As prisões do banqueiro Daniel Dantas, do mega-investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, pela Polícia Federal, e a soltura dos três pelo Supremo Tribunal Federal não só desatou uma briga entre as instâncias do Poder Judiciário brasileiro. E entre o STF e a PF. Mas ofuscaram a campanha eleitoral, que já não vinha muito animada, embora pelo menos em São Paulo se agitasse com as disputas internas no PSDB.
Semana zerada 1
A semana passada ficou por conta da guerra em torno do prende-e-solta de Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta, pela PF e o STF, além das investigações do mega-empresário do setor de mineração Eike Batista, e a extradição do ex-banqueiro Salvatore Cacciola. Enquanto isso a campanha eleitoral foi para o pé das páginas dos jornais e apareceu palidamente nos noticiários da televisão.
Semana zerada 2
E como esses assuntos nacionais, que envolvem escândalos pretéritos, presentes e futuros, prometem freqüentar a imprensa por muito tempo, os candidatos que se cuidem. Vão ter que sujar os pés na poeira das ruas periféricas das grandes cidades para compensar a falta de exposição.
Semana zerada 3
Do jeito que a coisa vai, a não ser que haja briga feia entre os candidatos, a campanha promete continuar uma chatice. Marta Suplicy tentando lembrar os eleitores o que ela realizou quando foi prefeita de São Paulo; Geraldo Alckmin, dizendo-se o fazedor de obras e mostrando o que fez como governador do Estado; e Gilberto Kassab às voltas com os caminhões na cidade.
Questão política
As prisões de Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta se transformaram em questões políticas. Colocaram em confronto, não só instâncias do Poder Judiciário, mas a Justiça e o Poder Executivo. O que já não é novidade. E por enquanto o governo leva vantagem, já que junto ao povão, quem está saindo arranhado é o presidente do STF, Gilmar Mendes, que mandou soltar todo mundo. Afinal, o povo não sabe e nem quer saber de filigranas jurídicas, só quer ver os colarinhos brancos na cadeia.
Por bem ou por mal a PF está mostrando serviço. Isso o povo entende. Quanto ao "polícia prende e a justiça solta (os ricos)" fica confirmado a ideia dominante nas massas populares.
O Juiz precisa ter um bom senso muito apurado em certas horas, porque achar que na sua posição tudo pode, é uma forma de ditatura, principalmente perante o povo nemos esclarecido.
O clamor popular deve sim influenciar a Justiça.