O problema está na eventual união do PDB com o PSB e com outros partidos. Há dois cenários no TSE para esse tipo de fusão. No primeiro, os ministros podem entender que o PDB é uma legenda totalmente nova e, portanto, não haveria problemas em receber Kassab, demistas e pessebistas, individualmente. Mas, num segundo cenário, essa união pode ser interpretada como um "drible" à regra da fidelidade partidária, caso o PDB receba partidos inteiros na sua formação, com visões programáticas distintas. Nesse cenário, o TSE pode concluir que Kassab quis fugir da regra que protege os votos dados pelos eleitores para as legendas e seus programas políticos. Os votos dados ao PSB, por exemplo, seriam, em caso de fusão, do PDB. O TSE pode identificar incompatibilidades nos programas desses legendas e impor dificuldades a essa e outras fusões no futuro.

Curiosamente, foi o próprio DEM de Kassab que, numa consulta ao TSE, levou o TSE a proteger a fidelidade partidária. A decisão foi tomada em 27 de março de 2007. Na época, o DEM se chamava PFL e os líderes da legenda se incomodaram com o fato de muitos parlamentares saírem de partidos da oposição e do centro e rumarem para a base do governo no Congresso. Esse movimento foi intenso antes do escândalo do mensalão, que estourou em 2005. Foi na esteira das denúncias do mensalão que o TSE passou a punir o troca-troca partidário, numa decisão de caráter moralizador.

Desde então, o TSE considera que os votos são dos partidos pelos quais o político foi eleito e tem aplicado como punição a perda do mandato de quem troca de legenda. O tribunal admite poucas exceções a essa regra, como os casos de expulsão do político do partido. Outra exceção é o caso de infidelidade do partido aos seus ideais programáticos. Por fim, a criação de um partido também pode ser admitida para efeito de troca de legenda. Mas, o TSE nunca julgou um caso desse tipo. A fusão do PL com o Prona, que levou à formação do PR, por exemplo, não foi questionada junto à Corte Eleitoral.

Para manter tempo de TV, PDB precisaria se coligar com sigla do porte do PSB


Recurso político dos mais valiosos, o tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV tornou-se um dos maiores nós na criação de uma nova legenda pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM).

O prefeito tenta convencer correligionários a saírem do DEM para a nova sigla - provisoriamente batizada de Partido da Democracia Brasileira (PDB). Mas, antevendo o reduzido tempo disponível no rádio e na TV, políticos de olho nas eleições municipais de 2012 dão sinais de que podem refugar.

As chances eleitorais no pequeno partido dependeriam diretamente da capacidade de fazer aliança com uma legenda média ou grande. Simulação feita pelo Valor mostra que a coligação entre o PDB e o PSB - considerada o primeiro passo para uma posterior fusão das duas siglas - daria ao partido de Kassab, no mínimo, cerca de meio segundo a mais a que o DEM teria direito. Seria praticamente trocar seis por meia dúzia.

Por esse cálculo, o PDB teria 21,4 segundos relativos à divisão igualitária de um terço do horário eleitoral (10 minutos). O PSB, que elegeu 34 deputados federais no ano passado, teria ainda mais 1min19s, relativos à divisão proporcional dos dois terços restantes (20 minutos) entre os partidos com representação na Câmara - totalizando 1min40s6. Juntos, PDB e PSB ficariam com 2min02s. O DEM teria 2min01s6 (sem a criação de um 28º partido, o Democratas disporá de, no mínimo, 2min02s4, e o PSB, de 1min41s4).

Esse cálculo, contudo, leva em conta um cenário improvável, em que todos os demais partidos lançassem nomes próprios. Na última eleição municipal em São Paulo, 11 legendas ou coligações apresentaram candidatos. Caso o número se mantenha em 2012, o tempo mínimo para um partido sem representação na Câmara - como o novato PDB - subiria para 54,5 segundos, o que aumenta o cacife do partido do prefeito. Nesta situação, a diferença entre PDB/PSB e DEM chegaria a 34 segundos.

Mesmo assim, a escassez de tempo de propaganda e a incerteza da aliança com o PSB estão afastando políticos do DEM antes favoráveis ao projeto da nova sigla. Somente no Estado de São Paulo, estima-se que 70% dos 75 prefeitos do DEM desistiram e vão permanecer na legenda.

É o caso da prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, que tentará a reeleição em 2012. Uma das primeiras a anunciar que sairia com Kassab ao PDB, Dárcy voltou atrás e vai ficar no DEM por conta dos riscos envolvidos na mudança. A prefeita deve fechar aliança com o PMDB. Se saísse do DEM, ficaria sem quase nenhum tempo de TV e sem segurança para fechar outras coligações. "Existe a realidade de cada coligação municipal. Apoios já conquistados podem ser perdidos", disse um político do DEM.

Outro ponto considerado pelos desistentes do DEM paulista é o viés governista do PDB. A nova sigla sai da esfera do PSDB e se aproxima do governo federal e do PT, o que atrapalha os planos de prefeitos ou pré-candidatos já aliados ao governo tucano de Geraldo Alckmin no Estado. "Se eu for para o partido do Kassab, posso perder a eleição. Os prefeitos pensaram isso", disse o político.

Até a bancada de São Paulo do DEM na Câmara abandonou o prefeito. Kassab ajudou a emplacar cinco dos seis deputados federais do Estado eleitos pelo DEM e agora só conta com o apoio de Guilherme Campos. Até o deputado Rodrigo Garcia decidiu ficar no DEM. Garcia fez dobradinha com o prefeito de São Paulo em diversas eleições e chegou a ser cogitado como um dos nomes de Kassab para sucedê-lo. "Fiz uma avaliação racional. Meu calendário é diferente do dele. Fui eleito na oposição e vou permanecer na oposição", disse. Deputado federal mais votado no Estado pelo DEM, Garcia afirma que "ficaria muito feliz se Kassab ficasse no partido".

A insegurança sobre os rumos do partido que Kassab pretende fundar é uma das razões mais apontadas pelos políticos ouvidos pelo Valor. Líder do DEM na Assembleia Legislativa paulista, o deputado Estevam Galvão afirma existir receio de perder o mandato com a estratégia de criar um partido para depois fundi-lo em 2014 ao PSB. "E não temos a convicção de que o PSB vai aceitar fundir, não há garantia", disse Galvão, que também tem a expectativa de que Kassab desista do PDB.

Segundo Galvão, prefeitos e vereadores estão ansiosos para saber que rumo tomar, de olho em 2012. "Há pouco tempo para a filiação, o prazo termina no fim de setembro", afirmou. "É um projeto que está minguando", disse um vereador tucano com trânsito no DEM.

Kassab começou a se movimentar depois das eleições de 2010. Primeiro, tentou convencer o DEM a fundir-se com o PMDB. Sem sucesso, travou conversas com o PMDB para apenas migrar do DEM com seu grupo. A negociação não foi para frente porque o prefeito desejava o comando do PMDB de São Paulo, abrindo embate com o vice-presidente, Michel Temer.

Depois, apareceu o PSB. Inicialmente, a ideia era fazer uma fusão após a fundação do PDB, de modo a fugir da regra de fidelidade partidária. Com receio da interpretação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o tema, agora a intenção é fundar o partido para fechar coligações em 2012.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Proposta de criação de Eximbank é do governo Lula

A criação de um banco especializado em operações de comércio exterior, um Eximbank brasileiro, foi objeto de um projeto entregue no segundo semestre de 2009, pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, como parte das discussões para a Política de Desenvolvimento Produtivo, a nova política industrial do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O projeto definiu as linhas básicas do novo Eximbank, e a intenção de criá-lo foi anunciada no ano seguinte, 2010: uma subsidiária do BNDES que concentraria os instrumentos do governo para financiamento à exportação.

Apesar de anunciada, a criação do Eximbank não chegou a ser concretizada, por divergências dentro da equipe econômica sobre o formato da instituição. Por sugestão do BNDES, o Eximbank será criado como uma subsidiária do banco; mas a ideia de reunir sob o novo órgão as atividades de financiamento e seguro á exportação foi vetada pelo ministério da Fazenda.

O Ministério do Desenvolvimento chegou a sugerir que diretorias diferentes do Eximbank tratassem de seguro e de financiamento. Afinal a equipe econômica concordou em criar uma instituição apartada para garantir mecanismos de garantia e seguro à exportação em mais longo prazo, e a oficialização da nova subsidiária do BNDES, com os mecanismos de crédito oficial, passou a depender da concretização simultânea dos novos mecanismos de seguro ao comércio exterior.

O Eximbank, segundo confirmaram Luciano Coutinho e o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, fará parte dos novos instrumentos de política industrial, a chamada Política de Desenvolvimento Produtivo II, a ser anunciada em abril.

