O Bolsa Família vem engordando o faturamento dos supermercados e, na região Nordeste, seu papel é significativo. A análise é do presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, que, na semana passada, participou da abertura da Super Mix 2008, feira que reuniu atacadistas e varejistas no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, com uma previsão de negócios da ordem de R$ 300 milhões.
"O Bolsa Família é o melhor programa de distribuição de renda que o Brasil já teve e tem uma grande representatividade para o varejo", afirmou, garantindo que sua avaliação não tem nenhum viés político, apenas econômico.
Commodities
Mas o aumento dos preços das commodities já começa a interferir nos efeitos benéficos do programa que ajudou os supermercados nordestinos a elevar seu faturamento de 16,1%, em 2007, para 18,2% este ano – média superior à da região Sul que foi de 16,2%. "A população que recebe bolsa família está comprando menos e o consumidor está mais consciente: não compra quando o preço está alto e essa redução força a baixa dos preços", diz o presidente da Abras.
O desvio da renda para pagar prestações assumidas com a liberação de crédito para bens duráveis, segundo ele, também afeta as vendas dos supermercados que sofreram quedas em janeiro e fevereiro. De acordo com o representante do setor, esta retração se estendeu durante o primeiro semestre. Este recuo, no entanto, não deve se traduzir em uma queda de receita no período. Sussumu Honda calcula os supermercados fecharão os balanços do primeiro semestre com aumento de 8%, baseado na elevação das vendas em 13,5% em maio, em comparação com maio de 2007. Entre janeiro e maio deste ano, o aumento é de 8,9%. "São números fortes diante do cenário, com sinais de inflação. Devemos fechar muito bem em faturamento porque os preços subiram, mas não em volume de vendas que deve se estabilizar ou cair em até 2%", prevê.
Investimentos
Otimista com o Nordeste, onde surgem investimentos como os das novas fábricas da Sadia e da Perdigão, o presidente da Abras defende uma política de investimentos no próprio negócio por parte dos pequenos e médios supermercadistas que, na região, puxam o aumento do faturamento do setor. "O Brasil não vive de taxas de juros. Ela é muito alta, mas os pequenos não podem deixar de investir por isso. Eles têm que estar atentos aos investimentos que os grandes estão fazendo em suas redes e partir para a concorrência porque estão localizados onde eles não chegam", afirma.