Depois da farra das passagens aéreas, a comissão criada pela Câmara para discutir uma reforma administrativa na Casa se reúne amanhã pela primeira vez, com propostas que vão desde corte de cerca de 10% no orçamento até a criação de um cartão corporativo, que concentraria despesas com verbas indenizatórias e auxílios. O primeiro-secretário da Câmara, Rafael Guerra (PSDB-MG), defende corte de R$360 milhões nos gastos gerais, sem especificar onde, e disse que a ideia de se adotar um cartão parlamentar - nos moldes do cartão corporativo do Poder Executivo - foi encaminhada à área jurídica para avaliação de sua viabilidade.
O objetivo seria tornar transparentes gastos com as verbas dos deputados - já que as despesas ficam registradas na fatura -, mas a proposta enfrenta resistência devido ao escândalo com os cartões do Executivo no ano passado.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não gosta da expressão cartão corporativo por causa dos problemas no Executivo, que registrou descontrole em saques e gastos com verbas secretas. Os deputados preferem a expressão cartão parlamentar.
- Já conversamos sobre isso (o cartão), que seria a forma mais transparente e menos burocrática. Pedimos à assessoria jurídica para verificar a legalidade - explicou Rafael Guerra.
Para o primeiro-secretário, a questão é complexa, mas a vantagem, clara: como os gastos ficariam registrados na fatura, não seria necessário ficar esperando, como hoje, a apresentação das notas fiscais para rastrear as despesas. Guerra salientou que amanhã será a primeira reunião da comissão, que tem prazo de 30 dias para discutir a modernização da gestão da Câmara.