A isolada liderança de Geraldo Alckmin (PSDB) para a sucessão do governo paulista em 2010 não tem sido suficiente para que seu nome tenha a unanimidade de seu partido, muito menos de seus principais aliados, DEM e PMDB. Há uma crescente mobilização para viabilizar a candidatura do seu correligionário, o secretário-chefe da Casa Civil de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, distante de Alckmin quase 50 pontos nas pesquisas.
O cenário lembra o de 2008, quando os tucanos se dividiram entre a candidatura à reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e a de Alckmin. Um ano depois, quem apoiou Kassab está com Aloysio. Já o grupo de Alckmin comporta dissidências.
Em razão disso, há no partido a certeza de que só o governador José Serra (PSDB) pode arbitrar o embate interno entre seus dois secretários e impedir a realização de prévias ou de uma convenção, se avaliar que isso pode atrapalhar sua campanha a presidente da República. A prioridade, por ora, é consolidar seu nome para a disputa ao Planalto, em uma composição com o governador mineiro, Aécio Neves (PSDB). Isso deve ser feito até janeiro. Depois, focará no cenário estadual até o final de março, prazo final para Alckmin e Aloysio se desincompatibilizarem de seus cargos.
Não havendo definição, o processo pode se estender até a convenção, em junho. O embate, porém, é dado como certo. "Vai ter disputa interna. Não há nenhum problema em passarmos por isso", afirma o líder do governo na Assembleia, Vaz de Lima (PSDB), historicamente ligado a Aloysio.
Até que a disputa seja explícita, o trabalho é nos bastidores, onde Aloysio tem liderança absoluta. Seus apoiadores apostam na força da máquina do governo paulista - da qual Aloysio é o gerente - e na rejeição a Alckmin, no partido e entre os aliados, para construir sua candidatura.
Cálculos do PSDB mostram que na Câmara Municipal de São Paulo, dos 12 vereadores, apenas um tem apoio declarado a Alckmin: seu ex-secretário de Assistência Social, Floriano Pesaro. O ex-governador tinha outro vereador ao seu lado, seu também ex-secretário de Educação Gabriel Chalita que, sem espaço no partido, assina amanhã sua ficha de filiação ao PSB para concorrer ao Senado. Na Assembleia Legislativa, dos 23 deputados, o cálculo é de que 21 estão com Aloysio. A bancada federal se divide, mas ainda assim a preferência é por Aloysio: 9 x 7.
O que explica esse quadro é, primeiro, o relacionamento político-financeiro que Aloysio tem construído com as bases estaduais. É ele o principal responsável pela liberação das emendas parlamentares e pelos convênios assinados entre o Estado e os municípios. Só nos dois primeiros anos do governo, foram liberados cerca de R$ 210 milhões diretamente para prefeitos e R$ 227 milhões para deputados estaduais, ambas dentro de uma rubrica orçamentária específica da Casa Civil, denominada Unidade de Apoio aos Municípios. Na gestão anterior, do próprio Alckmin, os valores dessa rubrica eram, segundo o governo, "muito menores". Cotas orçamentárias para deputados estaduais, hoje em R$ 3 milhões, nem existiam.
Outro fator é o crescente isolamento político-partidário de Alckmin, dentro e fora do PSDB. Sua atuação nos três últimos processos eleitorais levaram a isso. Em 2004, tentou impor seu polêmico secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, como candidato a prefeito, uma figura sem qualquer ligação histórica com o partido.
Dois anos depois, o PSDB sangrou na disputa entre Serra e Alckmin para a candidatura à Presidência. O atual governador ia melhor nas pesquisas, mas Alckmin e seu grupo disseminavam a tese do "candidato natural", uma vez que Serra teria de deixar a prefeitura ao passo que Alckmin estava em seu último ano no governo do Estado.
Mas são das eleições de 2008 que ainda restam as grandes feridas. Parte dos tucanos apoiava Kassab, já que se tratava da manutenção da aliança em que fora eleito em 2004, como vice de Serra. Outra parte, o grupo de Alckmin, se apoiava na liderança nas pesquisas para impor sua candidatura. Ao final, o ex-governador não chegou ao segundo turno.
