Foram criados, em janeiro, 142.921 vagas com carteira assinada no mercado de trabalho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Isso representou um crescimento de 35,51% sobre o saldo entre contratações e demissões no mesmo mês do ano passado. A marca é recorde para os meses de janeiro e, segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi uma demonstração da força da demanda interna. "Vamos ter o melhor ano da história com geração de 1,8 milhão de empregos e crescimento do PIB acima de 6%, contrariando todos os doutos da economia", disse.
Apesar do otimismo, ele alertou para dois grandes riscos: o aumento da inflação se a indústria não for capaz de atender a maior demanda, e a falta de mão-de-obra qualificada. "Os números mostram um belo problema, com a demanda maior que a prevista", afirmou. Ele acha, porém, que não haverá inflação de demanda porque a indústria está se aperfeiçoando e são poucos os segmentos cartelizados. Já para a questão de mão-de-obra, Lupi teme que sem investimento firme na qualificação de trabalhadores, poderá haver um colapso no médio prazo. "Há risco de falta de mão-de-obra nas áreas mais especializadas da indústria, como mecânica, siderurgia, automobilística e alguns segmentos da construção. Mas ainda não corremos risco de ter de importar trabalhadores", avaliou.
A indústria de transformação foi o setor que mais criou empregos formais em janeiro, com saldo de 59.045 vagas. Em seguida vêm prestação de serviços (49.077), construção civil (38.643) e agropecuária (8.035). O comércio perdeu 14.144 postos porque janeiro é, tradicionalmente, mês de dispensa de trabalhadores.
O Ministério do Trabalho informou que, na indústria, os segmentos que mais abriram vagas em janeiro foram: alimentício (12.004), mecânico (8.812), metalúrgico (8.518), material de transporte (6.001), químico (4.981), calçadista (3.878) e minerais não metálicos (1.856). No setor de serviços, as empresas de alojamento e alimentação criaram 22.001 vagas, seguidas pelas de comércio, administração de imóveis e serviços técnicos, com 20.978 postos.
A análise regional dos números revelou que apenas o Nordeste teve redução de pouco mais de 7 mil empregos com carteira assinada em janeiro. O motivo foi o fim do ciclo da cana-de-açúcar. O Sudeste teve o melhor saldo positivo (77.151), seguido por Sul (48.898), Centro-Oeste (22.679) e Norte (1.206). As cidades não metropolitanas criaram 54.532 empregos formais em janeiro, diante de 46.971 vagas das nove maiores áreas metropolitanas.
O estoque de empregos com carteira assinada em janeiro foi de 29.109.111 postos de trabalho, com crescimento de 6% sobre o mesmo mês de 2007. A prestação de serviços é o setor que mais emprega (11.481.145), seguida de indústria (7.062.407), comércio (6.453.645), construção civil (1.568.737), agropecuária (1.507.098), administração pública (537.140), serviços de utilidade pública (335.341) e extração mineral (163.598).
Lupi informou que está negociando convênios para bancar metade dos custos das aulas de qualificação com Sistema S (Senai, Senac, Sesi, Senar e Senat), prefeituras, Estados e entidades não-governamentais "sérias".
O ministro enfrenta uma desgastante recomendação da Comissão de Ética Pública para que deixe o governo ou saia da presidência do PDT. Além disso, é acusado de autorizar a transferência de recursos para uma entidade de qualificação profissional ligada ao seu partido. "Não podemos criminalizar essas entidades não-governamentais. A grande maioria é séria e honesta. Quem cuida disso é a Secretaria de Políticas Públicas de Emprego, não sou eu. Há um corpo técnico. Não assino autorizações para a execução desses serviços", explicou.
Além dessas parcerias, o Ministério do Trabalho conta com a aprovação de R$ 800 milhões para essa área no orçamento. Lupi espera anunciar neste mês convênios com o Sistema S vinculando as aulas com as necessidades reveladas pelas informações do seguro-desemprego.