A ministra Dilma Rousseff, disse que o escândalo do mensalão no Distrito Federal "compromete" o DEM. Estrela da festa organizada pelo PT para comemorar os 30 anos do partido, Dilma definiu como "estarrecedoras" as imagens em que o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, deputados e secretários aparecem recebendo dinheiro, mas não quis associar o escândalo ao PSDB.
"Olho essa questão com muita cautela, mas acredito que compromete o DEM. Quanto ao PSDB, não tenho como afirmar isso", disse, sem querer comprar briga com o governador José Serra, seu principal adversário na disputa ao Planalto.
Ao chegar à festa que homenageou ex-presidentes do PT Dilma disse que os dois episódios são muito diferentes. " No PT não há provas contundentes contra eles, que não foram sequer julgados", disse Dilma. "No caso do DEM, as imagens são estarrecedoras, muito claras." Na semana passada, o presidente Lula havia dito que as cenas "não falam por si só".
Nota do PT soma governador a Yeda e Azeredo
O Diretório Nacional do PT cobrou ontem, após reunião na sede do partido em Brasília, a apuração rigorosa dos escândalos envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM). Nota divulgada após o encontro batizou o episódio de "panetonegate", numa alusão à justificativa de que o dinheiro recebido pelo então candidato Arruda seria para a compra de panetones de Natal. Para o PT, o estrago político "coloca por terra o discurso hipócrita dos falsos vestais do DEM, numa reprise ainda mais chocante dos escândalos do PSDB de Yeda Crusius (RS) e de Eduardo Azeredo (MG)".
A nota, foi divulgada no mesmo dia em que o partido comemorou seus 30 anos com jantar "É à Justiça que eles devem responder. Mas não seremos hipócritas de negar que ambos tiveram um papel importantíssimo na construção de nosso partido", declarou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).
Berzoini disse que, até o momento, o PSDB não fez qualquer autocrítica em relação às suspeitas de corrupção envolvendo a governadora gaúcha Yeda Crusius - que se livrou de um processo de impeachment na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul - nem em relação a Azeredo, réu no STF acusado de comandar o chamado "mensalinho mineiro". No caso do DEM do Distrito Federal, o petista reconhece que o processo ainda está em apuração. Mas não aceita a argumentação dos demistas de que o partido vai expulsar o único governador da legenda, algo que o PT não teve coragem de fazer em relação aos seus mensaleiros. "Nós expulsamos o nosso tesoureiro (Delúbio Soares). Entendemos que, naquele momento, ele estava prejudicando o PT", rebateu Berzoini.
Ele apoia a decisão do PT do Distrito Federal, que encabeça um pedido de impeachment contra Arruda, mas acha que questões como essa são ruins porque "dão a imagem para a população de que todos são iguais". A nota reforçou a necessidade de uma reforma política que altere os modelos de financiamento de campanha. "Se isso não acontecer, qualquer partido político vai correr riscos. É inviável você contratar uma empresa de contabilidade para fazer três meses de campanha", completou.