Muitos dos tucanos que ficaram com Kassab foram chamados de traidores e chegaram a sofrer ameaças de expulsão. Fundador do partido, o secretário paulistano de Esportes e deputado federal licenciado Walter Feldman é um deles. Cauteloso, não se posiciona na disputa mas diz que ela é bem-vinda. "O partido só se fortalecerá na luta interna. O que prejudica o PSDB é ter medo disso. Será uma boa disputa entre os dois."
A formação de uma forte corrente favorável a convenção ou às prévias não é único revés que Alckmin enfrenta. Ele assiste ainda à defecção de antigos aliados. Um exemplo é Tião Farias, muito ligado a Mário Covas e um dos poucos vereadores que em 2008 foram de Alckmin. Lotado na Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos, está com Aloysio. Outros dois alckmistas de carteirinha também desembarcaram, o atual vereador Carlos Bezerra Júnior e o deputado estadual Marcos Zerbini. Procurados, Farias e Bezerra não responderam ao pedido de entrevista. Zerbini disse que "não queria comentar o assunto".
O ex-secretário municipal das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, que ajudou Alckmin nos conflitos internos em 2008, está fechado com Serra. Será uma espécie de assessor político especial do governador. O presidente do PSDB paulistano, José Henrique dos Reis Lobo, ligado a Alckmin e importante ponte entre ele e Serra, enfrenta desprestígio com a base municipal. Tem o diretório, mas não o diálogo com a Câmara e a prefeitura.
No DEM de Kassab, o discurso é de que o apoio é total a quem Serra indicar, embora seja nítido o desconforto com a hipótese de que Alckmin seja esse nome. Um sinal disso é a colocação de Kassab como nome viável ao governo do Estado. O DEM também baseia-se em pesquisas internas que dão viabilidade eleitoral a Kassab no Estado e no crítico cenário nacional que o partido prevê enfrentar em 2010, após oito anos de oposição ao popular presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A opção do PSDB pela candidatura Aloysio deixaria uma porta aberta a Kassab caso o secretário tucano se mostre pouco viável até abril, prazo da desincompatibilização.
Mais próximo aliado de Kassab em Brasília, o deputado federal Guilherme Campos (DEM-SP), ex-vice prefeito de Campinas e coordenador da bancada paulista federal do DEM, diz que o projeto da legenda é fazer Serra presidente e apoiar quem este indicar à sucessão. Afirma ainda que liderança em pesquisa, a um ano das eleições, é irrelevante. "A pesquisa nessa fase pré-eleitoral é um cenário que mede antes o nível de conhecimento do que de viabilidade eleitoral. Não dá para comparar a exposição e a presença na mídia que o Alckmin tem com a do Aloysio. É só pegar o exemplo de 2008, com o Kassab. Alckmin liderava e perdeu. Kassab decolou", afirma.
O PMDB do ex-governador Orestes Quércia também está fechado com Aloysio, que foi homem forte nas duas últimas gestões do partido no Estado. Além disso, há resquícios de 2008. Na campanha, Alckmin, ao criticar a aliança de Kassab com Quércia, disse que o ex-governador "quebrou o Estado".
Em meio às dificuldades, os alckmistas adotaram a seguinte premissa: esquecer os conflitos de 2008, pois eleição para presidente e governador tem nuances diferentes da de prefeito e o foco agora deve ser construir o melhor cenário no Estado para que Serra seja eleito presidente.
"O objetivo é ganhar a presidência e criar cenários para que isso se dê da forma mais favorável possível. Não se pode pensar 2010 com a cabeça de 2008", diz o deputado federal Edson Aparecido (SP), fiel a Alckmin. Para ele, não se pode querer "turbinar cenários que hoje não existem". "As questões que fazem parte de um processo eleitoral para presidente e governador são absolutamente distintas", diz.
O também deputado federal Silvio Torres (SP), do mesmo grupo político, aposta no governador José Serra para unir o partido. "Os problemas são perfeitamente superáveis a partir do momento em que Serra conduzir esse processo. Não vamos nos perder em malquerências do passado. O projeto Serra presidente passa por candidaturas fortes nos Estados. É essa visão amadurecida que precisamos ter", afirma.