Cúpula do PMDB convida Chalita


A cúpula do PMDB intensificou a negociação com o deputado federal Gabriel Chalita (PSB-SP) para filiá-lo ao partido. Em troca, dirigentes pemedebistas ofereceram ao parlamentar a vaga para disputar a Prefeitura de São Paulo, em 2012. Chalita conversou pelo menos duas vezes com o vice-presidente da República e presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, sobre a possível migração. Também já foi convidado para trocar de legenda pelo presidente do Senado, José Sarney (AP), pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN) e pelo presidente do diretório estadual de São Paulo, deputado estadual Baleia Rossi, filho do ministro da Agricultura, Wagner Rossi.

A tentativa de atrair Chalita faz parte da estratégia do PMDB de tentar fortalecer o partido em São Paulo. O diretório minguou nas últimas eleições e em 2010 elegeu apenas um deputado federal em São Paulo, do total de 70 eleitos no Estado.

Com a morte do ex-governador Orestes Quércia, que presidia o diretório paulista, Temer e seus aliados passaram a controlar o partido em São Paulo. Centenas de diretórios municipais devem trocar a direção neste ano: "Estamos conversando com várias lideranças regionais. Onde nosso desempenho nas eleições foi ruim, haverá reformulação", afirma o deputado estadual e líder do PMDB na Assembleia Legislativa, Jorge Caruso.

Jundiaí, Louveira e Vinhedo são cidades em São Paulo onde a mudança está sacramentada. A filiação do ex-prefeito de Sorocaba Renato Amary (PSDB) vai nessa linha. "Não queremos mais ser escada para o PT e o PSDB. Teremos candidato próprio ou a vice em todas as cidades grandes. As alianças serão fechadas em torno de um projeto de crescimento do partido", disse Baleia Rossi.

Antes de sondar Chalita, o PMDB tentou atrair o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), e seus aliados para o partido. As conversas de Temer com Kassab, no entanto, não avançaram. O vice-presidente da República não quis dar o comando do diretório de São Paulo para o prefeito, além deste ser ligado ao ex-governador José Serra (PSDB).

Ao mesmo tempo em que conversava com o PMDB, Kassab aproximou-se do PSB. O prefeito articula a criação do Partido Democrático Brasileiro (PDB), que deve se fundir ao PSB. Para driblar problemas com a Justiça Eleitoral, o PDB deve disputar as eleições municipais de 2012 e depois efetivar a fusão. Como ônus da operação, o partido daria a Kassab o controle dos diretórios municipal e estadual de São Paulo.

De olho no potencial eleitoral de Chalita, segundo deputado federal mais votado em São Paulo, o PTB também tenta atrair o parlamentar. Chalita, no entanto, pode perder o mandato se mudar de partido. Pela legislação eleitoral, o mandato pertence ao partido pelo qual o candidato foi eleito e o PSB poderia pedir a cadeira do deputado. Para migrar, Chalita depende de Kassab. No caso de o prefeito conseguir criar uma legenda e fundir-se ao PSB, o parlamentar poderia argumentar que não concorda com a fusão e, dessa forma, poderia trocar de partido sem perder seu mandato. Chalita já anunciou que, confirmada a fusão do PDB com o PSB, trocará de legenda.

No Estado, o PMDB não pretende aliar-se formalmente ao governo tucano de Geraldo Alckmin. Em dezembro, foi discutida a possibilidade do PMDB ficar com a pasta de Agricultura, mas os nomes que o partido apresentou não agradaram ao governador. Um acordo para selar um apoio dos pemedebistas ao governo nas votações da Assembleia Legislativa deve ser fechado na próxima semana, em reunião de Caruso com o secretário da Casa Civil, Sidney Beraldo, mas sem compromisso de aliança para as próximas eleições e sem a barganha de cargos: "É constrangedor querer derrubar alguém que já está no cargo. Não temos mais essa reivindicação", disse Rossi sobre a pasta da Agricultura. Segundo ele, o caso deveria ter sido resolvido em dezembro, quando Alckmin ainda fazia nomeações.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Forças Armadas resistem à Comissão da Verdade

Em documento enviado a Jobim, Exército diz que projeto reabre feridas

Apesar da decisão da presidente Dilma Rousseff de bancar como prioridade a criação da Comissão Nacional da Verdade, as Forças Armadas resistem ao projeto e elaboraram um documento com pesadas críticas à proposta. No texto, enviado mês passado ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, os militares afirmam que a instalação da comissão "provocará tensões e sérias desavenças ao trazer fatos superados à nova discussão". Para eles, vai se abrir uma "ferida na amálgama nacional" e o que se está querendo é "promover retaliações políticas".

Elaborado pelo Comando do Exército, o documento tem a adesão da Aeronáutica e da Marinha. No texto, os militares apontam sete razões para se opor à Comissão da Verdade, prevista para ser criada num projeto de lei enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional em 2010. Os militares contrários à comissão argumentam que o Brasil vive hoje outro momento histórico e que comissões como essas costumam ser criadas em um contexto de transição política, que não seria o caso. "O argumento da reconstrução da História parece tão somente pretender abrir ferida na amálgama nacional, o que não trará benefício, ou, pelo contrário, poderá provocar tensões e sérias desavenças ao trazer fatos superados à nova discussão".

As Forças Armadas defendem que não há mais como apurar fatos ocorridos no período da ditadura militar e que todos os envolvidos já estariam mortos. "Passaram-se quase 30 anos do fim do governo chamado militar e muitas pessoas que viveram aquele período já faleceram: testemunhas, documentos e provas praticamente perderam-se no tempo. É improvável chegar-se realmente à verdade dos fatos".

O objetivo da Comissão da Verdade é esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas durante o regime militar, como torturas, mortes e desaparecimentos. E ainda tentar identificar os responsáveis por esses crimes, mas sem buscar a punição deles, por causa da Lei da Anistia. Desde sua criação, a comissão tem sido alvo de polêmicas. Por causa de pressões dos militares, o governo já modificou o texto original para assegurar que a Lei da Anistia seja respeitada e atos cometidos no regime militar não deem origem a processos penais.

Mas o documento enviado a Jobim mostra que as Forças Armadas continuam refratárias até à possibilidade de identificar responsáveis por atos da ditadura. No documento, os militares reconhecem ser legítimo o direito das famílias de buscar desaparecidos, mas falam em revanchismo: "O que não cabe é valer-se de causa nobre para promover retaliações políticas".

Tema "não contribui para a paz"

Para as Forças Armadas, a criação da Comissão da Verdade não faz mais sentido, por se tratar de uma etapa da História superada, segundo os militares, principalmente se comparado a outros países do continente, "que até hoje vivem consequências negativas de períodos históricos similares". Trata-se de uma referência a Argentina, Chile e Uruguai, países que fizeram a revisão de suas ditaduras, e julgam e punem os responsáveis.

"Trata-se de assunto delicado ressuscitar discussão sobre os atos do governo militar. Não contribui para a paz nacional, considerando que o governo não foi derrubado pelas forças políticas, mas sim ensejou processo lento e gradual de transição e devolução do poder aos civis, promovendo verdadeira reconciliação nacional".

Os militares recorrem também à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) do ano passado, que, segundo o documento enviado a Jobim, "extinguiu as pretensões de grupos desejosos de buscar punição a qualquer custo aos agentes do Estado". O STF entendeu que a Lei da Anistia encerrou com possibilidade de julgamentos de possíveis culpados.

Mas, cientes da dificuldade de barrar a criação da Comissão da Verdade, os militares se preparam para o embate no Congresso e têm prontas cinco emendas para modificar o texto original do governo. Eles querem que testemunhas e militares sejam convidados, e não convocados, como prevê o projeto do governo; que se investiguem casos de terrorismo e justiçamento praticados pela esquerda; e o fim de anonimato para quem entregar documentos de forma voluntária.

Na emenda em que pedem apuração também de casos de terrorismo e justiçamento (militantes de esquerda que matavam traidores dentro de seu grupo), os militares afirmam que, assim como a tortura e o homicídio, são crimes equiparados a hediondos e que devem receber o mesmo tratamento pela Comissão da Verdade.

O projeto do governo assegura o anonimato a testemunhas que, voluntariamente, entregarem documentos ou prestarem depoimentos. As Forças Armadas querem a identificação de todas as pessoas. "É atender ao princípio do contraditório e da ampla defesa. Denúncias anônimas poderiam surgir sem fundamento", argumentam.

Outra mudança desejada é trocar a expressão "convocar" (militares e outras testemunhas) por "convidar" - que ninguém seja obrigado a comparecer à Comissão da Verdade. "É inconstitucional dar poderes de polícia à comissão", afirmam.

Outra alteração é impedir sessões fechadas, como prevê o texto do governo em casos de resguardar a intimidade e a vida privada das pessoas. "É para garantir transparência e espírito democrático às atividades da comissão, evitando que reuniões secretas tenham por fim direcionar os trabalhos. Não há motivos que justifiquem os trabalhos secretos da comissão", defendem os militares.

