O Banco Mundial (Bird) aprovou ontem um plano de parceria com o Brasil que prevê empréstimos no valor de US$ 7 bilhões nos próximos quatro anos. O plano estabelece uma mudança completa no relacionamento do banco com o País - em vez de emprestar ao governo federal, o Bird passa a conceder empréstimos principalmente para governos estaduais; em vez de auxiliar na identificação de projetos, o Bird vai se focar em áreas apontadas pelo governo brasileiro como prioritárias. A diretoria do banco aprovou a liberação de US$ 1,6 bilhão neste ano.
O plano deve servir de modelo para o novo relacionamento do banco com países de renda média, como Rússia e China. “Hoje (ontem) de manhã, durante a reunião do conselho, os russos já se manifestaram, querem adotar essas mudanças também”, disse John Briscoe, diretor do Banco Mundial para o Brasil. Segundo ele, o Brasil fez muito progresso na área econômica. “E o banco precisou se adaptar às novas necessidades do País.”
De acordo com o diretor, o relacionamento mudou porque os Estados, depois de terem suas finanças saneadas, têm mais espaço para investir, respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Os focos de empréstimos são projetos em agricultura, infra-estrutura, desenvolvimento sustentável. Segundo Briscoe, o banco também começou a discutir questões que eram consideradas “tabu”, como financiamento para geração de energia nuclear e projetos de desenvolvimento na Amazônia (em áreas que já foram desmatadas).
O banco vai investir em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em projetos para diminuir a diferença entre o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Nordeste e do Brasil como um todo; e para reduzir pela metade a taxa de desmatamento da região amazônica.
Briscoe disse que a estratégia identifica muitas áreas onde o Brasil não precisa mais da assistência do banco e outras onde uma combinação de conhecimento, financiamentos e o “selo de aprovação” do Bird pode contribuir para o desenvolvimento do País.
A parceria também identifica novas maneiras de outros países em desenvolvimento se beneficiarem da experiência do Brasil em áreas como federalismo fiscal, biocombustíveis, energia limpa, Aids e programas de transferência condicional de renda.
No total de US$ 1,6 bilhão que o Banco Mundial vai liberar para o Brasil neste ano, estão três empréstimos: o segundo Programa de Parceria para o Desenvolvimento de Minas Gerais, que vai receber US$ 976 milhões, o segundo Projeto de Extensão do Programa Saúde da Família, com US$ 84 milhões, e o projeto de Trens e Sinalização de São Paulo, com US$ 550 milhões.