A reforma política não encontra consenso nem mesmo entre os parlamentares da oposição. Reunidos ontem na Associação Comercial de São Paulo (ACSP) para debater o assunto, tucanos e demistas divergiram sobre algumas propostas que devem constar em um eventual projeto para alterar as regras do atual sistema político nacional.
O ex-ministro Pimenta da Veiga e o deputado Arnaldo Madeira (SP), ambos do PSDB, defenderam a reeleição, ao passo que o presidente de honra do DEM, Jorge Bornhausen, e a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) manifestaram preferência ao mandato único de cinco anos. A reeleição foi aprovada no final do primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e permitiu continuidade dos tucanos no poder.
Para Madeira e Veiga, a reeleição foi positiva e funciona nas principais democracias. "A Justiça pode fiscalizar e coibir o uso da máquina pública", disse o deputado ao rebater os argumentos dos demistas de que a reeleição desequilibra a disputa eleitoral em favor do candidato que já ocupa cargo no Executivo.
Madeira também se disse favorável ao voto distrital puro. Além disso, enxerga com bons olhos o atual sistema de financiamento de campanha, que permite a doação de recursos por parte da iniciativa privada. Mais uma vez, a posição do tucano foi de encontro com os representantes do DEM.
Kátia e Bornhausen manifestaram apoio ao voto distrital misto e ao financiamento público de campanha. "Sentia-me constrangido em pedir dinheiro para fazer campanha. É profundamente humilhante, mas absolutamente necessário com o atual sistema político", avaliou Bornhausen.
Em comum, PSDB e DEM apontam para a importância de introduzir nas eleições a cláusula de barreira para os partidos. A medida seria uma maneira de filtrar a representação partidária. Bornhausen classificou as pequenas siglas como legendas de aluguel à espera de convites para compor um eventual governo.
Tucanos e demistas também concordam com relação às perspectivas de aprovação de uma reforma política. Para eles, isso só seria possível no começo de 2011, quando o presidente eleito em outubro deste ano já estiver empossado. "Ou seja, tudo vai depender da disposição do próximo presidente em fazer a reforma", disse Bornhausen.