Detentor de patrimônio pessoal superior a US$ 100 milhões, Márcio de Araújo Lacerda viu seu nome envolvido no escândalo do mensalão como portador de dinheiro encaminhado por Marcos Valério a um correligionário do partido. Magoado com esse revés na vida política partidária, Lacerda renunciou ao cargo de secretário-geral do Ministério da Integração Regional, na época comandado por Ciro Gomes.
No ano passado, depois de convencido pelo amigo e industrial Robson Andrade, presidente da Fiemg, ele aceitou o cargo de secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, por convite de Aécio e na vaga de Wilson Brumer, que decidira voltar à iniciativa privada.
Como secretário de Desenvolvimento, Lacerda exibiu rapidamente seu talento para empreendimentos. Foi sob seu comando que o governo mineiro acertou os delicadíssimos investimentos da Fiat em Minas que totalizam mais de R$ 7 bilhões. Anteriormente, parte desses recursos estava destinada para ser aplicada na Argentina. Tudo isso foi realizado de forma discreta e silenciosa, como reflexos do temperamento retraído e introspectivo de um apaixonado por barcos e pelo solitário hábito de velejar nas férias.
Passos
Lacerda nega a candidatura, mas tomou iniciativas no campo político. Filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) e compareceu à festa de aniversário do PT, realizado recentemente num restaurante da capital mineira. Na verdade, pouca gente, conhece não apenas o candidato mas as ocultas razões do acordo que tanto atormenta a multidão de funcionários, políticos e empresários.
As especulações são muitas e as mais recorrentes falam que as costuras atendem apenas às ambições de Pimentel chegar ao Palácio da Liberdade e de Aécio de se mudar para o Palácio do Planalto. A versão é negada por ambos. O desconhecimento é tamanho que o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Totó Teixeira, buscou auxílio do prefeito para intermediar uma audiência com o governador, já que é amigo de ambos. Na condição de chefe de um dos poderes do município, ele deseja ouvir os lados e as razões dessa engenharia política mineira que angustia seus pares.