O ministro do Planejamento Paulo Bernardo (PT) protocolou, nesta sexta-feira, ação cível por danos morais contra o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), por conta das recentes acusações do governador de que o ministro ofereceu proposta superfaturada para a construção de um ramal ferroviário no Estado. O ministro também apresentou uma representação no Ministério Público Federal e ainda pretende mover uma ação criminal contra Requião, mas, para essa, irá esperar a renúncia do governador. "Todo mundo está dizendo que ele será candidato ao Senado. Para isso terá de renunciar antes de 3 de abril e, aí, perde o foro privilegiado. Então, vamos aguardar até abril para ele responder como um cidadão e não escondido atrás do cargo de governador", disse Bernardo.
No programa Escola de Governo, transmitido pela TV Paraná Educativa, no dia 22 de fevereiro, Requião acusou Paulo Bernardo de tentar superfaturar a obra da construção de um ramal ferroviário no interior do Estado. Segundo Requião, em uma reunião na residência oficial do governador, em 2007, Paulo Bernardo teria sugerido uma parceria público-privada com a América Latina logística no valor de R$ 550 milhões para a construção da linha férrea que, segundo o governador, estava orçada em R$ 150 milhões pelo governo do Estado.
Requião e Bernardo vinham trocando farpas publicamente através do Twitter por conta da discordância do governador com posições políticas tomadas pelo PT na esfera Federal e no Estado. Requião não aceita a provável coligação do PT, que faz parte de seu governo, com o PDT, do senador Osmar Dias, seu adversário político. A briga ficou mais séria quando o governador partiu para as acusações.
"Como o governador acha que tem irregularidade, ele que deveria ter tomado providência e pedido que seja investigado. Como ele não fez isso, eu faço. Vamos examinar se houve proposta superfaturada, se houve 'maracutaia', ou se confirma o que estou afirmando, que ele é um grande mentiroso, que inventou essas coisas todas e com motivação política, disse o ministro, lembrando que sua esposa, Gleisi Hoffmann (PT) deverá ser uma das principais adversárias de Requião na eleição para o Senado.
Ao protocolar a denúncia, Bernardo declarou que não se manifestará mais sobre o entrevero com Requião, "a não ser que surjam fatos novos que exijam meu posicionamento. Não pretendo descer ao nível que o governador Requião tenta me impor", disse, para depois afirmar que, no momento, vê o Paraná sem governo, pois temos um governador que passa 24 horas por dia ocupado com sua campanha e tentando detonar seus supostos adversários. E tudo isso usando a maquina pública, a TV Educativa, a Agência de Notícias". O ministro lembrou que tal prática já levou o governador a arcar com outras multas e indenizações.
Pelo Twitter, Requião debochou das ações do ministro. "Na verdade o Paulo Bernardo deveria aproveitar sua ida ao MP para explicar a estranha proposta de PPP que fez", escreveu. "Era melhor explicar publicamente a proposta que fez e eu recusei. O mais é para desviar atenção", prosseguiu.
Na última segunda-feira, em reunião de sua Executiva Estadual, o PT decidiu sair do governo Requião. No entanto, até agora, nenhum petista pediu demissão. O PT tem dois secretários estaduais (Valter Bianchini - Agricultura - e Lygia Puppato - Ciência e Tecnologia) e, o governador, outros 300 cargos em comissão.