quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

País faz contraproposta para parceria estratégica com UE


governo brasileiro apresentará esta semana à União Européia (UE) sua contraproposta para delinear a parceria estratégica oferecida por Bruxelas ao país em 2007. Na visão brasileira, três temas são prioritários num plano de ação para elevar a relação bilateral: a cooperação nas áreas de biocombustíveis, de mudanças climáticas e de ciências e tecnologia. Refletindo o atual contencioso da carne bovina, bloqueada no mercado europeu, o Brasil também quer ampliar o mecanismo sobre condições sanitárias e fitossanitárias, para prevenir problemas que afetem grande parte do comércio bilateral.

O novo nível nas relações bilaterais foi oferecido ao Brasil em julho do ano passado durante a presidência portuguesa da UE. Para Bruxelas, isso significa "reconhecer o Brasil tanto como potencial parceiro estratégico quanto como grande ator econômico latino-americano e líder regional".

A comissária de Relações Exteriores da UE, Benita Ferrero-Waldner, considera que juntos o Brasil e a UE podem fazer a diferença em desafios globais como mudança climática, pobreza, multilateralismo, direitos humanos e outros. O plano de ação proposto pela UE foi debatido em Lisboa em julho de 2007, na primeira cúpula Brasil-UE. Na ocasião, ficou acertado que depois o Brasil apresentaria seu documento de prioridades.

A chefe do Departamento da Europa no Itamaraty, embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, informou que a contraproposta brasileira não é muito diferente do documento europeu, mas apresentará várias propostas nos temas que considera mais estratégicos.

Na área de biocombustivel, o Brasil quer reforçar com a UE a cooperação para padronização técnica do etanol e criação do mercado global do produto. Na área ambiental, quer trabalhar junto, com responsabilidades comuns, mas diferenciadas. Brasília julga que não pode ter as mesmas responsabilidades no combate a mudanças climáticas pois os europeus são causadores de grande parte dos efeitos do aquecimento global.

A agricultura, que representa grande parte do comércio bilateral, está quase ausente dos dois documentos. Na proposta da UE, o termo "agricultura" não foi mencionado uma só vez nas 12 páginas do documento. Agora, o Brasil aceita a visão européia de que abertura de mercados seja discutida no âmbito da Rodada Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC). A ênfase bilateral fica para questões específicas sanitárias e fitossanitárias, para desagrado de certos analistas.

"Esse termo de parceria estratégica tem sofrido muito abuso e é preciso mostrar o que significa em termos concretos", diz um analista. "A questão é saber se, ao ser considerado parceiro mais importante, o Brasil vai exportar mais carne, terá mais cotas para produtos agrícolas na Europa".

A UE é o maior parceiro comercial do Brasil, com 22% do comércio total do país. No entanto, o Brasil só conta por 1,8% das trocas da UE. Dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), o país é o que atraiu mais investimentos diretos europeus - total de ? 76,3 bilhões de euros no país até 2006. O Brasil e a UE terão nova rodada de negociações nos dias 15 e 16 de abril, em Brasília, para tentar fechar o texto final da parceria estratégica. A idéia é aprová-lo num encontro de cúpula este ano.


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