sexta-feira, 30 de julho de 2010

Com Lula e Dilma no palanque, Genro mostra peso político no RS



Mais do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou a candidata do PT à sucessão presidencial, Dilma Rousseff, foi o candidato petista ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, quem marcou pontos no comício realizado no Gigantinho na noite desta quinta-feira em Porto Alegre. Genro conseguiu dar uma demonstração de prestígio e "peso político" não só por juntar um público de cerca de 10 mil pessoas, naquele que está sendo considerado pelos petistas gaúchos o maior ato de campanha (inclusive de Dilma) até o momento.

Mas também por ter reunido, no mesmo palco, além de Lula e de Dilma, quatro ministros (Márcio Fortes, Alexandre Padilha, Guilherme Cassel e Altemir Gregolin) e dois ex-governadores (o petista Olívio Dutra e o pedetista Alceu Collares, que abriu uma dissidência em seu partido). De quebra, ouviu Lula dizer de público o que almejava há muitos meses. "Quero dizer aqui, em alto e bom som, para que ninguém tenha dúvida, que no Rio Grande tenho número, tenho partido e tenho nome. Sou 13, sou PT e sou Tarso", resumiu Lula.

No Rio Grande do Sul o principal adversário de Genro na eleição é o peemedebista José Fogaça. E o PMDB, como se sabe, na aliança nacional não só está com Dilma, como indicou o vice na chapa, o deputado federal Michel Temer. Apesar disso, o PMDB gaúcho, por ser mais inclinado ao candidato do PSDB à presidência, José Serra, optou pela neutralidade em relação a disputa presidencial, o que teve efeito imediato. Em 6 de julho, quando começou a campanha por Porto Alegre, Dilma já havia deixado claro que seu palanque no Estado era o palanque petista. Faltava Lula.

Para Genro as manifestações públicas de Lula e Dilma têm um "sabor especial" porque acontecem depois de ele ter que ouvir durante cerca de um ano que Dilma teria mais de um palanque no Estado. Quando o acordo com o PMDB nacional já estava consolidado, o ex-ministro por reiteradas vezes precisou responder que a possibilidade de palanque duplo no RS era "natural" e não o incomodava. Após ter certeza de que, pelo menos no primeiro turno, o PMDB não daria espaço a Dilma no Rio Grande do Sul, as lideranças do PT gaúcho, Genro entre elas, usaram da ironia e passaram a cobrar o apoio dos adversários na eleição estadual à candidata petista. Mas, agora, colocam o PMDB na posição em que sempre o consideraram nos pleitos locais: do lado oposto.

Genro ouviu de Lula uma declaração forte de apoio, mas o presidente também não se furtou a tocar em uma questão que é problemática para o PT gaúcho: a política de alianças. Para estas eleições, o partido conseguiu voltar a fechar coligação com dois antigos aliados: o PSB e o PCdoB. E a beliscar apoios no PDT, que integra a aliança com o PMDB no Estado. Mas a costura do acordo com socialistas e comunistas foi difícil. Os hoje novamente aliados acusavam o PT de não dividir espaços e poder e as disputas, internas ou com coligados, são apontadas internamente como responsáveis pelo fato de o partido ter sido desbancado tanto da prefeitura da Capital, Porto Alegre, em 2004 (pelo mesmo José Fogaça), como do governo do Estado, em 2002 (por outro peemedebista, Germano Rigotto, que agora disputa o Senado). E de, em 2006, Olívio Dutra ter perdido o segundo turno para o azarão daquela eleição, a hoje governadora e candidata à reeleição Yeda Crusius (PSDB).

No discurso no Gigantinho Lula foi direto ao ponto: "eu nunca me conformei de o PT estar fazendo campanha neste Estado deixando de lado o PCdoB, o PSB e o PDT", declarou, referindo-se a eleições passadas. "O PT começou a ser derrotado quando se encheu de autossuficiência e pouca humildade e acreditou que não precisava de alianças para ganhar as eleições", emendou.

Ao final do discurso, Lula ainda deu mais uma declaração que os articuladores de campanha de Genro consideraram "desnecessária". Ao falar sobre a passagem do gaúcho pelo Ministério da Educação e das realizações do governo na área, disse que Genro levou para trabalhar com ele no ministério um "gênio" chamado Fernando Haddad e que este (sucessor de Genro na pasta) passará para a história como o maior ministro da Educação que o país já teve.Terra

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