As Forças Armadas pretendem incluir no texto que a comissão deve se restringir à busca de fatos históricos e "não deve ter por objetivo perseguir ou tentar incriminar pessoas".

terça-feira, 1 de março de 2011

Ana de Hollanda nomeia advogada ligada a representante do Ecad para diretoria setorial e indica que vai abandonar a reforma da lei


Após dois meses de especulação, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, deu o principal sinal de que vai abandonar a reforma da Lei do Direito Autoral, um dos principais pontos defendidos pela política cultural do governo Lula. Ana afastou Marcos Souza da gestão da Diretoria de Direitos Intelectuais (DDI) do Ministério da Cultura (MinC), órgão responsável por coordenar a reforma, e convidou Marcia Regina Barbosa, servidora da Advocacia-Geral da União, para o cargo. Souza era o principal defensor dentro do governo da necessidade de se continuar o processo de reforma da lei, cujos debates são promovidos pelo governo desde 2007.

O nome de Marcia teria sido indicado para o MinC por Hildebrando Pontes Neto, ex-presidente do Conselho Nacional de Direito Autoral (CNDA), órgão que regulou o setor entre 1973 e 1990, até ser extinto. Após deixar o governo, ele vem advogando em mais de cem processos para o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, o Ecad, uma instituição que conglomera associações de compositores e músicos e que sempre foi contrária à reforma. Entre as dezenas de pontos que o Ecad critica, o principal é a criação de uma instância que regulamentaria as ações do escritório, hoje com autonomia para recolher e distribuir direitos autorais.

Em janeiro, era dada como certa dentro do MinC a nomeação de Hildebrando para a DDI. Ana de Hollanda chegou a se encontrar com o advogado do Ecad no dia 27 de janeiro, numa reunião oficial em Brasília, gerando especulações em redes sociais e reações de grupos a favor da reforma da lei. Mas o MinC negou que Hildebrando fosse assumir o cargo.

Até que, há dez dias, foi publicada no "Diário Oficial" a cessão de Marcia de sua função como advogada da Consultoria-Geral da União para a DDI. Na última sexta-feira, Marcos Souza, titular da DDI desde sua criação, em 2009, e coordenador do projeto de revisão da lei, foi informado de que seria substituído na direção do órgão. Ana de Hollanda convidou Souza a continuar no MinC, mas ele não aceitou e vai voltar ao Ministério do Planejamento, onde é especialista em gestão de políticas públicas, à espera de uma nova função.

- É prerrogativa do dirigente escolher as pessoas para o cargo de confiança, é normal a mudança - diz Souza. - Mas eu tenho muita convicção a respeito do trabalho que foi executado pela DDI. Direito autoral não é fácil. Não é fácil agradar todo mundo. Mas foi um trabalho sério, honesto. O meu maior lamento é sair sem dar um retorno para a sociedade do que fizemos. Agora, espero poder ajudar o governo em outra área.

A reforma da Lei do Direito Autoral (a 9.610, de fevereiro de 1998) começou a ser debatida em 2004. Três anos depois, o então ministro da Cultura, Gilberto Gil, lançou o Fórum Nacional de Direito Autoral, cujo objetivo era discutir com a sociedade a necessidade de se revisar a lei. O governo promoveu oito seminários nacionais, um internacional e mais de 80 reuniões, e a reforma era vista como prioridade tanto por Gil quanto por Juca Ferreira, ministro de julho de 2008 até o fim do ano passado.

De 14 de junho a 31 de agosto de 2010, o projeto foi posto em consulta pública, onde pôde receber sugestões de interessados. Mais de oito mil ideias foram analisadas pela DDI e discutidas pelo Grupo Interministerial de Propriedade Intelectual, antes que uma proposta fosse enviada para apreciação da Casa Civil. Ana de Hollanda deu uma entrevista à revista "Isto É Dinheiro", em que disse: "Ainda nem consegui ler o texto que foi mandado pela Casa Civil, nem acho que seja o caso, porque não sou eu que vou analisar. Minha responsabilidade é de ministra."

Eu não acho que a ministra esteja má intencionada, mas acho que existe uma precipitação de se tomar a posição de um lado sem consultar a própria classe - afirma o músico Ivan Lins. - Parece-me que ela está sendo usada por pessoas próximas e que têm interesses em impedir que se mude a legislação autoral.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

É guerra no barraco

Diante da guerra declarada entre serristas e aecistas em busca do comando do PSDB, a cúpula do partido decidiu agir para tentar unificar a legenda. Embora a maioria dos cardeais tucanos não deseje ver o ex-governador paulista José Serra na presidência do partido, todos o consideram um líder importante, que não pode ser isolado ou afastado do processo decisório da sigla. O desafio é encontrar uma saída que agrade a Serra e ajude a consolidar o apoio que o deputado Sérgio Guerra (PE) vem recebendo em favor de sua reeleição para presidir o PSDB.

Diante desse quadro, um grupo de tucanos começou a ventilar a possibilidade de Serra disputar, mais uma vez, a prefeitura de São Paulo em 2012. O ex-governador, por enquanto, não quer ouvir falar nessa hipótese, porque já venceu duas eleições para o cargo. Mas sua candidatura não só atenderia aos interesses do PSDB, que gostaria de recuperar o comando da capital paulista, como seria uma boa vitrine para Serra tentar se manter no páreo na disputa pela vaga de candidato à Presidência em 2014, almejada também pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Para oposição, é melhor que embate ocorra agora

De qualquer forma, a avaliação que a oposição tem feito nos bastidores é que foi melhor essa guerra entre Serra e Aécio ter sido deflagrada agora, do que às vésperas da próxima eleição presidencial. O grande temor é que o PSDB repita o erro cometido ano passado, quando demorou para oficializar a candidatura de Serra, o que inviabilizou a ampliação da aliança partidária em torno do projeto oposicionista.

A curto prazo, a reeleição de Sérgio Guerra para a presidência do PSDB é considerada o caminho mais fácil para o partido começar a reconstruir sua unidade. Mas, para isso, Serra não poderá ficar à margem do projeto de reestruturação da legenda. Até por sua trajetória política, que o levou a receber 44 milhões de votos no segundo turno da disputa presidencial de 2010.

Caso contrário, Serra poderá se transformar em vítima, o que poderia abalar a maioria que hoje defende a recondução de Guerra ao comando do PSDB. Mesmo assim, são poucos os que acreditam que o ex-governador paulista teria condições de conquistar a presidência do partido, pois, diante de uma eventual instabilidade na candidatura de Guerra, tudo indica que Aécio será convocado por seus aliados para se lançar nessa disputa - o que o mineiro não gostaria de fazer neste momento.

Recém-eleito para o Senado, Aécio pretende se dedicar, nos próximos dois anos, ao novo mandato parlamentar. Seus planos como senador, aliás, deverão ser mais bem expostos em pronunciamento que já começou a preparar, mas que só deverá fazer após o carnaval.

A ideia de Aécio é aproveitar sua passagem pelo Senado para reorganizar a oposição. Seu primeiro desafio será impedir que o governo aproveite a comissão especial de reforma política no Senado para criar uma janela que permita novo troca-troca partidário, o que poderia reduzir ainda mais as fileiras da oposição no Legislativo.

Estratégia de Serra não tem o efeito esperado

A estratégia traçada por Serra para se cacifar para a disputa pela presidência do PSDB, por enquanto, não surtiu o efeito esperado. A avaliação é que ele, mais uma vez, teria demorado a expor seus planos. Em parte, porque confiava que os votos recebidos na eleição de 2010 seriam suficientes para lhe garantir o posto que melhor lhe conviesse no partido.

A ofensiva iniciada por Serra semana passada, quando desembarcou em Brasília para conversar com as bancadas tucanas da Câmara e do Senado, poderá enfrentar resistências. Até porque Guerra também já começou a percorrer o país em busca de apoio à sua reeleição. Enquanto Serra, na última quinta-feira, se reunia no interior do Paraná com um grupo de tucanos, Guerra almoçava com o governador do estado, Beto Richa.

Ministro decide tirar Pochmann do Ipea

O ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), o peemedebista Moreira Franco, vai tirar o economista Márcio Pochmann do comando do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Militante do PT, o economista e professor da Universidade de Campinas (Unicamp) assumiu em 2007 e faz uma administração polêmica, sempre debaixo de suspeitas de aparelhamento político-partidário.

Moreira Franco, apurou ontem o Estado, ainda está conversando com assessores para definir os nomes da nova diretoria, mas há duas queixas generalizadas: com a qualidade e a profusão de pesquisas do Ipea e com a decisão de Pochmann segurar a liberação (por empréstimo) de pesquisadores altamente capacitados para cargos no governo Dilma Rousseff. "Isso não é assunto para ser tratado pela imprensa", disse ontem o ministro.

Pochmann e o diretor do Departamento de Macroeconomia, o economista João Sicsú, impuseram uma orientação de alinhamento com o ideário "estatista", privilegiando as pesquisas que apoiam o crescimento da máquina e dos gastos do Estado. Defesa de privatizações e reformas estruturais são assuntos fora da pauta.

