sexta-feira, 3 de outubro de 2008

'Sistema bancário do Brasil é sólido'


O sistema bancário brasileiro “é um dos mais sólidos entre os países emergentes” e está “bem capitalizado”, afirmou ontem ao Estado Charles Dallara, diretor-gerente do Institute of International Finance (IIF), espécie de federação mundial de bancos. Segundo Dallara, o País está bem preparado para enfrentar a turbulência mundial. “O Brasil é um bom exemplo de um país que avançou e está muito mais resistente”, disse Dallara. “Mas é claro que, por ser parte do sistema financeiro global, será afetado. Mas não esperamos nenhum problema maior.”

Em carta ao IMFC, o comitê internacional de ministros das finanças, o IIF afirmou que “o grande uso de dinheiro público” será essencial para estabilizar os mercados financeiros. “Algumas empresas ainda conseguem levantar recursos, mas muitas precisarão de injeções de capital do governo, talvez temporárias”, diz a a carta ao IMFC, entidade que supervisiona a atuação do Fundo Monetário Internacional (FMI). O FMI realiza sua reunião anual na semana que vem.

Dallara afirmou que é preciso aprovar “urgentemente” o pacote de resgate do governo americano. Mas ele acredita que provavelmente será necessário injetar mais dinheiro público nos bancos, após usados os US$ 700 bilhões para comprar os ativos podres e limpar os balanços das instituições. “Depois que esses ativos podres forem tirados dos balanços dos bancos, ainda será necessário recapitalizar essas instituições”, disse Dallara. “Bancos médios nos EUA e na Europa estão em estado de deterioração.” Segundo ele, espera-se que os recursos do governo sejam complementados por dinheiro de fundos soberanos e fundos de pensão na recapitalização das instituições.

AÇÃO INTERNACIONAL

Dallara exortou as autoridades européias a também agirem. “Ações internacionais sistêmicas e coordenadas são essenciais neste momento.” Segundo ele, a Europa deveria iniciar um programa de recapitalização de seus bancos. Isso seria mais adequado do que começar comprando títulos podres, uma vez que os bancos europeus não sofrem tanto com esse problema.

Entre outras medidas de emergência sugeridas pelo IIF está a ampliação das linhas de crédito oferecidas pelos bancos centrais e oferta de garantias para os empréstimos interbancários.

Dallara afirmou que o FMI deveria adaptar seu papel à crise atual e funcionar como uma entidade de estabilização. “As estruturas do FMI não são adequadas para lidar com os desafios atuais.” Segundo ele, o FMI deveria “superar o estigma de ajudar países do G-7 em épocas de stress.” O Fundo poderia liderar uma coordenação entra bancos centrais do mundo para reduzir taxas de juros, exemplificou Dallara.

O IIF se reúne em Washington na semana que vem. O encontro terá um número recorde de participantes neste ano de crise, acreditam os organizadores.

0 Comentários em “'Sistema bancário do Brasil é sólido'”

Postar um comentário

 

Consciência Política Copyright © 2011 -- Template created by Consciência Política --