Sem um cabo eleitoral com a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem público, o tucano José Serra abandonou, por ora, o tradicional comício na campanha eleitoral deste ano. Segundo sua equipe, a preferência do candidato do PSDB à Presidência tem sido por caminhadas em que pode ter contato direto com os eleitores e encontros com públicos específicos, como lideranças femininas ou assistentes sociais, nos quais costuma discursar.
Em pouco mais de um mês após o início oficial da propaganda dos candidatos nas ruas, o mais próximo que Serra chegou de um comício foi quando, com um megafone nas mãos, falou a militantes que o seguiam em caminhada pela Boca Maldita, no centro de Curitiba, capital paranaense.
Antes populares por seus palanques recheados não só de políticos em busca de votos, mas também de atrações musicais e distribuição de brindes, os comícios caíram em desuso desde que esses “showmícios” foram proibidos, em 2006. No entanto, a campanha da principal adversária de Serra na disputa, Dilma Rousseff (PT), insiste na fórmula e marcou uma série de comícios em locais que simbolizam a luta contra a ditadura militar.
O vice na chapa de Serra, deputado federal Indio da Costa (DEM-RJ), diz que o processo de comunicação da campanha tucana busca se diferenciar e atingir o eleitor de diferentes maneiras, sem “shows”, como ele define os comícios de Dilma e Lula.
- Hoje em dia é diferente, aquela passeata dos cem mil [ocorrida em 1968, contra a ditadura], talvez tivesse dez mil hoje em dia. O próprio comício deles [PT] lá no Rio de Janeiro foi um fiasco. Disseram que iam cem mil e só foram mil.
Para o candidato a vice, a internet tem sido uma arma poderosa de convencimento da campanha tucana.
- Nossa tática é mostrar nossas propostas e que nós somos capazes de levar a eles o que eles precisam.
Porém, a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), responsável por coordenar a agenda de eventos do tucano, diz que os comícios não estão descartados, embora a campanha não tenha nenhum agendado até o momento.
- Ele [Serra] não fazer [comício] não quer dizer que não vá ter, mas não é prioridade. No estilo de ação dele, a preferência são para encontros diretos com a população, palestras e eventos fechados.
A agenda de Serra, segundo Marisa, é definida de acordo com os convites que o presidenciável recebe dos correligionários nos Estados. Na semana que vem, por exemplo, vai à cidade portuária de Paranaguá (PR) ao lado do candidato tucano ao governo, Beto Richa, para falar de portos.