Apesar de ter assumido criticando a falta de pesquisas estratégicas, de longo prazo, Pochmann é acusado de transformar o Ipea numa máquina de coletar números para apoiar o governo. "Se eu quero saber o que a população está achando do SUS eu contrato o Ibope", desabafou Moreira Franco, em conversa recente. O Estado ligou ontem para o economista, deixou recado, mas não houve retorno.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Homenagem a Lula na festa de 31 anos do PT

O PT celebra seu aniversário de 31 anos nesta quinta-feira (10) com um ato político em homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em evento programado para 17 horas, no Teatro dos Bancários, em Brasília, Lula será reconduzido ao cargo de presidente de honra do PT. Mais cedo, a partir das 10 horas, o diretório nacional se reúne para eleger os novos membros.

Três integrantes do diretório nacional deixarão o órgão: o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, atual secretário-geral da legenda; a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes; e o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que é vice-presidente nacional do partido.

Cardozo e Iriny deixam seus cargos porque não podem acumulá-los com o comando dos ministérios. Costa abre vaga para outro petista, um vez que, no posto de líder da bancada no Senado, ele tem assento no diretório nacional. As vagas serão preenchidas por petistas das mesmas tendências de seus antecessores. O PT divide-se em nove grandes tendências.

A maior delas é a Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual fazem parte o atual presidente da sigla, José Eduardo Dutra, e o ex-presidente Lula.

A festa contará com a presença de governadores, ministros, parlamentares e lideranças do partido em todo o País. A presidente Dilma Rousseff foi convidada, mas ainda não confirmou presença. Dirigentes petistas receiam que a presença de Dilma ofusque a homenagem a Lula, em seu retorno a Brasília pela primeira vez desde que deixou a Presidência.

Delegado e ex-diretor do Detran-SP é acusado de comprar um terreno no DF com dinheiro desviado;

Você acharia normal um delegado de polícia comprar um terreno por R$ 15 milhões? A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo e o Ministério Público não acham.
Os dois órgãos investigam o delegado Ivaney Cayres de Souza sob a suspeita de lavagem de dinheiro -teria usado dinheiro desviado do Detran, do qual foi diretor, para adquirir uma área em Brasília, segundo documentos sigilosos obtidos pela Folha.

Souza dirigiu o Detran de setembro de 2005 a dezembro de 2006, período em que o órgão contratou novos fornecedores de placas. Ele é acusado pela Promotoria de ter fraudado a licitação com preços superfaturados para beneficiar duas empresas.
O superfaturamento deu um prejuízo de R$ 11,9 milhões ao governo paulista, segundo o Ministério Público. A Justiça ainda não decidiu se a acusação será aceita. Se for, Souza passa a ser réu numa ação criminal.

O delegado diz que a ação tem motivações políticas e refuta a acusação de fraude. Sobre o terreno, diz que seu filho foi apenas procurador da empresa que o comprou.

NEGÓCIO SUSPEITO

Souza é um policial fora dos padrões. Seus colegas o consideram o mais rico dos delegados da polícia paulista -é sócio de um grupo de 4.500 funcionários, que atua em segurança e serviços, anda em um Passat alemão blindado e sua mulher num Mercedes, também blindado.

A empresa de segurança que iniciou o grupo, a Pollus, funcionou anos no nome de um laranja do delegado.

A Corregedoria e os promotores vincularam a suposta fraude no Detran à compra do terreno ao consultar o Coaf, órgão do Ministério da Fazenda responsável pelo combate à lavagem de dinheiro.

O Coaf informou que um filho do delegado, Ivaney Cayres de Souza Júnior, aparecia numa operação de compra de um terreno de 1.000 m2 num setor novo de Brasília, o Noroeste, onde o governo do Distrito Federal quer criar um bairro de feições ecológicas, o que gerou uma especulação desenfreada. Valor do negócio: R$ 14,997 milhões.

Souza Jr. é procurador da NS Empreendimento Imobiliário Noroeste 1 Ltda.
Levantamentos feitos pela Folha mostram que a NS tem todas as características de uma empresa fantasma.

Num dos endereços da NS em São Paulo, na Vila Clementino (zona sul), não há nem empregado na sala comercial alugada nem telefone. Um funcionário do prédio diz que a sala fica vazia o ano todo -é usada só para receber correspondência, recolhida por um motoboy.

Em outro endereço da NS, em Taboão da Serra, a situação é mais precária. A suposta sede da empresa fica numa casinha de 80 m2, que não vale nem R$ 40 mil, de acordo com uma imobiliária.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Está pegando fogo no barraco dos tucanos

Aliados do ex-governador José Serra entraram em campo para tentar neutralizar a moção aprovada por parlamentares tucanos que defendia a reeleição de Sérgio Guerra à presidência do PSDB. Numa ação articulada com serristas, o governador Geraldo Alckmin veio a público negar que apoiasse a iniciativa.

O governador foi a público dizer que apoiará Serra caso ele decida se candidatar à presidência do partido. “Nem sei se o Serra quer ser o presidente do partido, mas, se ele quiser, terá meu integral apoio”. Segundo aliados, Serra gostaria de presidir o PSDB.

O documento defendendo a recondução de Guerra, assinado por 54 parlamentares tucanos anteontem, foi visto por serristas como articulação dos aliados do ex-governador Aécio Neves. Parlamentares ligados a ele recolheram assinaturas. Alckmin também foi acusado de apoiar a ação. Aécio, que pretende disputar a Presidência em 2014, é entusiasta da manutenção de Guerra na presidência, para evitar que Serra ocupe o cargo, no qual poderia articular sua própria candidatura.

“Sérgio Guerra tentou criar fato consumado e se desqualificou como presidente do partido. O papel dele é buscar a unidade para a luta externa. E não usar reunião de bancada para divisão interna”, afirmou o deputado Jutahy Júnior (BA), aliado de Serra. “O documento é inócuo. Quem decidirá o novo presidente serão convencionais.” “A lista foi forma infeliz de buscar a presidência do partido. Mas a convenção de maio é que decidirá”, disse o ex-governador Aberto Goldman. “Além da lista não ter sido debatida internamente, acredito no bom entendimento entre Serra e Alckmin”, afirmou o deputado Vaz de Lima, único paulista que não assinou o documento. “Sou Serra, mas quero Guerra na presidência”, rebateu o deputado Eduardo Gomes (TO).

Alckmin e Serra falaram anteontem. Cogitou-se a divulgação de nota negando envolvimento do governador. Guerra avisou Alckmin da iniciativa antes da reunião da bancada, mas o governador não deu orientação para deputados paulistas, apesar de ter dito ao senador que achava cedo tratar do assunto. “Não houve operação contra nem a favor de ninguém, muito menos contra Serra. Todos reconhecemos seu tamanho e importância política”, disse Guerra.

Duelo em SP

Apesar das declarações do governador, aliados de Alckmin estão divididos sobre o futuro da presidência do PSDB. Uma ala avalia que o melhor é defender a eleição de Serra e intensificar laços políticos com ele. Para outro grupo, Serra na presidência do PSDB ficaria muito fortalecido, fazendo contraponto ao poder de Alckmin. Citam que o governador defende para a presidência estadual do PSDB o deputado Pedro Tobias. Mas que aliados de Serra já se articulam para colocar água no projeto e emplacar Aloysio Nunes.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Desemprego em queda livre

Joilson de Araújo veio do Piauí há 4 meses e conseguiu emprego com carteira assinada numa obra em Águas Claras. Em 2010, foram criadas 49 mil vagas e a taxa de trabalhadores sem ocupação caiu ao menor nível desde 1992. A nova realidade faz o vendedor de frutas Márcio Oliveira repensar a condição de autônomo.


O resultado de 2010 é o menor desde 1992. Em todo o ano passado, foram criados 49 mil postos, contra 41 mil em 2009. Indústria, construção civil e administração pública foram os setores que mais abriram vagas

Em 2010, o desemprego no Distrito Federal atingiu o menor índice desde 1992. Foi o sétimo ano seguido de queda. A taxa de trabalhadores sem oportunidade no mercado caiu de 14,5% para 12,9%. Entre novembro e dezembro do ano passado, esta redução também bateu recorde na série histórica e baixou de 13,2% para 12,9%. Com isso, o número de desempregados passou de 218 mil para 179 mil. Este resultado foi impulsionado pelas crescentes contratações da indústria, construção civil, administração pública e serviços. No total, foram criadas 49 mil vagas em 2010 — 8 mil a mais do que em 2009.

A pesquisa foi divulgada ontem pela Secretaria de Trabalho e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). De acordo com o Secretário de Trabalho, Glauco Rojas, o estudo mostrou que o mercado está aquecido. “Há um dinamismo muito forte na economia local desde 2004. Claro que houve uma interrupção em 2009 por causa da crise, mas esse ciclo virtuoso está de volta, como revelou os dados.”