A prioridade de fazer Serra presidente é uníssona entre os dois grupos. A diferença é que os defensores de Aloysio acham que seus 2% nas pesquisas podem ser alavancados com certa facilidade. O partido tem a máquina, a aliança tem a quase totalidade dos 645 municípios paulistas e os investimentos em 2010 serão grandes. Por outro lado, se o crescimento nas pesquisas demorar a acontecer, o PSDB corre o risco de enfrentar uma dura eleição no Estado que comanda desde 1995, colocando em risco o projeto principal de voltar ao governo federal. "As atenções não podem estar voltadas para a candidatura a governador, mas sim para presidente. Uma disputa em Sao Paulo dispersaria os esforços", afirma o secretário-geral do PSDB paulista, Cesar Gontijo.
Serra aguarda a definição do cenário até o início de 2009. Precisa, primeiro, compor com Aécio, pois avalia que sem São Paulo e Minas unidos em uma candidatura tucana - trata-se dos dois maiores colégios eleitorais do país - fica difícil se contrapor ao favoritismo petista no Norte e Nordeste. Quer partir de uma base de 70% em seu Estado. Para atingir esse índice precisa de um candidato forte.
"Para Alckmin ter chance precisa se aproximar desses setores que têm reclamações contra ele, caso contrário corremos o risco de DEM e PMDB até fazerem um candidato. Isso pode ser evitado", diz o secretário municipal de Participação e Parceria, Ricardo Montoro (PSDB). Assim como outros tucanos próximos a Kassab, ele também acha que só a pesquisa não será suficiente para dar amálgama à candidatura Alckmin. "Não se iluda com Ibope. Ibope é nível de conhecimento, não é voto definido. Quem acha diferente disso não entende de política."
Procurado por meio de sua assessoria, Alckmin não foi localizado pela reportagem. Em público, tem emitido sinais de composição. Por exemplo, costuma comparecer a eventos em que Kassab está e já conversou com Quércia. Mas ainda que prevaleça seu nome, terá que ceder. O desenho atual, caso isso ocorra, é de que Kassab indique o candidato a vice - possivelmente o secretário estadual de Trabalho, Afif Domingos - e que, para ajudar na campanha de Quércia ao Senado, o PSDB lance apenas um nome ao cargo. Por outro lado, pode avaliar que sua situação no partido está muito difícil e aceitar sair para o Senado ou procurar outra legenda para se candidatar, como fez Chalita ao ir para o PSB. Teria até a próxima semana para fazê-lo.
O cenário lembra o de 2008, quando os tucanos se dividiram entre a candidatura à reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e a de Alckmin. Um ano depois, quem apoiou Kassab está com Aloysio. Já o grupo de Alckmin comporta dissidências.
Em razão disso, há no partido a certeza de que só o governador José Serra (PSDB) pode arbitrar o embate interno entre seus dois secretários e impedir a realização de prévias ou de uma convenção, se avaliar que isso pode atrapalhar sua campanha a presidente da República. A prioridade, por ora, é consolidar seu nome para a disputa ao Planalto, em uma composição com o governador mineiro, Aécio Neves (PSDB). Isso deve ser feito até janeiro. Depois, focará no cenário estadual até o final de março, prazo final para Alckmin e Aloysio se desincompatibilizarem de seus cargos.
Não havendo definição, o processo pode se estender até a convenção, em junho. O embate, porém, é dado como certo. "Vai ter disputa interna. Não há nenhum problema em passarmos por isso", afirma o líder do governo na Assembleia, Vaz de Lima (PSDB), historicamente ligado a Aloysio.
Até que a disputa seja explícita, o trabalho é nos bastidores, onde Aloysio tem liderança absoluta. Seus apoiadores apostam na força da máquina do governo paulista - da qual Aloysio é o gerente - e na rejeição a Alckmin, no partido e entre os aliados, para construir sua candidatura.
Cálculos do PSDB mostram que na Câmara Municipal de São Paulo, dos 12 vereadores, apenas um tem apoio declarado a Alckmin: seu ex-secretário de Assistência Social, Floriano Pesaro. O ex-governador tinha outro vereador ao seu lado, seu também ex-secretário de Educação Gabriel Chalita que, sem espaço no partido, assina amanhã sua ficha de filiação ao PSB para concorrer ao Senado. Na Assembleia Legislativa, dos 23 deputados, o cálculo é de que 21 estão com Aloysio. A bancada federal se divide, mas ainda assim a preferência é por Aloysio: 9 x 7.
