sábado, 8 de outubro de 2005

Ânfora da Pandora pindorâmica Mino Carta
– CartaCapital nº 363


Talento, competência, honradez, dignidade, dedicação à causa, senso da responsabilidade do cargo. Não são qualidades comuns entre os homens públicos do Brasil.
Há pouco tempo, um desses raros cidadãos freqüentou as páginas de CartaCapital, o doutor Adib Jatene, entrevistado especial.
Outro surgiu como protagonista de ampla reportagem, o juiz federal Odilon de Oliveira. Nesta edição, menção cabe ao diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda.
Não o temos como entrevistado, mas como deus ex machina de uma gigantesca operação que investiga 3.500 pessoas físicas e jurídicas, acusadas de evasão de divisas e crime contra o sistema financeiro.
Entre elas o onipresente Daniel Dantas. Aqueles que temem o banqueiro orelhudo e o percebem claramente no centro das mais variadas manobras suspeitas têm de se alegrar se ele se torna alvo de Paulo Lacerda, capaz de incomodá-lo bem mais, digamos, do que as CPIs da Compra de Votos e dos Correios, pelo menos até hoje.
A Polícia Federal atual, sob comando eficaz, parece voltada para os interesses do País, muito além das encenações periódicas e tediosas dos inquisidores parlamentares.
Os quais, salvo um punhado de exceções, tratam o dono do Opportunity com comovedora simpatia, quando não respeito e admiração. Desde outubro do ano passado, Dantas está na mira da PF, que apreendeu documentos do Opportunity e acabou por indiciar o banqueiro, enfim processado por grampo ilegal, corrupção ativa e formação de quadrilha, entre outras acusações.
Quando das apreensões, o disco rígido central do banco foi lacrado pela Justiça, bem como sua cópia, que ficou com a própria polícia. Em lance que poderia colocá-la na rota certa, a CPI dos Correios solicitou à PF, na terça 4, a entrega do disco, na prática a própria quebra do sigilo do orelhudo e do seu banco
. Vale recordar que, ao ser ventilada a possibilidade da sua convocação pelas CPIs, Dantas alardeou ter força bastante para “derrubar a República”.
Como se viu, não precisou usá-la. Mas não se duvide que, aberto o disco, se deslacrem os segredos da elite nativa, qual fosse a ânfora de uma Pandora pindorâmica.
Leiam a reportagem de capa desta edição e saibam mais. Talvez os colegas da mídia não tenham lido algumas outras reportagens de capa de CartaCapital, a começar por uma Edição Extra, de 30 de maio de 1998, em que Bob Fernandes dava o primeiro sinal de maciças evasões de divisas pela fronteira do Paraguai, em Foz do Iguaçu.
Certo é que os perdigueiros da verdade não saíram atrás daquelas revelações. Foi ali, no entanto, que se iniciou a operação agora dirigida pelo delegado Paulo Lacerda.

0 Comentários em “ ”

Postar um comentário

 

Consciência Política Copyright © 2011 -- Template created by Consciência Política --