De acordo com o secretário, o boom imobiliário e o crescimento forte do setor de serviços têm ressaltado a dificuldade dos empresários em encontrar mão de obra especializada. “Nosso objetivo é investir nos cursos de qualificação, aproveitar toda a demanda por profissionais para direcionar a formação de acordo com as oportunidades de emprego.”

Em Águas Claras o gerente de contrato de um edifício em obras, Yale Guimarães, diz que faltam engenheiros, ajudantes de pedreiro e carpinteiros no mercado. “Estamos trabalhando com 20 pessoas a menos. Nosso interesse é contratar o quanto antes, mas não estamos achando quem preencha as vagas”.

Cícero da Silva, de 35 anos, veio de Caicó, no Rio Grande do Norte, há menos de um mês. Ao sair de lá, ele tinha emprego garantido para erguer mais um edifício na capital. “Meu irmão é eletricista e também trabalha em obra. Foi ele que me chamou. Toda a minha família acabou vindo até antes de mim. Eu era o último que resistia”, brinca.

A espera por um novo emprego, para quem não conta com uma indicação direta, como a de Cícero, também foi reduzida. Em dezembro o tempo médio de espera pela colocação profissional passou de 55 para 48 semanas.

Carteira assinada
Ao comparar os dados gerais, entre 2010 e 2009, o número de empregos com carteira assinada aumentou 9,5%. Foi o contrato formal que atraiu Joilson Ribeiro de Araújo, de 23 anos, para a cidade. Há quatro meses, ele começou a trabalhar na construção de um prédio, em Águas Claras. Vindo do Piauí para melhorar de vida, ele deixou os pais na cidade natal. “Aqui é melhor para arrumar emprego. Ainda que eu tenha vontade de voltar, eu não sei quando vai ser isso. Meus quatro irmãos já vieram para cá. De todos eles, só uma que não trabalha e é porque não quer”, completa.

Ao mesmo tempo que o trabalho formal aumentou, caiu o número de autônomos na cidade. No ano passado, foram 10 mil postos a menos nesse segmento. Márcio Oliveira, há cinco anos vendendo frutas no sinal, conta que também está prestes a abandonar a profissão. “Eu moro em Luziânia e venho para cá quase todos os dias. A minha vontade é de começar a estudar, em Goiás mesmo.”

Segundo a pesquisa do Dieese, também cresceu o número de trabalhadores assalariados, em 6%. O índice foi motivado principalmente pelo setor privado, que teve um crescimento de 6,5%, ao passo que o setor público contribuiu com um aumento de 4,9%. O economista Thiago Oliveira, do Dieese, explica que os mesmos resultados positivos foram notados pelo país. “Esse crescimento econômico iniciado em 2010, que deve ficar entre 7 e 7,5%, não ocorria desde a década de 1980 e beneficiou todo o país.”

Para as mulheres, entretanto, o resultado da pesquisa não foi tão positivo. A inserção delas no mercado continua muito aquém dos índices masculinos. Enquanto no último mês de 2010 o índice de desemprego dos homens era de 9,9%, 16,1% das mulheres estavam sem trabalho. Esse resultado vinha se repetindo desde agosto. O economista do Dieese completa: “Apesar de algumas terem conseguido conquistar seu espaço no mercado, muitas ainda encontram dificuldades por ter de exercer a maioria das tarefas domésticas.”

Estudo
A Pesquisa de Emprego e Desemprego no DF, divulgada pela Secretaria de Trabalho, já esteve sob comando da Codeplan. Conforme o Correio divulgou na última semana, a nova direção pretende retomar o controle da publicação. Uma reunião sobre o assunto deve ser feita até a próxima semana para resolver o assunto.Correio B

domingo, 23 de janeiro de 2011

Batendo no cadeirante

Foi uma covardia. Na segunda-feira passada, em São José dos Campos, o advogado Anatole Morandini foi agredido a coronhadas na cabeça.

Não tinha como se defender nem como fugir: é cadeirante. Por que foi espancado? É que reclamara de um motorista que estava usando uma vaga exclusiva para deficientes em uma rua na região central da cidade.

O dono do carro, aparentemente, não convive bem com críticas e reclamações. Saiu furioso em direção ao cadeirante, de revólver em punho, e começou as agressões. A tal ponto que uma testemunha julgou tratar-se de um assalto.

Não era assaltante, todavia, o agressor de Anatole Morandini. Era um delegado de polícia.

Nesta quinta-feira, a Secretaria de Estado da Segurança Pública resolveu afastar o delegado de suas funções. Além de uma rigorosa sindicância, certamente ele está precisando de um bom descanso.

O caso é chocante em si mesmo, mas também simboliza o desrespeito a que são submetidos os portadores de deficiência física.

Alguns avanços, como rampas para quem usa cadeira de rodas, inscrições em braile em elevadores, e vagas reservadas em estacionamentos, vão aparecendo lentamente. A questão é respeitar as leis.

Dada a insensibilidade geral para o problema, que pode até resultar em violência e covardia, seria o caso de pensar se, em cada cadeira de rodas, não valeria instalar um alarme de emergência.

Poderia ser acionado a cada desrespeito sofrido. O buzinaço seria grande, mas pelo menos ajudaria a chamar a polícia em cada abuso. Mas cuidado. Em vez de polícia, pode aparecer um delegado furioso.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A condição de mártir de Assange prejudica ainda mais a reputação dos EUA

A prisão em Londres do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi manchete em todos os grandes jornais alemães na quarta-feira. Vários dos órgãos de imprensa observaram como a notícia foi bem recebida nos Estados Unidos e os editorialistas questionaram qual é o significado do conceito de liberdade de informação na última superpotência restante no mundo.

Assange, que se entregou a autoridades da Scotland Yard na manhã de terça-feira, teve o pedido de libertação mediante pagamento de fiança negado pelo juiz britânico encarregado do caso. Ele foi acusado na Suécia de cometer estupro, coação ilegal e dois atos de abuso sexual, em incidentes supostamente ocorridos em agosto deste ano. A promotoria pública sueca emitiu um pedido de prisão de âmbito europeu a fim de que Assange seja extraditado para aquele país para ser interrogado.

A prisão ocorreu no momento em que Assange, o fundador do WikiLeaks, de 39 anos de idade, enfrenta pressões crescentes de todas as partes do mundo – da Suécia, dos Estados Unidos e até mesmo do seu país natal, a Austrália –, após a divulgação de vazamentos diplomáticos dos Estados Unidos que foram publicados pelo seu website e por várias organizações de imprensa, incluindo “Der Spiegel”.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, declarou a jornalistas no Afeganistão, na terça-feira: “A prisão dele soa como uma boa notícia para mim”. Vários políticos famosos vinham pedindo a prisão do australiano, e a ex-candidata republicana à vice-presidência, Sarah Palin, disse que ele deveria ser “rastreado e caçado como Osama Bin Laden”. A primeira-ministra australiana Julia Gillard afirmou que a publicação por parte de Assange das mensagens diplomáticas sigilosas norte-americanas no seu website foi um ato ilegal.

Na sua resposta publicada na quarta-feira no jornal “The Australian”, Assange chama a sua organização de “underdog” (vítima de injustiça e perseguição) e escreve: “A primeira-ministra Gillard e a secretária de Estado Hillary Clinton não reservaram uma só palavra crítica para as outras organizações de mídia porque “The Guardian”, “The New York Times” e “Der Spiegel” são instituições grandes e antigas, enquanto que o WikiLeaks é ainda jovem e pequeno”.

Ele afirmou ainda que o governo australiano está tentando “matar o mensageiro porque não deseja que a verdade seja revelada, incluindo informações sobre as suas próprias atividades diplomáticas e políticas”.

O ministro australiano das Relações Exteriores, Kevin Rudd, disse que Assange contará com apoio consular no Reino Unido e declarou ao “The Australian”: “O que fazemos em relação a australianos em dificuldade em qualquer lugar do mundo é assumir a nossa responsabilidade de garantir o acesso aos direitos consulares e legais de todos australianos no exterior. E isso inclui o senhor Assange”.

A porta-voz do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, escreveu no Twitter: “Nós não seremos amordaçados, seja por ação judicial seja por censura corporativa”.

A organização de notícias Agence France Presse noticiou na quarta-feira que hackers simpatizantes de Assange atacaram o sistema de e-mail da promotoria pública sueca em resposta à prisão.

Alguns políticos norte-americanos bem conhecidos estão agora intensificando as suas acusações e críticas: “Na minha opinião, o jornal 'The New York Times' cometeu no mínimo um ato de má cidadania, mas para que se determine se eles cometeram um crime, será necessária uma investigação intensiva por parte do Departamento de Justiça”, declarou o senador dos Estados Unidos Joe Lieberman à rede televisiva direitista Fox News.

Enquanto isso, os jornais alemães mostraram-se divididos em relação ao verdadeiro significado da prisão de Assange: seria este um caso de justiça sueca ou uma maneira conveniente de silenciá-lo? Alguns questionaram como um país que é há muito admirado por prezar a liberdade de informação possa agora ter se voltado contra ela. E eles dizem que os danos à reputação dos Estados Unidos só aumentam.

