terça-feira, 18 de maio de 2010

Com economia em forte expansão, país abre 962 mil vagas entre janeiro e abril

Influenciada pelo forte nível de atividade no setor de serviços, na indústria, na construção civil e na agropecuária, a economia brasileira gerou 305 mil vagas de trabalho com carteira assinada no mês passado, resultado recorde para meses de abril. O desempenho elevou para 962,3 mil o número líquido de postos abertos no primeiro quadrimestre, o maior para esse período desde 1992, início da série do Ministério do Trabalho.

Com a performance acima do previsto para os primeiros quatro meses de 2010, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, elevou de 2 milhões para 2,5 milhões a meta do ano para a oferta de empregos com registro em carteira (descontadas as demissões). A revisão se baseia na análise de que o mercado de trabalho reage neste ano às maiores contratações em decorrência do maior ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), e à recomposição de quadros nas empresas após as dispensas motivadas pela crise.

"Reavaliamos a meta, porque houve demissões e contenção nas contratações em 2009, principalmente no setor industrial. Este ano, o setor está sendo obrigado a fazer recomposição e a ampliar o quadro de pessoal", comentou Lupi. Nos 12 meses encerrados em abril, as contratações chegaram a 1,908 milhão.

Em abril, o número total de trabalhadores admitidos somou 1,660 milhão, contra 1,355 milhão demitidos, com resultado líquido de 305 mil. Por segmento de atividade, os destaques foram o setor serviços (96.583 postos) e a indústrias da transformação (83.059 postos). Comércio (40.725 postos), da agricultura (38.951) e construção civil (38.418) também apresentaram boa performance.

Por Estado, as maiores taxas de aumento na oferta de postos ocorreram, no mês passado, em Minas Gerais (45 mil vagas), no Rio Grande do Sul (20 mil) e em Goiás (17 mil). Em números absolutos, a primeira posição ficou com São Paulo (119,8 mil vagas).

A despeito do dinamismo do mercado de trabalho entre janeiro e abril, e da nova previsão de 2,5 milhões de trabalhadores contratados neste ano com carteira assinada, maio tende a mostrar desaceleração na oferta de oportunidades, o que sinaliza a incapacidade do mercado para manter o ritmo de contratação em base tão elevada. A estimativa oficial indica admissões entre 240 mil e 280 mil neste mês.

José Márcio Camargo, professor de economia da PUC do Rio e membro da Opus Gestão de Recursos, explicou que o nível alto de oferta de emprego neste ano é consequência do crédito farto, de juros reais baixos para padrões brasileiros e, ainda, das medidas de estímulo adotadas pelo governo.

Ele avalia que a meta de 2,5 milhões de empregos projetada para 2010 é factível e será cumprida, se a economia mantiver o ritmo elevado de crescimento. Se os efeitos da política monetária mais restritiva começarem a se materializar ainda neste ano, e houver desaceleração da expansão do PIB, a oferta de postos nos últimos meses pode ser menor que a esperada pelo governo. "A maior ou menor desaceleração dependerá do tamanho da elevação na taxa Selic. Uma política monetária mais dura tende a gerar menor oferta de emprego", avalia Camargo.

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