O que explica esse quadro é, primeiro, o relacionamento político-financeiro que Aloysio tem construído com as bases estaduais. É ele o principal responsável pela liberação das emendas parlamentares e pelos convênios assinados entre o Estado e os municípios. Só nos dois primeiros anos do governo, foram liberados cerca de R$ 210 milhões diretamente para prefeitos e R$ 227 milhões para deputados estaduais, ambas dentro de uma rubrica orçamentária específica da Casa Civil, denominada Unidade de Apoio aos Municípios. Na gestão anterior, do próprio Alckmin, os valores dessa rubrica eram, segundo o governo, "muito menores". Cotas orçamentárias para deputados estaduais, hoje em R$ 3 milhões, nem existiam.
Outro fator é o crescente isolamento político-partidário de Alckmin, dentro e fora do PSDB. Sua atuação nos três últimos processos eleitorais levaram a isso. Em 2004, tentou impor seu polêmico secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, como candidato a prefeito, uma figura sem qualquer ligação histórica com o partido.
Dois anos depois, o PSDB sangrou na disputa entre Serra e Alckmin para a candidatura à Presidência. O atual governador ia melhor nas pesquisas, mas Alckmin e seu grupo disseminavam a tese do "candidato natural", uma vez que Serra teria de deixar a prefeitura ao passo que Alckmin estava em seu último ano no governo do Estado.
Mas são das eleições de 2008 que ainda restam as grandes feridas. Parte dos tucanos apoiava Kassab, já que se tratava da manutenção da aliança em que fora eleito em 2004, como vice de Serra. Outra parte, o grupo de Alckmin, se apoiava na liderança nas pesquisas para impor sua candidatura. Ao final, o ex-governador não chegou ao segundo turno.
Muitos dos tucanos que ficaram com Kassab foram chamados de traidores e chegaram a sofrer ameaças de expulsão. Fundador do partido, o secretário paulistano de Esportes e deputado federal licenciado Walter Feldman é um deles. Cauteloso, não se posiciona na disputa mas diz que ela é bem-vinda. "O partido só se fortalecerá na luta interna. O que prejudica o PSDB é ter medo disso. Será uma boa disputa entre os dois."
A formação de uma forte corrente favorável a convenção ou às prévias não é único revés que Alckmin enfrenta. Ele assiste ainda à defecção de antigos aliados. Um exemplo é Tião Farias, muito ligado a Mário Covas e um dos poucos vereadores que em 2008 foram de Alckmin. Lotado na Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos, está com Aloysio. Outros dois alckmistas de carteirinha também desembarcaram, o atual vereador Carlos Bezerra Júnior e o deputado estadual Marcos Zerbini. Procurados, Farias e Bezerra não responderam ao pedido de entrevista. Zerbini disse que "não queria comentar o assunto".
O ex-secretário municipal das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, que ajudou Alckmin nos conflitos internos em 2008, está fechado com Serra. Será uma espécie de assessor político especial do governador. O presidente do PSDB paulistano, José Henrique dos Reis Lobo, ligado a Alckmin e importante ponte entre ele e Serra, enfrenta desprestígio com a base municipal. Tem o diretório, mas não o diálogo com a Câmara e a prefeitura.
No DEM de Kassab, o discurso é de que o apoio é total a quem Serra indicar, embora seja nítido o desconforto com a hipótese de que Alckmin seja esse nome. Um sinal disso é a colocação de Kassab como nome viável ao governo do Estado. O DEM também baseia-se em pesquisas internas que dão viabilidade eleitoral a Kassab no Estado e no crítico cenário nacional que o partido prevê enfrentar em 2010, após oito anos de oposição ao popular presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A opção do PSDB pela candidatura Aloysio deixaria uma porta aberta a Kassab caso o secretário tucano se mostre pouco viável até abril, prazo da desincompatibilização.
