Não foi por falta de dinheiro que grande parte da coleção de bichos mortos do Instituto Butantan foi destruída.
O prédio que pegou fogo no último sábado abrigava milhares de tipos de cobras, aranhas e escorpiões. Mas não tinha sistema automático de combate a incêndios.
Exemplares de espécies raras foram perdidos e pesquisas para soros e vacinas, que dependiam daquela coleção, podem ser prejudicadas.
Providências já deveriam ter sido tomadas. Entre 2007 e 2008, o Butantan recebeu quase R$ 1 milhão para melhorar sua infraestrutura.
O instituto tinha total liberdade para aplicá-lo. A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que fez o financiamento, não determinou o modo como os recursos deviam ser utilizados.
Cabia ao Butantan, que deveria conhecer suas próprias carências, fazer o melhor uso possível do dinheiro.
Os acontecimentos da semana passada mostram que o risco de fogo ficou em segundo plano nos cálculos da instituição. A verba foi usada para catalogar e informatizar coleções e documentos.
Trata-se de um trabalho necessário, mas, infelizmente, a realidade demonstrou que teria sido melhor prevenir incêndios.
A verdade é que os administradores do Butantan foram negligentes.
Agora que o pior aconteceu, anunciam um novo prédio, com métodos modernos de combate ao fogo.
Como costuma acontecer, só providenciam a tranca depois que a porta já foi arrombada.