Diante da melhora do mercado de títulos públicos, o Tesouro Nacional emitiu ontem US$ 750 milhões de papéis da dívida externa, em dólar, com vencimento em 10 anos. A primeira emissão deste papel, denominado Global 2019, foi realizada em janeiro último. A reabertura da captação com o título foi considerada positiva pelo Tesouro Nacional, citando a queda dos juros pagos pelo Global na emissão de ontem, quando comparados à captação realizada em janeiro, no valor total de US$ 1,025 bilhão. A emissão de janeiro marcou a volta do País ao mercado de bônus, após meses de ausência por conta do acirramento da crise global.
A taxa de juros da emissão desta quinta-feira foi de 5,80% anuais, abaixo dos 6,12% ao ano obtidos em janeiro, e 252 pontos-base acima do título do tesouro americano de igual prazo. A emissão foi coordenada pelos bancos Citigroup e Barclays. O papel foi colocado no mercado ao preço de 100,539% do seu valor de face.
O resultado obtido na emissão superaram a de títulos semelhantes ofertados por outros países emergentes, como o da Colômbia em que o custo ficou acima do titulo brasileiro, informou o Tesouro Nacional. Com vencimento em 15 de janeiro de 2019, o valor da emissão do título brasileiro, nos mercados norte-americano e europeu, ficou acima das previsões iniciais, de US$ 500 milhões. "A demanda foi bem superior à oferta dos títulos", confirmou o Tesouro Nacional.
O Tesouro assegura que as emissões foram feitas com objetivo de melhorar a curva de juros da dívida externa. Este ano, os lançamentos da dívida externa somam US$ 16,1 bilhões, valores que constam do Plano Anual de Financiamento (PAF). Porém, o órgão afirma ter mais da metade dos dólares para quitar tais vencimentos programados.
Outros US$ 37,5 milhões, equivalentes a 7% do valor já captado, podem ser conseguidos com a oferta, feita durante a madrugada, para o mercado asiático. "O Tesouro Nacional conta com a prerrogativa de dar seguimento à operação no mercado asiático, com emissão adicional de até US$ 37,5 milhões, a preço maior ou igual ao obtido na oferta nos mercados europeu e norte-americano", informou, em nota, o Tesouro.
O órgão não descartou, também, fazer outras emissões, do mesmo papel, no decorrer deste ano. Isso porque um título de tal natureza deve ter emissões da ordem de US$ 2 bilhões ou US$ 2,5 bilhões para ter uma "qualidade bem avaliada", no mercado. Até agora, os valores emitidos do títulos somariam US$ 1,812 bilhão, ao considerar os valores que seriam emitidos ontem no mercado asiático.
"O Tesouro Nacional está atento. Diante da melhora do apetite dos investidores por títulos públicos, mesmo diante da crise financeira mundial, o Tesouro Nacional conseguiu realizar as emissões com yields (rentabilidade paga ao tomador do título) de 5,80% anuais, com spreads de 252 pontos-base acima do titulo do Tesouro Americano. Ou seja, abaixo de taxa de 6,12% obtidos em janeiro, quando os spreads chegaram a 370 pontos.
O Tesouro Nacional atribuiu as emissões com taxa de juro menor, em relação a janeiro, às melhores condições do mercado externo, consideradas "boas janelas" para emissões de dívida.