quinta-feira, 25 de março de 2010

Manifestantes são presos ao vaiar Serra

A Polícia Militar prendeu ontem quatro manifestantes durante evento na área da saúde do qual participava o governador José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência. Os detidos soltos após prestar depoimento na delegacia de Franco da Rocha, na Grande São Paulo integravam grupo de cerca de 30 pessoas ligadas à Apeoesp (o sindicato dos professores de São Paulo), que gritavam palavras de ordem contra a administração Serra.

Na reta final de seu governo ele deixa o cargo no dia 31 para disputar o Palácio do Planalto , o governador enfrenta protestos de servidores. Além de parte dos professores, que entraram em greve no começo de março, delegados da Polícia Civil iniciaram operação padrão anteontem e os servidores da saúde também anunciaram ato no fim do mês contra o governo estadual. Para o Palácio dos Bandeirantes, as iniciativas têm caráter eleitoral.

A Força Tática da Polícia Militar foi acionada para impedir que os manifestantes se aproximassem de Serra. Separados do governador por uma rua e uma plateia de mais de 200 pessoas, eles gritavam: "Abaixo a repressão, professor não é ladrão." O governador fora ao local entregar o Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental, no Complexo Psiquiátrico do Juquery.

A confusão começou quando 40 PMs tentaram afastar os manifestantes do local onde Serra discursava. Com escudos e cassetetes, encurralaram os mais exaltados. O grupo reagiu com empurrões e a PM respondeu com gás pimenta, cacetadas e gravatas, inclusive contra mulheres que participavam do protesto. Quatro manifestantes, acusados de desacato e perturbação à ordem, foram algemados e postos no camburão para depor na delegacia.

Preparo. "Viemos preparados. Na semana passada, tentaram jogar uma pedra no governador", disse o comandante do 23.º Batalhão da PM, José Carlos de Campos Júnior, em referência à visita de Serra a Francisco Morato, onde o carro do governador foi alvejado por um ovo, que também partiu de manifestantes ligados ao sindicato dos professores.

"Chegamos para uma movimentação pacífica. Em nenhum momento tentamos passar o cordão de isolamento", afirmou Omar Pereira, um dos detidos, que disse ser professor de história. Questionado se era filiado a partido, respondeu: "Não somos de partido. Não voto nem em Dilma nem em Serra." A Apeoesp afirmou que os manifestantes presos são ligados à entidade, que reivindica, entre outros pontos, reajuste salarial de 34,3%.

Ao deixar o local, Serra não quis comentar a manifestação. Indagado anteontem sobre a ação dos servidores no fim do seu governo, disse: "Vocês que são analistas, fazem tanto juízo, façam também a esse respeito."

A Secretaria da Educação disse que menos de 1% das escolas está em greve a entidade fala em 60% dos professores. A maior parte das escolas visitadas pela reportagem do Estado nos últimos dias funcionava normalmente. Em nota, a secretaria disse que "ativistas políticos da Apeoesp fazem campanha eleitoral antecipada".

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