Mais próximo aliado de Kassab em Brasília, o deputado federal Guilherme Campos (DEM-SP), ex-vice prefeito de Campinas e coordenador da bancada paulista federal do DEM, diz que o projeto da legenda é fazer Serra presidente e apoiar quem este indicar à sucessão. Afirma ainda que liderança em pesquisa, a um ano das eleições, é irrelevante. "A pesquisa nessa fase pré-eleitoral é um cenário que mede antes o nível de conhecimento do que de viabilidade eleitoral. Não dá para comparar a exposição e a presença na mídia que o Alckmin tem com a do Aloysio. É só pegar o exemplo de 2008, com o Kassab. Alckmin liderava e perdeu. Kassab decolou", afirma.
O PMDB do ex-governador Orestes Quércia também está fechado com Aloysio, que foi homem forte nas duas últimas gestões do partido no Estado. Além disso, há resquícios de 2008. Na campanha, Alckmin, ao criticar a aliança de Kassab com Quércia, disse que o ex-governador "quebrou o Estado".
Em meio às dificuldades, os alckmistas adotaram a seguinte premissa: esquecer os conflitos de 2008, pois eleição para presidente e governador tem nuances diferentes da de prefeito e o foco agora deve ser construir o melhor cenário no Estado para que Serra seja eleito presidente.
"O objetivo é ganhar a presidência e criar cenários para que isso se dê da forma mais favorável possível. Não se pode pensar 2010 com a cabeça de 2008", diz o deputado federal Edson Aparecido (SP), fiel a Alckmin. Para ele, não se pode querer "turbinar cenários que hoje não existem". "As questões que fazem parte de um processo eleitoral para presidente e governador são absolutamente distintas", diz.
O também deputado federal Silvio Torres (SP), do mesmo grupo político, aposta no governador José Serra para unir o partido. "Os problemas são perfeitamente superáveis a partir do momento em que Serra conduzir esse processo. Não vamos nos perder em malquerências do passado. O projeto Serra presidente passa por candidaturas fortes nos Estados. É essa visão amadurecida que precisamos ter", afirma.
A prioridade de fazer Serra presidente é uníssona entre os dois grupos. A diferença é que os defensores de Aloysio acham que seus 2% nas pesquisas podem ser alavancados com certa facilidade. O partido tem a máquina, a aliança tem a quase totalidade dos 645 municípios paulistas e os investimentos em 2010 serão grandes. Por outro lado, se o crescimento nas pesquisas demorar a acontecer, o PSDB corre o risco de enfrentar uma dura eleição no Estado que comanda desde 1995, colocando em risco o projeto principal de voltar ao governo federal. "As atenções não podem estar voltadas para a candidatura a governador, mas sim para presidente. Uma disputa em Sao Paulo dispersaria os esforços", afirma o secretário-geral do PSDB paulista, Cesar Gontijo.
Serra aguarda a definição do cenário até o início de 2009. Precisa, primeiro, compor com Aécio, pois avalia que sem São Paulo e Minas unidos em uma candidatura tucana - trata-se dos dois maiores colégios eleitorais do país - fica difícil se contrapor ao favoritismo petista no Norte e Nordeste. Quer partir de uma base de 70% em seu Estado. Para atingir esse índice precisa de um candidato forte.
"Para Alckmin ter chance precisa se aproximar desses setores que têm reclamações contra ele, caso contrário corremos o risco de DEM e PMDB até fazerem um candidato. Isso pode ser evitado", diz o secretário municipal de Participação e Parceria, Ricardo Montoro (PSDB). Assim como outros tucanos próximos a Kassab, ele também acha que só a pesquisa não será suficiente para dar amálgama à candidatura Alckmin. "Não se iluda com Ibope. Ibope é nível de conhecimento, não é voto definido. Quem acha diferente disso não entende de política."
Procurado por meio de sua assessoria, Alckmin não foi localizado pela reportagem. Em público, tem emitido sinais de composição. Por exemplo, costuma comparecer a eventos em que Kassab está e já conversou com Quércia. Mas ainda que prevaleça seu nome, terá que ceder. O desenho atual, caso isso ocorra, é de que Kassab indique o candidato a vice - possivelmente o secretário estadual de Trabalho, Afif Domingos - e que, para ajudar na campanha de Quércia ao Senado, o PSDB lance apenas um nome ao cargo. Por outro lado, pode avaliar que sua situação no partido está muito difícil e aceitar sair para o Senado ou procurar outra legenda para se candidatar, como fez Chalita ao ir para o PSB. Teria até a próxima semana para fazê-lo.