quinta-feira, 11 de setembro de 2008

EUA enviaram 250 caixas de documentos


Delegado Protógenes diz que papéis sobre Dantas se referem ao processo envolvendo a Kroll

O delegado Protógenes Queiroz revelou ontem em Goiânia que recebeu dos Estados Unidos tantos documentos sobre Daniel Dantas que foram necessárias 250 caixas para guardá-los. Os papéis, informou, foram enviados pela Justiça de Nova York e são todos relativos ao processo que investigou a participação do banqueiro na contratação da empresa Kroll, supostamente para espionar sócios em empresas telefônicas dentro e fora do Brasil.

Protógenes, que chefiou a Operação Satiagraha, mas foi afastado sob suspeita de permitir interceptações telefônicas de autoridades sem autorização judicial, confirmou que o ex-araponga do Serviço Nacional de Informações (SNI) Francisco Ambrósio do Nascimento participou da operação como “colaborador eventual”. O delegado participou em Goiânia do lançamento de um movimento de combate à corrupção no País, capitaneado pelo PSOL.

“Pedi (aos EUA) as conclusões do que haviam investigado e eles enviaram tantos documentos sobre a investigação, que foram necessárias 250 caixas para guardá-los. Contratei o Francisco Ambrósio como analista desses documentos. Existe um dispositivo legal que prevê a figura do colaborador eventual. Ele trabalhou, sob meu comando, cumprindo expediente na Polícia Federal, na análise destes documentos”, contou. “Mas não para fazer espionagem, e sim ajudar a catalogar e decifrar os documentos.”

Protógenes acha que alguém, com outras finalidades, está explorando a participação de Ambrósio na Satiagraha. “Ele não teve ligação com as interceptações telefônicas. Nem acesso, porque estava em outro tipo de trabalho.” Os documentos da Justiça de Nova York teriam chegado à PF no fim do ano passado. Daí, a contratação do ex-araponga em janeiro.

Protógenes disse ter informações “de fontes seguras” que a fotografia de Ambrósio que apareceu na capa da revista IstoÉ desta semana foi feita na portaria da Polícia Federal, pelo sistema de identificação dos visitantes. “Não digo que tem alguém da PF passando informações para o outro lado, só que tenho informação, de fonte segura, de que aquela foto é da portaria da Polícia Federal”, disse.

ALGEMAS

O delegado criticou o que chamou de “revisão nos métodos de trabalho” dos policiais, do Ministério Público e do Judiciário. “Que segurança jurídica nós temos hoje? Está sendo criada por uma minoria, uma casta privilegiada. Esses privilégios criam total insegurança, um total desrespeito ao cidadão.”

Um dos problemas, segundo ele, é a súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) que regulamentou o uso das algemas. “Como dar segurança aos cidadãos, se não podemos algemar? Estamos na contramão da história. Nos EUA algemam-se até os pés.” Em seguida, completou: “Chegou o momento em que temos de pensar qual caminho queremos, qual caminho a sociedade brasileira quer.”

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