O relatório do deputado Júlio Delgado, recomendando a cassação do ex-ministro Chefe da Casa Civil, José Dirceu, sem apresentar nenhuma prova contra o ex-ministro é uma aberração política e uma atitude clara de bajulação à mídia golpista e à sua orquestração histérica contra o parlamentar petista. O relator baseou toda a sua argumentação em premissas falsas e em acusações infundadas contra o ex-ministro. Nenhuma prova foi apresentada para sustentar a decisão.
Delgado simplesmente desconsiderou o fato de que nenhuma das três CPIs em funcionamento no Congresso Nacional conseguiu até agora confirmar a existência do chamado mensalão e que Roberto Jefferson foi, inclusive, condenado pelo próprio Conselho de Ética - e com o seu voto - e cassado pelo Plenário da Câmara exatamente pelo motivo de não ter provado a existência do alegado esquema. Mas, apesar de tudo isso, ele concluiu que Dirceu, juntamente com Delúbio, “chefiou o esquema do mensalão”.
“INDÍCIOS”
A única “confirmação” apresentada por ele foram declarações de Marcos Valério e de sua mulher de que Delúbio Soares havia dito a eles que Dirceu sabia dos empréstimos bancários. Ou seja, a única “prova” de Delgado foi um “ouviram dizer” que Dirceu sabia.
O próprio Delgado acabou reconhecendo que não tinha provas. É o que fica claro na sustentação de seu voto.
“Há indícios de que os atos do ex-ministro da Casa Civil no Palácio do Planalto são incompatíveis com o decoro parlamentar”, disse o relator. Ou seja, ele pediu a cassação de Dirceu baseado apenas no que ele acha que são “indícios” - ou, melhor, no que a mídia golpista diz que são “indícios”. No entanto, não por acaso, nem ele falou de “provas”.