O presidente americano Barack Obama está interessado em que o Banco Mundial (Bird), depois da crise atual, tenha uma estrutura mais focada em políticas sociais e preocupada com os países pobres do planeta. Para isso, Obama teria proposto para presidência da instituição o nome do presidente brasileiro, o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, a quem define como "o político mais popular do mundo".
A notícia chegou à imprensa na última edição da revista Exame, do grupo Abril. Assinada pelo colunista Marcelo Onaga, a informação não foi confirmada nem desmentida pelo governo nem pelos setores da diplomacia. Questionado pelo jornal espanhol El País, o chefe do gabinete de imprensa de Lula, o diplomata Marcelo Baumbach, respondeu:
– Para a Presidência da República, o assunto deve ser tratado como rumor, sobre o qual não cabe fazer comentários.
Em sua coluna, Onaga escreve: "representantes do presidente americano teriam consultado informalmente pessoas próximas a Lula para saber qual seria a reação do presidente brasileiro ao convite (para presidir o Bird). Ouviram que, no mínimo, Lula se sentiria honrado".
Consultado por telefone, o jornalista confirmou que sua fonte foi o Departamento de Estado americano, ainda que a notícia não seja ainda oficial. A pessoa próxima a Lula consultada pelos assessores de Obama seria alguém de total confiança do presidente, segundo Onaga.
Lula é conhecido como um político latino-americano que soube conciliar – como ressaltou anteontem Maurício Funes em seu discurso de posse como presidente de El Salvador – uma política econômica severa com políticas sociais de grande alcance. O novo presidente salvadorenho afirmou em seu discurso que ele se inspirou na política de dois presidentes: Obama e Lula.
Se confirmada, a presidência de Lula no Banco Mundial seria a primeira vez em 65 anos que à frente da instituição estaria um não americano. O mandato do atual presidente, Robert Zoellick, termina em 2011 e Lula deverá deixar o seu cargo exatamente em janeiro de 2011.
Lula, que não fala inglês, seria uma figura simbólica no Banco Mundial, que representaria uma alma nova na instituição, com aspecto social, e faria com que Obama oferecesse ao mundo uma espécie de redenção de uma instituição acusada tantas vezes de fazer uma política voltada aos mais ricos do planeta. O presidente brasileiro já criticou várias vezes a política elitista do Bird.