segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

É guerra no barraco

Diante da guerra declarada entre serristas e aecistas em busca do comando do PSDB, a cúpula do partido decidiu agir para tentar unificar a legenda. Embora a maioria dos cardeais tucanos não deseje ver o ex-governador paulista José Serra na presidência do partido, todos o consideram um líder importante, que não pode ser isolado ou afastado do processo decisório da sigla. O desafio é encontrar uma saída que agrade a Serra e ajude a consolidar o apoio que o deputado Sérgio Guerra (PE) vem recebendo em favor de sua reeleição para presidir o PSDB.

Diante desse quadro, um grupo de tucanos começou a ventilar a possibilidade de Serra disputar, mais uma vez, a prefeitura de São Paulo em 2012. O ex-governador, por enquanto, não quer ouvir falar nessa hipótese, porque já venceu duas eleições para o cargo. Mas sua candidatura não só atenderia aos interesses do PSDB, que gostaria de recuperar o comando da capital paulista, como seria uma boa vitrine para Serra tentar se manter no páreo na disputa pela vaga de candidato à Presidência em 2014, almejada também pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Para oposição, é melhor que embate ocorra agora

De qualquer forma, a avaliação que a oposição tem feito nos bastidores é que foi melhor essa guerra entre Serra e Aécio ter sido deflagrada agora, do que às vésperas da próxima eleição presidencial. O grande temor é que o PSDB repita o erro cometido ano passado, quando demorou para oficializar a candidatura de Serra, o que inviabilizou a ampliação da aliança partidária em torno do projeto oposicionista.

A curto prazo, a reeleição de Sérgio Guerra para a presidência do PSDB é considerada o caminho mais fácil para o partido começar a reconstruir sua unidade. Mas, para isso, Serra não poderá ficar à margem do projeto de reestruturação da legenda. Até por sua trajetória política, que o levou a receber 44 milhões de votos no segundo turno da disputa presidencial de 2010.

Caso contrário, Serra poderá se transformar em vítima, o que poderia abalar a maioria que hoje defende a recondução de Guerra ao comando do PSDB. Mesmo assim, são poucos os que acreditam que o ex-governador paulista teria condições de conquistar a presidência do partido, pois, diante de uma eventual instabilidade na candidatura de Guerra, tudo indica que Aécio será convocado por seus aliados para se lançar nessa disputa - o que o mineiro não gostaria de fazer neste momento.

Recém-eleito para o Senado, Aécio pretende se dedicar, nos próximos dois anos, ao novo mandato parlamentar. Seus planos como senador, aliás, deverão ser mais bem expostos em pronunciamento que já começou a preparar, mas que só deverá fazer após o carnaval.

A ideia de Aécio é aproveitar sua passagem pelo Senado para reorganizar a oposição. Seu primeiro desafio será impedir que o governo aproveite a comissão especial de reforma política no Senado para criar uma janela que permita novo troca-troca partidário, o que poderia reduzir ainda mais as fileiras da oposição no Legislativo.

Estratégia de Serra não tem o efeito esperado

A estratégia traçada por Serra para se cacifar para a disputa pela presidência do PSDB, por enquanto, não surtiu o efeito esperado. A avaliação é que ele, mais uma vez, teria demorado a expor seus planos. Em parte, porque confiava que os votos recebidos na eleição de 2010 seriam suficientes para lhe garantir o posto que melhor lhe conviesse no partido.

A ofensiva iniciada por Serra semana passada, quando desembarcou em Brasília para conversar com as bancadas tucanas da Câmara e do Senado, poderá enfrentar resistências. Até porque Guerra também já começou a percorrer o país em busca de apoio à sua reeleição. Enquanto Serra, na última quinta-feira, se reunia no interior do Paraná com um grupo de tucanos, Guerra almoçava com o governador do estado, Beto Richa.

Ministro decide tirar Pochmann do Ipea

O ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), o peemedebista Moreira Franco, vai tirar o economista Márcio Pochmann do comando do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Militante do PT, o economista e professor da Universidade de Campinas (Unicamp) assumiu em 2007 e faz uma administração polêmica, sempre debaixo de suspeitas de aparelhamento político-partidário.

Moreira Franco, apurou ontem o Estado, ainda está conversando com assessores para definir os nomes da nova diretoria, mas há duas queixas generalizadas: com a qualidade e a profusão de pesquisas do Ipea e com a decisão de Pochmann segurar a liberação (por empréstimo) de pesquisadores altamente capacitados para cargos no governo Dilma Rousseff. "Isso não é assunto para ser tratado pela imprensa", disse ontem o ministro.

