segunda-feira, 25 de maio de 2009

Brasil capta US$ 398 milhões na semana


Os recursos externos continuam desembarcando no Brasil em busca de rentabilidade diferenciada. Apenas na terceira semana de março, encerrada no dia 20, os fundos de ações voltados mercado brasileiro receberam outros US$ 398 milhões, elevando o total captado no ano para cima dos US$ 2,6 bilhões.

Segundo a EPFR Global, consultoria que acompanha a movimentação mundial dos fundos, o bom desempenho do Brasil reflete o quão ansiosos estão os investidores em colocar seu dinheiro para trabalhar depois de meses de baixo rendimento em títulos de países desenvolvidos.

Para o diretor-gerente da consultoria, Brad Durham, um sinal claro disso é que os investidores sacaram outros US$ 21 bilhões dos "money market funds", que buscam investimento de curto prazo e baixo risco, na semana encerrada no dia 20. Esses fundos oferecem segurança, mas baixo retorno, e contabilizam retiradas de US$ 78,2 bilhões no ano.

Os motivos para essa corrida aos emergentes já são bem conhecidos, como a maior resistência à crise, melhor resposta às ações do governo, além do mercado interno pouco endividado e em expansão. O Brasil, em particular, se beneficia de sua exposição direta à China, que reafirma previsão de crescimento de 8% em 2009.

Durante a semana encerrada no dia 20, todos os fundos de ações de mercados emergentes levantaram US$ 2,46 bilhões. A EPFR Global frisa que, desde a segunda semana de maio, quando esse influxo ganhou fôlego, os países emergentes já receberam mais de US$ 21 bilhões.

Entre os quatro grandes grupos de emergentes, os fundos voltados para a Ásia (sem considerar o Japão) captaram a maior quantia durante a semana. Foram US$ 933 milhões. Mas a valorização das commodities no período deu algum destaque para os fundos de ações dedicados à América Latina, que receberam US$ 587 milhões. No ano, esse grupo, no qual o Brasil é líder, já levantou US$ 3,2 bilhões até o dia 20. Em termos de percentual sobre ativos gerenciados, isso coloca os fundos da América Latina em primeiro lugar entre todos os emergentes.

Os diversificados mercados emergentes globais (GEM, na sigla em inglês) registram influxo de US$ 898 milhões, elevando o valor captado em 2009 até o dia 20 para US$ 10,6 bilhões. Mais modestos, os emergentes da Europa, Oriente Médio e África (EMEA, na sigla em inglês) ganharam US$ 41 milhões, mas ainda perdem US$ 988 milhões no acumulado de 2009.

Já o desempenho dos fundos de ações voltados para os mercados desenvolvidos continua sofrível. Os fundos de ações dos Estados Unidos, Europa e Japão já perderam US$ 14,1 bilhões nas últimas 11 semanas encerradas no dia 20, trazendo o total sacado no ano para US$ 54,4 bilhões. "Enquanto os emergentes atraem recursos dos "money market funds", os desenvolvidos são deixados ao relento", resume a EPFR Global.

Na terceira semana de maio, as retiradas oscilaram entre US$ 59 milhões dos fundos de ações do Japão, a US$ 2,98 bilhões dos fundos de ações da Europa. No caso europeu, alguns fundos de índice (ETF, na sigla em inglês) da Alemanha responderam por mais de 80% das perdas.

Entre os fundos setoriais, a perda de valor do dólar criou espaço para que os fundos de commodities marcassem a 11ª semana consecutiva de captação, elevando o total recebido nesse período para US$ 2,54 bilhões. Mas, no geral, a movimentação de recursos mostrou investidores mais cautelosos, enviando dinheiro para os setores de saúde/biotecnologia, e bens de consumo. Os aplicadores sacaram dos veículos expostos a finanças e imóveis/construção.

Na renda fixa, todos os fundos de bônus acompanhados tiveram captação líquida de US$ 3 bilhões, com as categorias alto retorno, EUA e emergentes ganhando dinheiro novo.

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