Os primeiros números do programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) - adotado por 55 instituições com o objetivo de dobrar o número de vagas no ensino superior - mostram que a meta deve ser alcançada. A quantidade de inscritos na graduação presencial subiu de 100 mil, em 2000, para 149 mil em 2008.
Programa aplicado às universidades federais fez surgirem vagas, mas burocracia atrapalha
Obrigatoriedade de oferta de cursos noturnos, adoção de cotas sociais e aumento do número mínimo de alunos por professor foram os pontos destacados ontem pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, durante a Conferência Mundial da Educação Superior da Unesco, em Paris, como fundamentais para a efetiva implementação do programa brasileiro de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Adotado pelas 55 instituições federais desde 2008, o programa tem como objetivo dobrar o número de vagas no ensino superior. Ao analisar os primeiros números, é possivel prever que de fato a meta será alcançada. O número de vagas na graduação presencial subiu de 124 mil, em 2006, para 149 mil em 2008. Mas os reitores reclamam que as obras nas instituições não estão acompanhando o ritmo de ingresso de novos alunos porque os processos licitatórios e órgãos fiscalizadores são burocráticos.
– Temos muitos problemas com o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal que aceitam denúncias vazias e anônimas que só atrapalham – afirma o reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Roberto de Souza Salles. – A burocracia é muito grande e os órgão fiscalizadores partem do pressuposto de que todos são desonestos até que se prove o contrário.
A UFF é a instituição que receberá o maior aporte de recursos do Reuni. São R$ 132 milhões para investimento até 2012. Todos os prédios da universidade estão sendo reformados e outros 14 estão sendo construídos.
– É uma reforma que não se fazia há 30 anos – comemora o reitor. – Não temos dúvidas de que alcançaremos as metas. Em 2009 já alcançamos a meta que tínhamos para 2012 de criar dez novos cursos de mestrados e doutorados. No vestibular de 2010, vamos oferecer 5.200 vagas. E, até o final do ano vamos contratar 429 novos docentes.
Estrutura ociosa
O reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar Monteiro de Almeida Filho, também comemora o aumento no número de vagas na instituição. Em 2007, antes da adesão ao Reuni, eram 19 mil alunos. O projeto apresentado pela UFBA previa 37 mil em 2012. O que parecia ambicioso em um primeiro momento, tornou-se realidade muito antes do esperado: a instituição já alcançou a marca de 30 mil alunos. E lançou 41 novos cursos. Para alcançar o feito, a UFBA, assim como a maiorias das federais, criou cursos noturnos. A idéia é usar a estrutura física até então ociosa nesse período do dia.
O número de vagas no período noturno na UFBA subiu de 180, em 2007, para 2.400. Em todo o Brasil, o Reuni permitiu que o número de cursos noturnos de graduação presencial pulasse de 586 em 2006 para 725 em 2008.
A Universidade de Brasília (UnB) também expandiu o número de vagas no período noturno para cumprir as metas do Reuni. Dos nove novos cursos que estavam à disposição no segundo vestibular de 2009, seis são no período da noite. E, segundo a decana de Ensino de Graduação da UnB, Márcia Abraão, a procura por esses cursos já é maior que a dos oferecidos nos períodos matutinos e vespertinos. A UnB também tem procurado ocupar as vagas dos alunos que desistem do curso ou pedem transferência. Com isso, aumentou 50% o número de vagas abertas por transferências facultativas.
Márcia, no entanto, destaca que um problema enfrentado pela UnB está nos baixos salários oferecidos aos técnicos. Segundo a decana, vários desses profissionais contratados no último concurso Reuni feito pela instituição já pediram demissão. E a rotatividade preocupa.
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também expandiu consideravelmente o seu número de vagas. Em 2009, foram inaugurados 20 novos cursos. Para o vestibular de 2010 estão previstas 800 novas vagas. Cursos à noite e uso de auditórios são algumas das ferramentas para abrigar os ingressos.
Segundo o reitor da instituição, Mauro Braga, o único problema enfrentado pela instituição com o Reuni está no pagamento dos alunos bolsistas de pós-graduação.
– Pensávamos que os recursos da bolsa iam ser repassados pela instituição – afirma o reitor. – Mas está sendo feito pela Capes e muitos alunos estão com problemas para receber. A atuação dos bolsistas como monitores são fundamentais para a expansão de vagas.