O jornal de esquerda “Berliner Zeitung” disse: "A reputação dos Estados Unidos foi prejudicada pela divulgação controlada de documentos secretos pelo WikiLeaks. Isso é verdade... Mas a reputação dos Estados Unidos está sendo muito mais prejudicada neste momento à medida que eles tentam – com todos os meios ao seu alcance – amordaçar o WikiLeaks e o seu diretor, Julian Assange. Ao fazerem isso, os Estados Unidos estão traindo um dos mitos originais da sua fundação: a liberdade de informação. E eles estão fazendo isso agora porque, pela primeira vez desde o fim da Guerra Fria, veem-se diante do risco de perder o controle mundial das informações.

'A primeira guerra real da informação teve início', escreveu o ativista de direitos civis dos Estados Unidos John-Perry Barlow. 'E o campo de batalha é o WikiLeaks.' Ele tem razão. Com a doutrina do 'Livre Fluxo de Informações' os Estados Unidos dominaram a transmissão de informações e a maior parte do conteúdo informado durante décadas. Eles diziam que toda pessoa tinha o direito, em qualquer lugar, e sem limitações, de coletar informações e de transmiti-las por rádio e televisão e de disseminá-las. Essa era uma doutrina tremenda, com a condição de que apenas as companhias norte-americanas tivessem o poder, os meios e as capacidades logísticas para fazer uso dessa liberdade. Essa situação mudou um pouco com a internet, mas companhias como a Apple, a Microsoft, o Google, o Facebook e a Amazon ampliaram o domínio dos Estados Unidos no supostamente democrático ciberespaço. Julian Assange e o WikiLeaks são os primeiros a usar o poder da internet contra os Estados Unidos. É por isso que eles estão sendo impiedosamente perseguidos. E é também por isso que o governo norte-americano está traindo um dos princípios da democracia”.

Já o conservador “Die Welt” disse o seguinte:“A promotoria pública sueca deseja simplesmente questionar o australiano Assange a respeito de sérias acusações que foram feitas contra ele. Até o momento, Assange recusou-se a explicar os fatos. Os seus simpatizantes acreditam que isso tudo não passa de uma armação e que as acusações de estupro foram fabricadas com o objetivo de atingir o projeto WikiLeaks.

Se isso for verdade, tanto as suecas, que Assange não nega conhecer, quanto a promotoria sueca devem estar seguindo uma agenda secreta ditada pelos Estados Unidos. Até agora, não houve um fragmento de prova sequer que pudesse fazer com que tal hipótese fosse levada a sério. Na Suécia, a questão não diz respeito aos danos políticos causados pelo ativista do WikiLeaks.

Obviamente, ele assumiu que a elasticidade da lei e da ordem na internet aplicava-se também à sua vida real. Mas foi aí que ele cometeu um erro. A sua prisão é a prova de que, na vida real, o império da lei pode ter consequências duras”.

O “Financial Times Deutschland” manifestou-se desta maneira:“A prisão é tão potencialmente escandalosa quanto supérflua. A operação produziu um mártir, e ele perguntou se tudo isso diz realmente respeito à explicação legalmente oferecida de que há acusações de estupro. Ou se, em vez disso, o objetivo maior é tirar de cena um homem que, segundo vários políticos dos Estados Unidos, é o Inimigo Público Número Um.

E este é de fato o caso, ainda que ninguém seja capaz de explicar que crimes Assange supostamente cometeu com a publicação dos documentos secretos, e tampouco por que a publicação por parte do WikiLeaks seria um crime, mas pelo “The New York Times” não.

A reputação já prejudicada dos Estados Unidos sofrerá uma degradação ainda maior com o novo status de mártir de Assange. E é questionável a esperança declarada dos Estados Unidos de que o WikiLeaks desaparecerá de cena juntamente com Assange. Uma plataforma como o WikiLeaks deverá conseguir sobreviver sem um líder específico, que era tão glamouroso quanto polarizador, e cuja estilo autocrático de liderança lhe custou importantes funcionários há alguns meses”.

O jornal “Die Tageszeitung”, que tem uma linha de esquerda, manifesta-se assim:“Na chamada 'guerra contra o terror' as democracias dos Estados Unidos e da Europa não só instigaram guerras sem razões satisfatórias, mas também tentaram reduzir a privacidade, os direitos civis e as liberdades dos seus cidadãos. Mais poder para o Estado, mas menos transparência para as pessoas – esse conflito assimétrico é auto infligido por países como os Estados Unidos e isso criou a necessidade de uma plataforma como o WikiLeaks.

Os novos poderes para a luta contra o terrorismo tornaram difícil trazer críticas para o domínio público. Mas agora é muito mais fácil descobrir 'quando alguém falou com quem sobre o que'. Não importa se essa ameaça seja mais imaginária do que real – ela ainda assim fez surgir a necessidade de um canal confiável. A mídia clássica não foi capaz de preencher essa necessidade: ela não tem uma consciência clara do novo e generalizado sentimento de sentir-se ameaçado, e tampouco o conhecimento técnico necessário. Já o WikiLeaks conta com ambos.

Julian Assange é o astro do WikiLeaks mas a necessidade que existe pelo seu website é maior do que a necessidade dele. Se o WikiLeaks não sobreviver aos atuais ataques, sites similares ocuparão o lugar dele, contanto que haja uma necessidade para sites desse tipo”.

O diário berlinense “Der Tagesspiegel” manifestou-se desta forma:“O mesmo indivíduo que para uma pessoa é um terrorista, para outra é um combatente pela liberdade: esse ditado anglo-saxão ainda é válido na era da internet. Para os Estados Unidos, Assange é um terrorista; para a comunidade da Internet, ele é um pioneiro da liberdade. A opinião favorável em relação a Assange parece ser mais forte aqui na Alemanha – de qualquer forma, as discussões utilizam as palavras 'plataforma para exposição' e não 'espionagem'. Entretanto, essa percepção baseia-se na premissa não comprovada de que Assange foi movido por motivos puros – e não pelo desejo de aparecer.

Ninguém precisa de uma teoria da conspiração para ter dúvidas. A publicação maciça de documentos secretos no WikiLeaks não exibe nenhuma estratégia particular, a não ser o desejo de expor instituições poderosas. Assange sem dúvida deseja desestabilizar o sistema – ou todos os sistemas. O conteúdo, bem como a quantidade maciça de dados, deverão garantir isso. A alegria clandestina sentida por muita gente devido a essa estratégia anarquista de obstrução é um sinal político. É por isso que o conflito com Assange não pode ser vencido por meios políticos ou econômicos. As instituições que o WikiLeaks ataca precisam demonstrar a legitimidade das suas ações. Se isso acontecer, Assange terá de fato feito alguma coisa pela democracia.”(Dear Spiegel)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Jobin, o traidor da Pátria.Relatos de Jobim à diplomacia americana irritam Itamaraty

Alvo dos mais recentes vazamentos de documentos da diplomacia dos Estados Unidos, pelo site Wikileaks, o ministro da Defesa, Nélson Jobim, irritou a diplomacia brasileira devido à informação de que teria confirmado ao governo americano o diagnóstico de câncer no presidente da Bolívia, Evo Morales. Segundo telegrama de 2009 a Washington, do embaixador Clifford Sobel, Jobim, após um encontro em La Paz entre Morales e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria informado aos EUA que o governo brasileiro até ofereceu tratamento em São Paulo para o presidente boliviano.

A transmissão, a outro governo, de um suposto segredo de Estado de um aliado do Brasil é uma falta "grave", na avaliação de um graduado diplomata. No Palácio do Planalto, porém, o caso foi minimizado. Segundo um assessor de Lula com trânsito na equipe da presidente eleita Dilma Rousseff, o governo está decidido a não dar atenção a "telegramas de embaixador", e eventuais comentários de Jobim sobre Morales não teriam poder de afetar a relação com o governo da Bolívia. O governo boliviano negou ontem que Morales tenha tido câncer e informou que ele foi operado por médicos cubanos de um "desvio de septo".

Jobim também divulgou nota negando ter acusado o ex-secretário-geral do Itamaraty Samuel Pinheiro Guimarães de ter "ódio aos EUA", como consta em outro telegrama vazado no Wikileaks. Mas nada falou sobre Morales - que, recentemente, em uma cerimônia em La Paz, com Jobim, acusou os EUA de apoiarem conspirações contra o governo boliviano.

A rivalidade entre o Itamaraty e Jobim, cotado para permanecer ministro no governo Dilma Rousseff, é evidente na leitura dos telegramas confidenciais vazados na internet pelo Wikileaks. Os textos escritos em 2008 e 2009, pelo então embaixador Clifford Sobel, mostram que os americanos viam Jobim como seu maior aliado contra o Ministério de Relações Exteriores, no esforço para firmar acordos na área de Defesa com os EUA.

