sábado, 18 de julho de 2009

França banca viagem a deputados por lobby


Nos países onde a atividade de lobistas é regulamentada, parlamentares e autoridades do Executivo são obrigados a seguir regras claras sobre o que podem aceitar e o que devem recusar – sejam presentes, sejam viagens ao exterior. No Brasil, onde não há leis escritas, cada caso é um caso e, com frequência, cria-se uma dor de cabeça.

Na semana passada, um grupo de oito deputados federais dos principais partidos viajou para a França a convite do Instituto de Altos Estudos Nacionais para assistir aos festejos pela Queda da Bastilha, celebrada no dia 14 de julho. Foram cinco dias com as despesas pagas pelo governo francês. A visita misturou turismo e reuniões com oficiais franceses, que fizeram palestras sobre as vantagens dos caças Rafale, aviões da fabricante francesa Dassault, que concorre com a americana Boeing e com a sueca Saab para ser o fornecedor de 36 caças à Força Aérea Brasileira (FAB). O negócio, que pode chegar a US$ 5,4 bilhões, deverá ser fechado no segundo semestre e está na reta final. Caberá ao Congresso Nacional votar o orçamento necessário para que o governo possa, enfim, reequipar a FAB.

Parlamentares, no entanto, têm participado extraoficialmente desse debate, embora tecnicamente eles não tenham voz na decisão. Em fevereiro, um pequeno grupo de senadores esteve na Suécia, conhecendo a fábrica do caça Grippen, da fabricante Saab, também a convite da embaixada sueca. Presente à comitiva que foi à França, o presidente da Câmara, Michel Temer, classificou a viagem como parte de um “lobby muito elegante e saudável”.

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