sexta-feira, 3 de abril de 2009

Brasil está na mira de empresas estrangeiras


Em tempos de vacas magras na economia global, os poucos países do mundo que apresentam possibilidade de crescimento neste e no próximo ano tornam-se alvo de empresas que buscam dar continuidade aos seus negócios, ou até crescer em meio à crise. O Brasil é um destes países, e seu potencial (ou eventual) crescimento este ano tem atraído mais missões comerciais do que o verificado no início de 2008, período de forte expansão da economia brasileira.

De janeiro ao início de abril deste ano, por exemplo, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) deve receber 18 delegações estrangeiras para contatos comerciais - que não envolvem necessariamente rodadas de negócio. Em igual intervalo do ano passado, foram 8 contatos do gênero, ou seja, mesmo após o agravamento da crise financeira, os contatos realizados pela entidade paulista mais do que dobraram no início deste ano.

José Augusto Corrêa, diretor adjunto do departamento de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp, afirma que o crescimento do interesse internacional no País, nos níveis constatados, não era esperado. "Estamos surpresos por constatar que todo mundo lembrou do Brasil. Houve um avanço da visão externa do Brasil como mercado", afirmou o executivo.

Dentre os principais motivos para este interesse está o mercado interno brasileiro, "que cresceu principalmente entre as classes populares nos últimos dez anos, e tem um bom nível em termos de consumo potencial", explica Corrêa.

Espaço na mídia

Situação parecida é verificada em relação ao interesse de empresas alemãs no mercado brasileiro, em contatos intermediados pela Câmara Brasil-Alemanha. A entidade realiza anualmente cerca de 5 mil consultas qualificadas de empresas alemãs sondando o País.

Segundo Rafael Haddad, diretor de relações econômicas e comércio exterior do órgão, ao contrário das expectativas iniciais, este número deve se manter este ano, mesmo considerando os impactos da crise. "Nos primeiros três meses de 2008 realizamos 1.950 consultas qualificadas, e no primeiro trimestre deste ano já ultrapassamos as 1.900 consultas", detalha o executivo.

Ele lembra que "neste ano tudo indicava que iria diminuir (o interesse pelo Brasil), pois a Alemanha entrou em recessão primeiro, lá a crise bateu antes". Entretanto, Haddad nota que ocorreu justamente um processo inverso, "inclusive o Brasil tem ganhado espaço na mídia alemã, saíram reportagens bastante significas citando especificamente o País como um destino promissor para negócios alemães." Parte deste interesse se deve a visão de que o Brasil oferece um futuro promissor em meio a crise, argumenta Haddad.

Perspectivas melhores

Mesmo que ninguém se arrisque a dizer com segurança se o País vai ou não ter crescimento em 2009, o certo é que o panorama mundial é significativamente pior. Em seu último relatório, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que o crescimento global deverá recuar 0,5% este ano, sendo que considerando somente os países mais desenvolvidos, esta queda deverá ser de 2% em média.

O chefe da missão econômica francesa no Brasil, Dominique Mauppin, exemplificou, destacando que "talvez o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça 0,5% e 1% este ano, mas isso já é bem melhor do que 0% ou 2% negativo", afirmou, se referindo às perspectivas para o PIB da França para este ano.

O interesse francês no Brasil também aumentou, fato que pode ser evidenciado pelo crescimento no número de empresas que participará de feiras setoriais no País este ano. Em 2008, apenas 8 empresas francesas participaram da Expovinis - feira do setor vinícola - enquanto para este ano são esperadas 27 empresas no evento. Já para a feira de cosméticos FCE Cosmetique, a participação francesa quase triplica, passando de 6 empresas em 2008 para 15 empresas esperadas este ano.

Entretanto, o horizonte das empresas que vem ao Brasil não se limita apenas a 2009. "Elas vem buscando alternativas sim, mas muitas aproveitam a crise para se estabelecer pela primeira vez aqui, e estarem preparadas para pegar a próxima onda de crescimento", avalia Haddad.

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