sexta-feira, 21 de maio de 2010

PP, de Maluf, muda Ficha Limpa


Uma alteração no texto, proposta por presidente da sigla, livra político que já têm condenação

Uma pequena alteração na redação do projeto Ficha Limpa - proposta pelo senador Francisco Dornelles, presidente do PP -, pode salvar a tentativa de reeleição nas eleições de outubro do deputado Paulo Maluf (PP), um dos poucos políticos que teriam eventual candidatura proibida pela Justiça, caso a medida seja sancionada pelo presidente Lula.

No texto, uma emenda proposta pelo PP substituiu a expressão “os que tenham sido condenados” por “os que forem condenados”. “Se prevalecer a redação, a meu ver, é só (para) aqueles que forem condenados depois da promulgação da lei. É a leitura que se faz, pelo menos, gramatical”, disse Ricardo Lewandowski, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O projeto, aprovado pela Câmara na semana passada, vedava a candidatura de políticos com condenação por órgãos colegiados. Com a mudança, proposta pelo presidente do PP na Comissão de Constituição e Justiça, Maluf, que no mês passado foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo pelo superfaturamento na compra de frangos, estaria apto a se candidatar à reeleição.

Entretanto, Dornelles, que é sondado para ser vice de José Serra (PSDB) na disputa pela sucessão presidencial, nega que tenha feito a mudança para beneficiar Maluf. “Foi uma emenda exclusivamente de redação para unificar a linguagem, que em nada muda o sentido do projeto”, diz.

Volta à Câmara

O relator da matéria na Câmara, José Eduardo Cardozo (PT) considera que a alteração mudou o mérito do projeto, por isso, deveria retornar à Câmara para nova votação. “Criou-se uma confusão jurídica que não precisava”.

O senador Demóstenes Torres (DEM), que relatou o projeto na Casa, afirmou que a mudança não alivia punições. “Avaliar assim é coisa de quem não leu o texto aprovado na Câmara e nem o que foi votado pelo Senado. Houve apenas uma adequação de linguagem, de tempo verbal”, disse.

A interpretação da Lei ficará a cargo do Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte já se prepara para receber, num futuro próximo, ações de políticos barrados em disputas eleitorais por condenações impostas por tribunais. O argumento central deve ser o que estabelece o princípio da presunção da inocência, ou seja, de que ninguém é culpado até uma decisão definitiva da Justiça.

1 Comentários:

  • sexta-feira, 21 maio, 2010

    Pois é André, desse modo aí as probabilidades de um político que hoje está no poder se submeter ao ficha limpa serão mínimas... Concordo com o Zé Edu Cardoso que o Pl tem que voltar pra câmara.

    Aproveito para parabenizar pelo blog.

    delete

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