O ex-presidente da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) Milton Zuanazzi negou ter sofrido pressões da Casa Civil e isentou a ministra Dilma Rousseff de qualquer interferência indevida na compra da VarigLog pela Volo do Brasil. "A ministra Dilma se limitou a dizer que essa uma decisão da Anac e que a opção do governo era salvar a Varig", afirmou Zuanazzi ontem à noite, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, após nove horas de depoimento da ex-diretora Denise Abreu.
Outro ex-diretor, Leur Lomanto, corroborou essa versão e disse que é um "erro" confundir a pressa do governo em encontrar uma solução para caso com pressão. "Todo mundo fala a verdade", ironizou Zuanazzi. "Mas dependendo de como você coloca os pontos e as vírgulas, muda a frase."
Zuanazzi revelou, na metade final do seu depoimento, que tinha um "acordo de cavalheiros" com o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8 Vara Empresarial do Rio, responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig, para que o magistrado o avisasse "com pelo menos 72 horas de antecedência" sobre a eventual decretação de falência da companhia. Zuanazzi foi avisado no dia 19 de junho de 2006, uma segunda-feira, que o governo deveria preparar um plano de contingência para socorrer os passageiros, já que podia decretar a falência naquela mesma semana.
Segundo o ex-presidente, a situação era dramática: só em Copenhague havia 136 crianças à espera dos vôos de retorno ao Brasil pela Varig, única companhia a voar para do Brasil para a capital da Dinamarca. "A Varig não tinha mais condições de colocar um litro de querosene", afirmou Zuanazzi. Na quarta-feira, confirmou ele, a Volo apareceu e se dispôs a manter a Varig em operação. Mas o próprio Zuanazzi reconheceu que a condição era a permissão para assumir a VarigLog, pois assim poderia participar do leilão de compra da Varig. "Era uma condicionante", admitiu.
