Sonolento e trajando um pijama de moletom, o ex-prefeito Celso Pitta abriu a porta de sua casa, em São Paulo para os agentes da Polícia Federal que anunciam sua prisão, por volta das 6h de ontem. A imagem dá idéia do caráter surpreendente da Operação Satiagraha.
Minutos antes, no Rio de Janeiro, uma equipe da Polícia Federal havia chegado à casa do banqueiro Daniel Dantas em dois carros, numa ação que começou por volta das 5h30.
Também por volta das 6h, uma outra equipe de agentes, em São Paulo, teve de escalar os muros da casa do megainvestidor Naji Nahas para poder ter acesso ao interior do imóvel, onde ele foi preso. Os seguranças se recusaram a abrir o portão aos policiais.
Nos três casos, ao longo da manhã foram apreendidos computadores e documentos. Advogados do escritório de Nélio Machado, que representa Dantas, acompanharam a PF.
O banqueiro mora na avenida Vieira Souto, um dos pontos mais valorizados da orla carioca, em um prédio ao lado do Hotel Fasano. Um dos funcionários do hotel, que chegava ao trabalho no começo da manhã, foi chamado para atuar como testemunha da operação.
Antes de chegar à casa de Dantas, uma equipe foi, por engano, até a Fazenda Marambaia, na região serrana do Rio, de propriedade do ex-banqueiro Luiz César Fernandes. A ação despertou a curiosidade dos moradores de Ipanema, mas poucos pareciam relacionar o nome de Dantas com o vizinho banqueiro. Outros afirmavam que a prisão não daria em nada e que em poucos dias o banqueiro seria solto.
Dantas pouco sai da cobertura, onde vive com a mulher e a filha. Apesar da localização privilegiada, é um apartamento decorado com discrição: a sala de estar tem mobiliário sóbrio e a principal peça nas paredes é um pôster do Museu de Arte Moderna de Nova York.
Pouco depois do meio-dia, os advogados do escritório de Nélio Machado saíram do prédio sem se identificar e quiseram despistar a imprensa, afirmando que Dantas já havia saído. Mas foi só em seguida, por volta de 12h20, que o banqueiro deixou o prédio, com os agentes, rumo à sede da PF.
Parte da ação que resultou na prisão do ex-prefeito Pitta foi acompanhada por uma equipe da TV Globo, que acabaria impedida de entrar na casa de Pitta com os policiais federais – seis, no total, sendo uma delegada.