Ao procurar o PT para negociar a sucessão de Severino, alguns opositores revelam o um temor: o de que Severino revele o que sabe. No governo FHC, era ele o responsável por falar com seus companheiros do baixo clero, com a liberdade de quem conhece a linguagem e as reivindicações desse interlocutor.
Tudo indica que Severino Cavalcanti seja realmente corrupto, mas subempreiteiro da corrupção. Corresponde, no Parlamento, a tipos como Waldomiro Diniz e Maurício Marinho, operadores na ala executiva do poder. Não tendo acesso aos grandes negócios nacionais, como a eles tiveram acesso personalidades destacadas do governo passado, Severino trabalhava no rés do chão, a ponto de exigir participação fixa nos restaurantes da Câmara. Isso, bem se entenda, se provado for.
Vindo de João Alfredo, em Pernambuco, tendo feito, como tantos de seus conterrâneos pobres, a aventura paulista, Severino retornou à sua cidade, a fim de se dedicar à política. Eleito deputado federal, surpreendeu pela rápida liderança que assumiu entre os marginalizados da Câmara dos Deputados. Como em todos os parlamentos do mundo (o Brasil nunca foi exceção) há os que contribuem com suas idéias e os que só podem contribuir com o voto.
Severino se encontra entre os que votam. Já que devem votar, e não dispõem normalmente de idéias, os membros do baixo clero tratam de obter o máximo pela sua possibilidade de decidir na construção de maiorias. Quase sempre, procuram encaminhar recursos para obras visíveis em sua região eleitoral, e de vez em quando tratam de arrecadar dinheiro vivo.
A grande utilidade de Severino, no governo Fernando Henrique, era a de falar com os seus companheiros do baixo clero com a liberdade de quem conhece a linguagem e as reivindicações do interlocutor. Pôde, assim, agir como habilíssimo operador do Sr. Sérgio Motta, na aquisição de votos para as emendas de interesse do presidente, entre elas, a principal, da reeleição.
É nesses fazeres e saberes do parlamentar que se encontra o grande temor dos tucanos. Severino nada tem a perder, porque já terá perdido tudo, ao ter, como se espera, o mandato cassado, passo necessário à sua defenestração do cargo de presidente da Câmara. Está, portanto, disposto a contar tudo o que sabe, e o que sabe não é pouco: é muito.
Por isso, nas últimas horas, alguns oposicionistas tentam, ao negociar com o PT a sucessão de Severino, armar um esquema para desmoralizar todas as informações novas sobre os escândalos que o pernambucano trouxer. É previsível que Severino fale de todos e contra todos, no momento em que até o seu protegido político, o Sr. Ciro Nogueira, lhe admite a degola. Já há mesmo quem, no propósito de invalidar suas prováveis denúncias, identifiquem, no discurso tatibitate do presidente da Câmara, sinais de perturbação mental, eventuais em sua idade.
Por mais rápido e sumário venha a ser o processo de seu afastamento, há prazos regimentais rígidos, e isso fará da próxima semana uma estação de novas angústias. Agosto, como se vê, não acabou no último dia 31: montou-se na garupa de setembro e vem dirigindo os fados.
Tudo indica que Severino Cavalcanti seja realmente corrupto, mas subempreiteiro da corrupção. Corresponde, no Parlamento, a tipos como Waldomiro Diniz e Maurício Marinho, operadores na ala executiva do poder. Não tendo acesso aos grandes negócios nacionais, como a eles tiveram acesso personalidades destacadas do governo passado, Severino trabalhava no rés do chão, a ponto de exigir participação fixa nos restaurantes da Câmara. Isso, bem se entenda, se provado for.
Vindo de João Alfredo, em Pernambuco, tendo feito, como tantos de seus conterrâneos pobres, a aventura paulista, Severino retornou à sua cidade, a fim de se dedicar à política. Eleito deputado federal, surpreendeu pela rápida liderança que assumiu entre os marginalizados da Câmara dos Deputados. Como em todos os parlamentos do mundo (o Brasil nunca foi exceção) há os que contribuem com suas idéias e os que só podem contribuir com o voto.
Severino se encontra entre os que votam. Já que devem votar, e não dispõem normalmente de idéias, os membros do baixo clero tratam de obter o máximo pela sua possibilidade de decidir na construção de maiorias. Quase sempre, procuram encaminhar recursos para obras visíveis em sua região eleitoral, e de vez em quando tratam de arrecadar dinheiro vivo.
A grande utilidade de Severino, no governo Fernando Henrique, era a de falar com os seus companheiros do baixo clero com a liberdade de quem conhece a linguagem e as reivindicações do interlocutor. Pôde, assim, agir como habilíssimo operador do Sr. Sérgio Motta, na aquisição de votos para as emendas de interesse do presidente, entre elas, a principal, da reeleição.
É nesses fazeres e saberes do parlamentar que se encontra o grande temor dos tucanos. Severino nada tem a perder, porque já terá perdido tudo, ao ter, como se espera, o mandato cassado, passo necessário à sua defenestração do cargo de presidente da Câmara. Está, portanto, disposto a contar tudo o que sabe, e o que sabe não é pouco: é muito.
Por isso, nas últimas horas, alguns oposicionistas tentam, ao negociar com o PT a sucessão de Severino, armar um esquema para desmoralizar todas as informações novas sobre os escândalos que o pernambucano trouxer. É previsível que Severino fale de todos e contra todos, no momento em que até o seu protegido político, o Sr. Ciro Nogueira, lhe admite a degola. Já há mesmo quem, no propósito de invalidar suas prováveis denúncias, identifiquem, no discurso tatibitate do presidente da Câmara, sinais de perturbação mental, eventuais em sua idade.
Por mais rápido e sumário venha a ser o processo de seu afastamento, há prazos regimentais rígidos, e isso fará da próxima semana uma estação de novas angústias. Agosto, como se vê, não acabou no último dia 31: montou-se na garupa de setembro e vem dirigindo os fados.