Aliado prioritário do PT, o PCdoB começa a se desvincular da imagem de linha auxiliar do partido do presidente Lula e dá sinais de um esfriamento de um casamento que teve início nas eleições presidenciais de 1989. Forte indício é a quantidade de candidaturas próprias que pipocam às vésperas das eleições.
Os comunistas do B lançaram candidatos em 400 municípios. Em São Paulo, por exemplo, o deputado federal Aldo Rebelo se apresenta como pré-candidato no maior colégio eleitoral do país. No Rio de Janeiro, Jandira Feghali - atual secretária de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia de Niterói - já apresentou seu nome, assim como a deputada Manuela D"Ávila (RS), a musa do Congresso, que sonha com a prefeitura de Porto Alegre. Outras capitais como Belo Horizonte, São Luiz, Teresina, Salvador, Porto Velho, Aracaju, Florianópolis, Fortaleza, Macapá, Manaus, Curitiba e Recife também terão candidatos próprios do PCdoB em vez de apoiar nomes do PT.
Aldo Rebelo explica que, apesar da "tarefa gigantesca" de apoiar o governo Lula, o PCdoB está preocupado em construir candidaturas em cima do bloco partidário composto por PDT, PSB, PMN, PHS e PRB.
Podemos até ter unidade com o PT, mas a nossa prioridade é lançar candidatos deste bloco de esquerda - esclarece o ex-presidente da Câmara e ex-ministro da Ariculação Política, esquivando-se de amplificar o afastamento entre seu partido e o antigo aliado.
Estratégia
Para o cientista político e presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, Geraldo Tadeu Monteiro, o esfriamento do namoro é marca do sistema eleitoral e de sua constituição em dois turnos.
Essa é uma forma de militância, para dar identidade e tentar acumular capital político para negociar apoio no segundo turno. Quando o partido lança um candidato próprio, tende a ganhar mais habilidade e destaque.
Monteiro explica que com a aproximação das eleições, casamentos entre partidos tendem a esfriar e até mesmo se romper. A intenção é acumular voto.