A Polícia Federal vai pedir a quebra do sigilo bancário e fiscal do governador José Roberto Arruda (DEM), de seis parlamentares, entre eles o presidente licenciado da Câmara Distrital, Leonardo Prudente (DEM), secretários de Estado e autoridades envolvidas no mensalão do DEM. O objetivo é investigar indícios de movimentação bancária superior à renda dos suspeitos, lavagem de dinheiro, aumento patrimonial e enriquecimento ilícito detectados na primeira fase da investigação.
De um total de 36 pessoas investigadas na Operação Caixa de Pandora, pelo menos 18 tiveram envolvimento direto no esquema confirmado na análise dos documentos apreendidos durante a operação, em 27 de novembro passado.
Nas buscas de novembro, a PF apreendeu em dinheiro R$ 700 mil, além de 5 mil dólares e 30 mil euros, em escritórios e residências de alguns investigados. A perícia constatou que nessas apreensões não havia dinheiro procedente de um lote de R$ 500 mil, com marcas de identificação, que a PF entregou ao ex-secretário Durval Barbosa, colaborador da polícia e pivô do esquema.
A PF, porém, constatou que alguns maços de dinheiro apreendidos com diferentes suspeitos tinham a mesma sequência de série, sugerindo que as quantias provinham de uma mesma fonte de recurso, provavelmente um abastecedor do propinoduto.
A perícia concluída esta semana pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC) reforçou o rol de provas contra os acusados. Constatou também que são autênticos os 50 vídeos entregues à polícia pelo ex-secretário, beneficiado pela delação premiada.
Os vídeos mostram os mensaleiros enfiando maços de dinheiro nos bolsos, pastas, bolsas, cestos e até em meias e cuecas. Um dos vídeos, gravado em 2006, exibe o próprio Arruda, então candidato ao governo, recebendo R$ 50 mil em dinheiro vivo das mãos de Durval. Convencida de que Arruda, depois de eleito, continuou participando do esquema, a polícia quer saber se parte dessas contribuições engordou o patrimônio do governador.
Levantamento publicado pelo Estado no último domingo revela que o patrimônio real do governador, incluindo bens registrados em nome de familiares e de sua ex-mulher, aumentou 1.060% em comparação ao valor declarado à Justiça Eleitoral nas eleições de 2002 e 2006. Nesse período, o valor dos bens saltou de R$ 600 mil para R$ 7 milhões. Arruda nega que a variação patrimonial seja incompatível com sua renda.
Caso a quebra de sigilos seja autorizada, a polícia investigará, segundo apurou o Estado, as suspeitas de que diversos outros bens teriam sido adquiridos por Arruda em nome de parentes e laranjas.
Os pedidos de quebra de sigilo deverão integrar o relatório parcial da operação, que a PF entregará na segunda-feira ao ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que preside o inquérito. Nesse dia começará a segunda etapa da operação. No relatório, serão requeridas novas buscas e apreensões em residências e escritórios dos alvos.