sexta-feira, 13 de junho de 2008

Lula venceu


Responda rápido: quantas pessoas você conhece que votam em Dilma Rousseff para presidente? Ninguém? Pense mais uma vez, com calma. Se a lista continua pequena, não se espante. As pesquisas de opinião mostram que o eleitorado da ministra da Casa Civil é muito pequeno, ainda restrito aos petistas militantes. Mesmo assim, é impossível abrir os jornais ou assistir os telejornais sem esbarrar no nome dela. Algumas vezes é o presidente Lula falando bem dela. Em outros, a oposição tentando derrubá-la. O fato é que ela se tornou a figura central do debate político brasileiro.


É uma vitória tática de Lula. Há alguns meses, ele decidiu ungir a ministra como a candidata palaciana à sua sucessão em 2010. Quando fez isso, Dilma era uma desconhecida do povo brasileiro. Seus índices nas pesquisas de opinião mal ultrapassavam 1%. O PT e os outros ministros faziam pouco caso de suas chances e a oposição nem se incomodava em atacá-la. O quadro virou do avesso em pouco tempo. Lula conseguiu que a luta política no Brasil fosse travada em torno de uma candidata que só existia em sua cabeça.

Para o bem ou para o mal, entramos na era Dilma. Ela é a estrela das inaugurações de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a principal atração das Comissões Parlamentares de Inquérito. Aparece depondo em transmissão da TV Senado, mas ganha uma edição especial no programa de entrevistas de Jô Soares. Tem uma visibilidade raramente concedida a ministros, muito menos a alguém com "perfil técnico". Capaz de testar sua capacidade de ser candidata à Presidência da República.

Há algum tempo, já se sabe a tese de que haveria um efeito "massa de pão" . Quanto mais ela apanhava, mais crescia. O Palácio do Planalto ancorava essa tese em números que mostraram um crescimento tímido mas real da candidatura da ministra em plena crise dos cartões corporativos, quando ela era acusada de montar um dossiê com dados secretos sobre gastos do governo Fernando Henrique. . Dois fatos aconteceram ao mesmo tempo. De um lado, Lula iniciou a fase de superexposição de Dilma ao país. De outro, surgiu o caso do dossiê. A notícia favorável superou a negativa, mas a ministra está longe de ser invulnerável.

Mas o fato é que as denúncias servem de teste para Dilma. Permitem ver se a imagem dela resiste às crises. .
Dilma tem seu peso específico e ele não é pequeno. Trata-se de uma ministra com posto estratégico e função de gerência sobre o PAC, uma das principais armas do governo. Mas seria possível traçar um paralelo com Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social e combate à Fome. Se Dilma comanda as obras, Patrus é o gerente dos programas sociais, em especial o Bolsa Família. É o homem que vai assinar um aumento de 10% no auxílio financeiro distribuído pelo governo a milhões de brasileiros. E ainda é um quadro do PT. No entanto, vive em discreto isolamento. Não é alvo da oposição, mas também não ganha os holofotes. Nas pesquisas de opinião sobre as eleições de 2010 aparece com os mesmos índices magros que a colega da Casa Civil tinha antes do início da onda Dilma.


Sabe qual a diferença entre Dilma e Patrus? É que o presidente escolheu a primeira como sua candidata. Ao fazê-lo, levou a ministra da Casa Civil para o primeiro plano. O presidente demonstrou que é capaz de pautar o debate político e direcionar até mesmo a oposição para o rumo que escolher. Hoje, Dilma é o alvo. .

Lula tem demonstrado uma confiança quase messiânica na capacidade de eleger quem bem desejar para a sua sucessão. É impossível avaliar por enquanto. Como sempre foi o candidato do PT, ele nunca testou sua capacidade de transferência de votos. .

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