terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Ampliação do canal garantirá PIB 25% maior em dez anos


Depois de concluída, a ampliação do Canal do Panamá, que une os oceanos Atlântico e Pacífico, garantirá um acréscimo médio de 2% ao Produto Interno Bruto do país por ano entre 2015 e 2025, conforme a Autoridade do Canal do Panamá, órgão governamental que administra o principal negócio panamenho. Se incluído o período de construção da obra, os cálculos apontam para alta de 1% do PIB em média entre 2005 e 2025.

Segundo Onésimo Sánchez, da unidade de inteligência competitiva e investigação econômica da estatal, a economia do Panamá será 25% maior ao final desse período do que se o país tivesse decidido não realizar o projeto. "A ampliação ajudou a formar uma expectativa positiva. O canal tem um aporte direto para a economia, mas sua principal contribuição é indireta", diz. O canal estimula 27 atividades econômicas, diz o especialista. Sem a ampliação, o governo calcula que o canal estaria saturado em 2014, provocando a estagnação de parte da economia.

O Canal do Panamá foi inaugurado em 1914 pelos Estados Unidos, depois de duas tentativas fracassadas da França em 1880 e 1890. Os EUA controlaram a administração do canal por quase um século, só devolvendo a soberania da área aos panamenhos em 1999. A ampliação do canal foi aprovada pela população do Panamá por meio de um referendo em outubro de 2006. O objetivo é permitir o tráfego de navios post-Panamax, que surgiram após a construção do canal. Os trabalhos de escavação começaram no início do ano e o meta é concluir a obra até 2014.

O governo do Panamá vai investir US$ 5,6 bilhões no projeto, buscando elevar a capacidade do canal das atuais 370 milhões de toneladas para 600 milhões de toneladas. Segundo Sánchez, o volume de carga deve chegar a 508 milhões de toneladas em 2025. O gordo valor do contrato aguçou o apetite das construtoras. Quatro consórcios foram classificados para a fase final da concorrência, cujo resultado deve ser divulgado no fim do ano. As brasileiras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão fazem parte de um dos consórcios, em associação com construtoras da França e Alemanha. A obra foi dividida em partes e essa é a maior em disputa, com um contrato de US$ 3,2 bilhão.

"Essa obra é emblemática e dá visibilidade ao projeto de internacionalização da construtora", diz Cesar Gazoni, diretor para o norte da América do Sul e América Central da Camargo Corrêa. "Só o fato de pré-qualificar e montar um consórcio desse porte já é bom, porque esse relacionamento pode viabilizar outros projetos", diz. O investimento, no entanto, é alto. Apenas elaborar a proposta a ser entregue ao governo panamenho pode custar algo entre US$ 15 milhões e US$ 20 milhões.

Mais de 124 rotas de transporte marítimo incluem o Canal do Panamá, por onde circulam 4% das exportações mundiais. A rota principal é do Extremo Oriente (China, Japão, Taiwan etc.) para a Costa Leste dos Estados Unidos (San Francisco, Nova York, Nova Jersey). Outra rota importante liga a costa oeste da América do Sul à Europa. Para Sanchez, a ampliação também abre oportunidades para utilização do canal no transporte dos produtos agrícolas produzidos no noroeste brasileiro rumo à China, caso o Brasil consiga viabilizar portos ao norte do país. (RL)


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