O banqueiro Daniel Dantas há poucos meses foi um dos grandes vencedores da operação em que a Oi comprou a Brasil Telecom. O banqueiro e seu grupo Opportunity tinham participação em ambas as empresas. Tudo devidamente vendido, calcula-se que tenha embolsado mais de R$ 1 bilhão com a operação.
De quebra, o empresário ainda escapou de uma montanha de mais de 90 processos judiciais que eram movidos contra ele pelos seus antigos sócios na Brasil Telecom, o Citibank e fundos de pensão estatais. Dantas era acusado pelos antigos parceiros do setor de telefonia de praticar uma série de desvios administrativos enquanto o Opportunity esteve no comando da operadora. No acordo de compra entre as empresas, a Oi se comprometeu a pagar mais de R$ 300 milhões para as partes só para colocar um ponto final na guerra judicial que se arrastava há anos.
Em 1998, o Opportunity liderou o bloco que arrematou a Brasil Telecom, na privatização das estatais de telecomunicações. Já naquela época o nome do banqueiro pipocava em investigações relacionadas a suspeitas de favorecimento na compra do espólio do Sistema Telebrás.
Dantas era amigo do então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros. Por meio de uma série de intrincadas operações, Dantas assumiu o controle da Brasil Telecom, mesmo tendo uma participação menor na sociedade que envolvia ainda a Telecom Italia, o Citigroup e os fundos de pensão do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras.
A disputa pelo controle da empresa começou um ano após a compra da operadora, em 1999, e seria responsável por uma dos maiores escândalos da história corporativa brasileira. Em 2004 o dono do Opportunity foi acusado de contratar a Kroll para espionar os desafetos na Telecom Italia (ver reportagem nesta página).
Os sócios do banqueiro conseguiram afastá-lo do controle da empresa em setembro de 2005. Dantas continuaria nos bastidores articulando o melhor desfecho tanto para sua participação na operadora quanto no embate judicial encerrado após o acordo com a Oi.