A Cemig Geração e Transmissão anunciou ontem que vai pagar R$ 2,3 bilhões pelo controle acionário da Terna Participações, empresa do grupo italiano Terna - Rete Elettrica Nazionale S.p.A. Somando a compra das participações dos minoritários, o desembolso pode chegar a R$ 3,5 bilhões. Com a aquisição, a Cemig passará de uma participação no mercado de transmissão brasileiro de 5,4% para 12,6% e consolida-se entre as maiores empresas no setor de transmissão. Este é o negócio de maior envergadura anunciado pela estatal mineira desde a compra de uma participação expressiva na concessionária Light, do Rio.
A venda dos ativos brasileiros da Terna não chega a ser surpresa, já que no ano passado o presidente executivo da companhia na Itália, Flávio Cattaneo, afirmou durante apresentação dos planos de investimento para os próximos anos que não pretendia realizar nova expansão das operações no Brasil. O executivo disse ainda que até mesmo considerava a venda da operação. No ano passado, com a crise financeira do último trimestre que dificultou a obtenção de crédito, a matriz teve até mesmo que liberar uma linha de crédito de R$ 500 milhões para a Terna Participações cumprir o pagamento de notas promissórias que venciam no curto prazo.
Segundo informações repassadas pela Cemig, o acordo fechado com o grupo italiano prevê o pagamento de R$ 40,29 por unit da empresa, o que equivale a um prêmio de 27,7% sobre o preço de fechamento do papel da companhia na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ontem, de R$ 31,55. O valor ofertado por ação aos minoritários deve ser o mesmo pago aos controladores, conforme determinam as normas do Nível 2 de governança corporativa da Bovespa e o estatuto da companhia. Com esse cálculo é que é possível auferir o valor do negócio em R$ 3,5 bilhões.
No comunicado em que trata da aquisição, a Cemig destaca entretanto que os valores finais por ação poderão sofrer ajustes, a depender do pagamento de dividendos aos acionistas antes do fechamento da aquisição.
A Terna atua como uma holding que controla empresas de transmissão de energia elétrica em 11 estados do Brasil, que juntas possuem mais de 3.750 km de linhas de transmissão integrantes da Rede Básica. A Cemig diz que a aquisição amplia sua rede de transmissão em 63%, para 8.643 km. A empresa mineira diz ainda que a área de transmissão passará a representar aproximadamente 17,6% do lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado da empresa, ante uma fatia de 6,6% em 2008.
Ainda segundo o comunicado da Cemig, a taxa de retorno real da operação é de 10,6% para o caso base e poderá superar 12% "considerando a captura de potenciais sinergias". Na avaliação do presidente do conselho de administração da Cemig, Sérgio Barroso, divulgado na nota da companhia, "a aquisição da Terna representa uma excelente oportunidade de investimento".
No início de 2008, a companhia já tinha adquirido participações em projetos de transmissão da Alusa e no meio do ano chegou a elevar o orçamento para negócios de transmissão em R$ 500 milhões.