O acordo, alvo de repetidos contatos e viagens de autoridades dos dois governos, foi firmado apenas em abril de 2010, mas incluiu, discretamente, até permissão para missões de fiscalização em instalações militares e civis dos dois países.

O ministro Jobim é descrito, pelo embaixador, como "talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil". Sobel lembra que o ministro pertenceu ao Supremo Tribunal Federal e afirma que "ele mantém uma forte reputação de integridade que é rara entre os líderes brasileiros". Notando que o Itamaraty procurava encurtar e esvaziar a visita de Jobim aos EUA, onde o ministro queria tratar do acordo de Defesa, Sobel descreveu o ministro da Defesa como um homem decidido a "desafiar a supremacia histórica do Itamaraty em todas as áreas de política externa".

Numa avaliação do que significava ter Jobim no ministério, na época, Sobel prevê que Lula teria de dar a última palavra na disputa "entre um ministro da Defesa invulgarmente ativo e interessado em desenvolver laços mais firmes com os EUA e um Ministério de Relações Exteriores que está firmemente comprometido em manter controle sobre todos aspectos da política externa e manter uma distancia calculada entre o Brasil e os Estados Unidos".

Pelo relato de Sobel, Jobim se mostra um ministro afinado com algumas linhas gerais do governo Lula, como a reivindicação de transferência tecnológica no campo militar, a defesa de uma política de contenção, sem hostilidades, do governo de Hugo Chávez na Venezuela, a relutância em aceitar acusações de apoio às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia por parte de governos vizinhos e a crítica aos EUA pelos obstáculos colocados no passado à venda de aviões da Embraer aos venezuelanos.

Mas, enquanto os diplomatas são descritos como um "problema" no esforço por um acordo de Defesa, Jobim foi descrito como um aliado que permitiria uma aliança com o Brasil nesse campo passando por cima do Itamaraty. O acordo assinado somente em 2010, de fato, colocou o ministério da Defesa como único responsável pelas medidas necessárias para por em prática a cooperação entre Brasil e EUA.

O comportamento de Jobim descrito por Sobel nos telegramas confidenciais vazados ontem mostra que, na tentativa de assegurar a confiança dos americanos, o ministro chegou a entrar em detalhes sobre o delicado tema da doença de Evo Morales, tratado com Lula durante visita do brasileiro a La Paz, em janeiro de 2009. Jobim, diz Sobel, teria dito que Lula ofereceu a Morales exames e tratamento em um hospital de São Paulo.

Embora houvesse relatos públicos de que Morales sofria de "sinusite aguda", Jobim, segundo Sobel, teria dito que os problemas sentidos pelo boliviano eram "na verdade, causados por um sério tumor e a cirurgia seria uma tentativa de removê-lo". Jobim teria dito, inclusive, que o tumor poderia explicar por que Morales parecia extraordinariamente distraído nos encontros da época. O tratamento teria sido adiado, porém, segundo o ministro, até o referendo constitucional previsto para o fim daquele mês, na Bolívia. Valor Econômico

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Oposição parlamentar critica, mas não consegue articular ações contra o projeto

No que depender de articulação da oposição, o governo pode ficar tranquilo que o trem-bala já é um fato consumado. A série de questionamentos acerca da viabilidade financeira do projeto não foi suficiente para sensibilizar senadores e deputados. Os poucos que se colocaram contra a empreitada mais cara dos oito anos do governo Lula não conseguiram fazer coro.

"Acho difícil qualquer mudança de rumo neste momento. O governo disse claramente que está disposto a cobrir qualquer conta para levar o projeto adiante", diz o senador Eliseu Resende (DEM-MG), vice-presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, presidida pelo senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), da base aliada. Collor, procurado, não comentou o assunto.

Se o projeto não provoca debate, a garantia de financiamento subsidiado pelo BNDES com recursos da União foi o mote encontrado por alguns poucos parlamentares para criticar a obra. "É onde podemos agir, no questionamento dessas garantias absurdas que o governo quer dar para viabilizar o trem-bala", diz o senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA).

Na semana passada, o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação direta de inconstitucionalidade contra a Medida Provisória 511, que garantiu recursos de até R$ 20 bilhões para o financiamento por meio do BNDES, mas ele próprio confessa não ter muitas expectativas de que a ação prospere. "A realidade é que a oposição está em crise de identidade e perdeu a capacidade de criticar", diz. "Ela perdeu a confiança em si e continua em sua paralisia, vendo o governo costurar alianças com as grandes empreiteiras."

O projeto do trem de alta velocidade passou pelo crivo do Tribunal de Contas da União, que ratificou sua viabilidade financeira. Foram 18 meses de análise e uma dezena de reuniões técnicas para ajustar o projeto, o que culminou na recomendação de que a tarifa-teto do percurso entre Rio e São Paulo fosse reduzida de R$ 217 para R$ 199.

As aspirações que levaram o governo a encampar o projeto do trem-bala em setembro de 2007, quando o presidente Lula viajou em um transporte desse tipo entre as cidades espanholas de Madri e Toledo, ganharam força com a confirmação do Brasil para ser sede a Copa do Mundo de futebol de 2014 e da Olimpíada em 2016. Poder viajar 511 km de distância em uma hora e meia seria crucial nesses eventos esportivos. Os prazos já foram revistos e agora o governo admite sua conclusão só em 2017.

Além do prazo de execução da obra, há dúvidas sobre o custo do projeto. Os consórcios acham que o preço de R$ 33,1 bilhões é subestimado. A exceção é o coreano, o mais bem cotado na disputa.

A comparação com o setor ferroviário indica o que representa o custo do trem-bala. Nos últimos 14 anos, desde a privatização da malha ferroviária no país, as concessionárias que atuam no setor investiram R$ 22 bilhões em 28,5 mil km de malha ferroviária. A malha, ainda assim, não é suficiente. O escoamento de carga do país necessita de mais 50 mil km de trilhos.

"Corremos o risco de que aconteça no Brasil o que estamos assistindo na Itália", diz Mansueto Almeida Júnior, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Orçado em € 30 bilhões, o "Treni Alta Velocita" (TAV) começou a ser construído em 1991, com a participação de 57% da iniciativa privada e 43% do governo. Em 1998, com as obras atrasadas, o consórcio responsável pela obra caiu fora e o governo italiano teve de estatizar o TAV. Os cofres públicos bancaram € 16 bilhões em dívidas e uma segunda parcela segue em aberto porque o governo reconheceu até agora apenas metade do custo de € 32 bilhões da linha Turin-Milão-Nápoles. "Além de ser considerado o maior investimento público da história na Itália, o projeto também é o de maior risco fiscal para o país", diz Almeida Júnior.
Valor

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

No Twitter, Xico Graziano ataca Aécio

Coordenador do programa de Serra ironiza derrota em Minas; tucanos reagem a crítica de Lula a seu candidato

Era perto das 20 horas. Ainda não estava confirmada a vitória de Dilma Rousseff, mas no Twitter o coordenador do programa de governo de José Serra, Xico Graziano, já tinha começado a lavar a roupa suja da campanha tucana, mandando uma indireta ao senador eleito Aécio Neves. "Perdemos feio em Minas Gerais. Por que será!?", ironizou.

O presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra, saiu em defesa de Aécio. "Não faz o menor sentido, não posso concordar com isso", disse, sobre a suposta traição do mineiro. Depois, repreendeu Graziano. "Ele não tem autorização do partido para falar uma coisa dessas e está completamente equivocado."

Horas antes, ao votar numa escola da zona sul de Belo Horizonte, o senador eleito já tinha se adiantado a cobranças sobre seu papel na campanha. "Fizemos nosso dever de casa. Apoiamos Serra com todo entusiasmo."

Aécio foi generoso nos elogios ao presidenciável, definido como "um leão" e "um lutador" na campanha. "O seu esforço pessoal, físico, foi enorme. Ele fez o que poderia fazer. É claro que, depois que termina uma eleição, você sempre encontra problemas aqui, acolá. Mas eu acho que o saldo final é muito positivo."

A movimentação dos oposicionistas ontem não se limitou ao fogo amigo. Eles também revidaram a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que Serra saiu da eleição "menor" do que entrou. "Quem sai menor é o Lula, pela forma como ele se envolveu na eleição, quebrando as regras do decoro presidencial e da própria legislação", disse o senador eleito por São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira.

O candidato a vice de Serra, Índio da Costa (DEM-RJ), também disse que quem encolheu politicamente foi Lula. Para ele, o presidente "sai do tamanho de um Playmobil" da campanha.

A manifestação mais extensa sobre o assunto partiu do próprio Aécio, em nota divulgada depois da confirmação da eleição de Dilma. "O PSDB sai das eleições maior do que entrou. E isso é bom para o Brasil."

"O PSDB se orgulha do candidato e das propostas que apresentou ao País", disse o ex-governador no texto. "Ao defender os valores democráticos e éticos, ao criticar o aparelhamento da máquina pública, o PSDB se transformou na voz de setores importantes da nossa sociedade, que levaram as eleições presidenciais para o segundo turno."

