A indústria prevê para 2008 a maior expansão da capacidade de produção dos últimos cinco anos, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada ontem. Por outro lado, um quarto das empresas admite a possibilidade de esgotar a capacidade produtiva em até 12 meses caso a demanda se mantenha em patamares elevados, o que pressionaria a inflação.
Com base no planejamento ou em decisões já aprovadas pelas empresas consultadas, a ampliação dos investimentos em capacidade produtiva deve ser de 11% para este ano e de 22% para o triênio 2008-2010 - também o maior percentual da série reconstituída desde janeiro de 2005.
Atender encomendas
Segundo a pesquisa, 31% das empresas cogitam a hipótese de não poder atender às encomendas em decorrência de eventual esgotamento da capacidade produtiva se o ritmo atual de expansão da demanda se mantiver alto.
Em 2005, quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez, 29% das empresas mencionaram a possibilidade. Na ocasião, o segmento vinha de forte expansão da demanda, em 2004, sem que os investimentos em capacidade produtiva tivessem acompanhado.
O resultado de agora foi mais equilibrado entre os setores, em relação a 2005 e, estatisticamente, a diferença não é relevante - pondera Aloísio Campelo Júnior, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV). - Mas não se pode ignorar o risco de esgotamento da capacidade de produção caso o ritmo da demanda vigente na virada do ano seja mantido. É preciso ficar de olho aberto.
Segundo Campelo, há variáveis positivas, no início deste ano, que reduzem as chances de esgotamento da produção: a estabilidade do nível da capacidade instalada - em 84,3% em janeiro e 84,7% em fevereiro, ante o patamar de 86% em dezembro de 2007 - e a intenção das empresas em investir mais.