quarta-feira, 9 de julho de 2008

As viagen de Lula dano frutos.Comércio entre Brasil e árabes avança 60%


A corrente de comércio entre Brasil e países árabes atingiu US$ 9,4 bilhões no primeiro semestre com salto de 60% em relação ao mesmo período de 2007. Na avaliação o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antônio Sarkis Júnior, as relações comerciais entre Brasil e o mundo árabe estão consolidadas e o objetivo agora é fortalecer o fluxo de investimentos. "Acreditamos que o Brasil será um grande produtor mundial. Esse sincronismo no agronegócio é fundamental para os dois países", disse.

Com o desempenho comercial do primeiro semestre, a expectativa é que a meta inicial da câmara, de expansão de 10% na corrente de comércio neste ano, seja superada mais uma vez. Durante todo o ano passado, o intercâmbio foi de US$ 13,5 bilhões. "Nos últimos sete anos todas as metas foram superadas. Este ano vamos ultrapassar novamente e o aumento pode ficar em torno de 30%", comenta o presidente da câmara.

Hoje, os produtos do agronegócio representam mais de 60% das vendas do Brasil aos países árabes. A receita com as exportações de produtos agropecuários no primeiro semestre de 2008 atingiu o recorde de US$ 2,4 bilhões, crescimento de 21,4% em relação ao período anterior. Os números estão acima do esperado pela câmara em virtude da crescente demanda por alimentos dos países árabes, que compram 90% daquilo que consomem.

"Não foi somente a desvalorização do câmbio que fez os números crescerem. A aproximação política também favoreceu muito o crescimento do volume de alguns produtos exportados pelo Brasil", analisa Sarkis. Ele cita o caso dos embarques da carne de frango, que cresceram 23%, passando de 441,9 para 543,6 mil toneladas. A receita subiu de US$ 545 milhões para US$ 945 milhões (73,4%).

No entanto, os embarques de carne bovina caíram de 198,6 para 131,2 mil toneladas. Já a receita subiu 10,8%, de US$ 382 milhões para US$ 424 milhões. Só o segmento de carnes movimentou US$ 1,4 bilhão, alta de 47%. "A elevação nos preços da carne bovina diminuiu o consumo deste tipo de proteína. Mas no contexto geral, o cenário é positivo para este mercado", prevê Júnior.

O crescimento da receita das exportações de ovos foi de 1.989%, com um total de US$ 17,9 milhões vendidos. Nos lácteos, os árabes passaram a ser o segundo maior mercado para o Brasil, importando US$ 48 milhões em derivados, um crescimento de 92% em relação a 2007.

No primeiro semestre deste ano, as exportações brasileiras avançaram 27,7% e totalizaram US$ 4,1 bilhões. Esse crescimento, no entanto, não foi suficiente para impedir o déficit de US$ 1,15 bilhão do Brasil no período, ante saldo positivo de US$ 590 milhões entre janeiro e junho do ano passado. No primeiro semestre de 2008, as importações de países árabes dobraram e atingiram US$ 5,3 bilhões.

De acordo com Sarkis, o déficit deve-se à forte elevação do preço do barril petróleo. As importações de combustíveis e óleos minerais no primeiro semestre somaram US$ 4,3 bilhões. A tendência, entretanto, é que até o final do ano o saldo negativo seja reduzido.

"As exportações brasileiras sempre aumentam no segundo semestre. Há um aumento significativo de importações pelos árabes principalmente de produtos alimentícios nos meses que antecedem o Ramadã (em setembro)", justifica Sarkis Júnior.

O segundo item mais importado pelo Brasil foram os fertilizantes, que movimentaram US$ 359 milhões no primeiro semestre do ano. Segundo o representante da câmara, esse aumento ocorreu por causa do crescimento do setor do agronegócio brasileiro.

De acordo com Sarkis Júnior, a câmara trabalha no momento para a elevação dos investimentos entre os países. O comércio dos 22 países árabes com o mundo já chega a US$ 1,3 trilhão. Com um superávit de US$ 256 bilhões, segundo o presidente da câmara, eles têm priorizado investir em infra-estrutura e melhoria das condições de vida da população. "Isso tem criado um mercado consumidor mais forte", afirma

Etanol

O Sudão, por exemplo, está interessado no etanol brasileiro. Segundo Sarkis, grandes grupos sudaneses, como Kenana Sugar Company (KSC), maior empresa do setor açucareiro do país, têm vindo constantemente ao Brasil para avaliar as oportunidades no setor. "O Sudão está interessado em que empresário brasileiros possam produzir etanol no país, inclusive até com concessão de áreas por um período. O governo sudanês está apoiando empresários brasileiro que tenham interesse em investir no Sudão", afirmou.

Agenda com o Mercosul

Sarkis Júnior afirmou ainda que no primeiro trimestre do próximo ano está prevista a realização, em Doha, do segundo encontro da Cúpula América do Sul-Países Árabes. Proposta de criação da cúpula foi feita pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em 2003 e formalizada em maio de 2005, em Brasília. O encontro de chefes de Estado e de governo deveria ocorrer no Marrocos, que abriu mão de sediar o encontro.

De acordo com o presidente da câmara, enquanto as negociações entre Mercosul e o Conselho de Cooperação do Golfo não avançam, a expectativa é que o bloco de países sul-americanos assine acordos de preferências tarifárias com a Jordânia. O Brasil aguarda para este ano a visita do rei jordaniano Abdullah II. Ainda neste mês, o chanceler da Jordânia, Salah Bashir, deve desembarcar em território brasileiro para definir os detalhes da visita prevista para no novembro. "Estamos estudando alguns setores de interesse para um acordo", comenta Sarkis Júnior.


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