Concessionárias só têm interesse no filé mignon das rodovias, avalia CNT
O presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade, avaliou a iniciativa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de fazer pesados investimentos na malha rodoviária brasileira como uma tentativa “audaciosa” de melhorar a situação dos últimos 15 anos.
Este foi um período, segundo ele, que as rodovias federais não receberam investimentos significativos do Estado e um crescimento econômico como o proposto pelo presidente Lula vai exigir a melhoria das vias para o escoamento da produção.
O PAC prevê R$ 55,4 bilhões para investimento no setor de transportes até 2010. Cerca de 42 mil quilômetros que receberão melhorias. Entre as obras previstas, a CNT destacou como importantes no esforço de garantir vias de escoamento para o aumento da produção a duplicação de 3 mil quilômetros de estradas, e as rodovias federais de Minas Gerais e nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, além da pavimentação da BR-135.
Para Clésio Andrade, ao contrário do que se divulga, a privatização das rodovias não pode ser vista como solução para o sistema rodoviário brasileiro.
Pelos cálculos do presidente da CNT, apenas 10% dos 80 mil quilômetros da malha brasileira são de interesse das concessionárias. “Há o interesse somente nesses 10% de todo o sistema rodoviário, pois o restante não apresenta viabilidade econômica, ou seja, o fluxo de veículos para o pagamento de pedágios não seria suficiente para a manutenção daquela rodovia”.