O Ministério Público vai oferecer delação premiada ao homem de confiança do deputado Paulinho da Força, coronel da PM Wilson Consani. Réu da Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, que investiga desvio de verbas do BNDES, Consani mantém estreita ligação com o parlamentar - a quem até alertou sobre a operação policial.
O coronel é acusado por seis crimes, inclusive formação de quadrilha, tráfico de influência e desvio na aplicação de dinheiro público. Se condenado, ele pode pegar 25 anos de prisão. A expectativa do Ministério Público é de que Consani, em troca de redução de eventual punição ou mesmo do perdão judicial, colabore com a Justiça.
A delação será oferecida ao coronel no dia de seu interrogatório, marcado para segunda-feira. Na prática, a estratégia já vem sendo adotada pela procuradora da República Adriana Scordamaglia. A seis outros acusados ela ofereceu a permuta, mas sem sucesso.
A Operação Santa Tereza está encontrando dificuldades em dobrar seus réus. Até agora, ninguém manifestou interesse em contribuir com a investigação. A PF avalia que o grupo firmou um pacto de silêncio.
“Pelo princípio da isonomia a delação premiada está sendo ofertada a todos os acusados”, disse o criminalista Fábio Cavalheiro, que defende Consani. “Foi também ofertada pela PF em 2 de maio. O coronel nunca se negou a prestar os esclarecimentos necessários para a real elucidação dos fatos apurados e continuará assim até final julgamento. Acreditamos na inocência dele, da mesma maneira que a PF no último relatório o isentou de quaisquer responsabilidades referentes a ações perante o BNDES.”