Apontado como futuro líder da oposição no Congresso, Aécio já deu sinais do papel que pretende exercer. Afirmou que pretende costurar apoios para criar uma agenda própria do Parlamento, evitando a "submissão" ao Executivo. Também pediu uma mudança de atitude do PSDB. "Temos de ampliar nosso leque de alianças, que não pode ficar exclusivamente com DEM e PPS." /

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Na eleição de Obama internet serviu mais à mobilização do que a ataques de candidatos


O uso da internet pelo hoje presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, marcou as eleições presidenciais de 2008 e lançou para o Brasil a expectativa de que o fenômeno pudesse se repetir nas eleições deste ano. Mas já ao iniciar a sua ofensiva cibernética Obama se deparou com cenário diferente do brasileiro: segundo dados compilados pelo cientista político Wilson Gomes, professor de Comunicação Social na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em seu artigo Politics 2.0 - a campanha online de Barack Obama, 35% dos eleitores americanos já haviam assistido a vídeos on line em junho de 2008 e 10% usavam a rede social Facebook para atividades políticas.

No ano em que Obama se elegeu, nada menos que 200 milhões de americanos, ou 73% da população adulta do país, tinha acesso regular à internet. A rede de vídeos You Tube e a de microblogs Twitter haviam sido criadas em 2006. O objetivo do candidato democrata era mobilizar o eleitorado, sobretudo o jovem, a votar e a contribuir financeiramente com a campanha de Obama. Um dos criadores do Facebook, Chris Hughes foi contratado, e uma rede social própria foi criada a MyBO. O então candidato chegou a ter 4,6 milhões de amigos nas redes de relacionamento.

A campanha de Obama montou três canais de vídeo no You Tube, que é o terceiro site mais visitado da internet no mundo. Foram postados nada menos que 1,8 mil vídeos, que tiveram 20,6 milhões de acessos. No Flickr, um site de armazenamento de fotos, foram colocadas 53 mil imagens da campanha. Sua conta no Twitter chegou a 144 mil seguidores.

O candidato investiu em publicidade para buscas patrocinadas no Google. Quem usasse o buscador da internet para informações sobre saúde pública, por exemplo, via a página do candidato como um dos primeiros links. O uso de mensagens SMS por telefone celular, instrumento pelo qual Obama informou em primeira mão a escolha do vice-presidente Joe Biden, também não foi pequeno: 803 milhões de mensagens foram expedidas.

Pouco disso foi usado para campanhas de desconstrução da imagem do adversário John McCain, ainda que Obama tenha usado a rede na internet para reagir a ataques. Sobretudo nas primárias, Obama utilizou a internet como instrumento mobilizar e não é possível compreender a sua eleição sem analisar a sua atuação na rede virtual, disse Antonio Lavareda, cientista política e dono do instituto de pesquisas Ipespe

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

José Serra quer acabar com a plantação de fumo no Rio Grande do Sul

Conhecido nacionalmente pelas restrições ao cigarro que patrocinou quando ministro da Saúde e governador de São Paulo, José Serra (PSDB) tenta amenizar a fama de antitabagista para ganhar o voto de agricultores do Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro de fumo.Mas, corre a notícia que José Serra além de não dar encentivo para os agricutores nessa área, também quer acabar com o plantio de fumo

Agora, depois que foi descoberto a idéia de José Serra os aliados do tucano estão fazendo circular uma carta em que o candidato promete assistência técnica e crédito para as lavouras de tabaco.

No Estado, responsável por cerca de metade da produção nacional, Dilma Rousseff (PT) venceu o primeiro turno por 47% dos votos válidos, contra 41% de Serra.

A vantagem da petista foi mais ampla nas regiões gaúchas que mais dependem economicamente do fumo.

Dilma superou Serra nas dez cidades que lideram a produção no Rio Grande do Sul e, em oito deles, com percentuais entre 56% e 81%. Em Venâncio Aires, campeã nacional da cultura, ela bateu o tucano por 67% a 23%.

Trata-se de uma inversão do resultado de 2006, quando o tucano Geraldo Alckmin prevaleceu sobre Lula em 9 dos 10 principais municípios fumageiros gaúchos.

A carta é um antídoto contra boatos de que Serra, se eleito, trabalharia para extinguir a produção de fumo.

Serra também tenta musar o discurso para conseguir votos:"Minha luta contra os malefícios do cigarro são notórias, desde quando comandava o Ministério da Saúde. Jamais, porém, combati nem denegri o agricultor que luta, através da produção de fumo, para garantir o sustento de sua família", diz Serra em trecho do documento.

"Em algumas cidades, a Dilma teve mais de 80% dos votos. Por isso pedimos que a carta fosse redigida", afirma o deputado ruralista Luís Carlos Heinze (PP-RS).

O Brasil é o segundo maior produtor e o principal exportador mundial de fumo. O Sul concentra 90% da atividade.

sábado, 23 de outubro de 2010

PSDB recua e desiste de mover ação contra presidente

Um dia depois de anunciar que questionaria na Justiça o presidente Lula por ter declarado que a agressão sofrida por José Serra na última quarta, no Rio, foi uma "farsa", o PSDB recuou e desistiu de interpelar o presidente.

A campanha de Serra, porém, decidiu entrar com representação na Procuradoria-Geral da República por crime eleitoral contra dois militantes do PT, acusados de ter impedido Serra de fazer propaganda eleitoral.

São eles o candidato a deputado estadual pelo PT Sandro Alex de Oliveira Cezar e o diretor do Sindicato dos Agentes de Combate a Endemias José Ribamar de Lima.

O senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, que anteontem afirmou que o partido entraria na Justiça contra o presidente, não comentou o recuo: "Por enquanto não vamos fazer nada [em relação a Lula]. Do ponto de vista legal, o que o partido tinha que fazer foi feito agora".

Segundo o advogado da coligação, Ricardo Penteado, a representação contra Lula não é urgente: "Precisa aplicar multa no Lula para deixar o Serra andar em paz?"

Penteado diz não saber se efetivamente tomará alguma medida judicial contra Lula.

Já o médico Jacob Kligerman, que atendeu Serra após o confronto, disse esperar retratação de Lula e não descarta uma ação judicial contra ele. "Não posso permitir que eu seja acusado de farsante", afirmou o médico.

Nos discursos, líderes da campanha foram unânimes ao acusar Lula de estimular a violência. "Nós queremos responsabilizar o presidente da República por qualquer ato de violência que aconteça", disse o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP).

O ex-senador Jorge Bornhausen (DEM-SC) disse que, "Lula é o aloprado de 2010". A agressão contra Serra foi chamada pelo senador eleito Aloysio Nunes (PSDB-SP) de "tecnologia fascista".

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Serra e Maia. Dois demagogos e mentirosos

Qualquer cidadão tem que se indignar com a violência, mas também deve se indignar com campanhas políticas baixas, seja de que lado for. É notório, e nós cariocas sabemos bem disso, que o sr. Cesar Maia é o maior criador de factoides da política brasileira.

Agora, cruzar 50 km do Rio de Janeiro para ser atendido por um cancerologista, após uma pancada na cabeça, é no mínimo curioso. Mas é isso que existe no Brasil.

A polícia deve intimar para prestar depoimento o filho da deputada estadual eleita Lucinha, do PSDB. Conhecido como Júnior, ele é apontado pelos petistas como um dos agressores dos manifestantes a favor de Dilma. Segundo policiais, ninguém do PSDB registrou queixa pela agressão sofrida por Serra.

O PSDB já definiu quem responsabilizar pelo incidente envolvendo Serra. O partido pretende processar dois dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores no Combate às Endemias que lideravam a manifestação. Um deles é Sandro Alex de Oliveira Cezar, de 36 anos, conhecido como Sandro Mata-Mosquito, que disputou a eleição para deputado estadual como candidato do PT. Recebeu 5.404 votos e não se elegeu. Agente de saúde, ele diz trabalhar nas visitas domiciliares a serviço da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para combater a proliferação da dengue na Baixada Fluminense.

Além disso, ele responde como secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores no Combate às Endemias (SintsaúdeRJ) desde 2005.

- Sou servidor público da Funasa e já trabalhei em todas as funções dos agentes de campo, com bomba nas costas, no fumacê - conta Oliveira Cezar, que mora em Campo Grande.

Outro alvo do departamento jurídico do PSDB é José Ribamar de Lima, de 42 anos, diretor do SintsaúdeRJ. Ele diz atuar na função de agente de campo na coordenadoria da Funasa no Rio de Janeiro, localizada no bairro da Saúde.

- Fui contratado pela Funasa em 95, mas acabei demitido quatro anos depois, quando o Serra era Ministro da Saúde. Fui readmitido em setembro de 2003 - diz Ribamar de Lima.

Os dirigentes sindicais cogitam protestar contra o tucano amanhã no Rio, na caminhada do PSDB em Copacabana.
 

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