Pochmann e o diretor do Departamento de Macroeconomia, o economista João Sicsú, impuseram uma orientação de alinhamento com o ideário "estatista", privilegiando as pesquisas que apoiam o crescimento da máquina e dos gastos do Estado. Defesa de privatizações e reformas estruturais são assuntos fora da pauta.

Apesar de ter assumido criticando a falta de pesquisas estratégicas, de longo prazo, Pochmann é acusado de transformar o Ipea numa máquina de coletar números para apoiar o governo. "Se eu quero saber o que a população está achando do SUS eu contrato o Ibope", desabafou Moreira Franco, em conversa recente. O Estado ligou ontem para o economista, deixou recado, mas não houve retorno.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Homenagem a Lula na festa de 31 anos do PT

O PT celebra seu aniversário de 31 anos nesta quinta-feira (10) com um ato político em homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em evento programado para 17 horas, no Teatro dos Bancários, em Brasília, Lula será reconduzido ao cargo de presidente de honra do PT. Mais cedo, a partir das 10 horas, o diretório nacional se reúne para eleger os novos membros.

Três integrantes do diretório nacional deixarão o órgão: o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, atual secretário-geral da legenda; a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes; e o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que é vice-presidente nacional do partido.

Cardozo e Iriny deixam seus cargos porque não podem acumulá-los com o comando dos ministérios. Costa abre vaga para outro petista, um vez que, no posto de líder da bancada no Senado, ele tem assento no diretório nacional. As vagas serão preenchidas por petistas das mesmas tendências de seus antecessores. O PT divide-se em nove grandes tendências.

A maior delas é a Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual fazem parte o atual presidente da sigla, José Eduardo Dutra, e o ex-presidente Lula.

A festa contará com a presença de governadores, ministros, parlamentares e lideranças do partido em todo o País. A presidente Dilma Rousseff foi convidada, mas ainda não confirmou presença. Dirigentes petistas receiam que a presença de Dilma ofusque a homenagem a Lula, em seu retorno a Brasília pela primeira vez desde que deixou a Presidência.

Delegado e ex-diretor do Detran-SP é acusado de comprar um terreno no DF com dinheiro desviado;

Você acharia normal um delegado de polícia comprar um terreno por R$ 15 milhões? A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo e o Ministério Público não acham.
Os dois órgãos investigam o delegado Ivaney Cayres de Souza sob a suspeita de lavagem de dinheiro -teria usado dinheiro desviado do Detran, do qual foi diretor, para adquirir uma área em Brasília, segundo documentos sigilosos obtidos pela Folha.

Souza dirigiu o Detran de setembro de 2005 a dezembro de 2006, período em que o órgão contratou novos fornecedores de placas. Ele é acusado pela Promotoria de ter fraudado a licitação com preços superfaturados para beneficiar duas empresas.
O superfaturamento deu um prejuízo de R$ 11,9 milhões ao governo paulista, segundo o Ministério Público. A Justiça ainda não decidiu se a acusação será aceita. Se for, Souza passa a ser réu numa ação criminal.

O delegado diz que a ação tem motivações políticas e refuta a acusação de fraude. Sobre o terreno, diz que seu filho foi apenas procurador da empresa que o comprou.

NEGÓCIO SUSPEITO

Souza é um policial fora dos padrões. Seus colegas o consideram o mais rico dos delegados da polícia paulista -é sócio de um grupo de 4.500 funcionários, que atua em segurança e serviços, anda em um Passat alemão blindado e sua mulher num Mercedes, também blindado.

A empresa de segurança que iniciou o grupo, a Pollus, funcionou anos no nome de um laranja do delegado.

A Corregedoria e os promotores vincularam a suposta fraude no Detran à compra do terreno ao consultar o Coaf, órgão do Ministério da Fazenda responsável pelo combate à lavagem de dinheiro.

O Coaf informou que um filho do delegado, Ivaney Cayres de Souza Júnior, aparecia numa operação de compra de um terreno de 1.000 m2 num setor novo de Brasília, o Noroeste, onde o governo do Distrito Federal quer criar um bairro de feições ecológicas, o que gerou uma especulação desenfreada. Valor do negócio: R$ 14,997 milhões.

Souza Jr. é procurador da NS Empreendimento Imobiliário Noroeste 1 Ltda.
Levantamentos feitos pela Folha mostram que a NS tem todas as características de uma empresa fantasma.

Num dos endereços da NS em São Paulo, na Vila Clementino (zona sul), não há nem empregado na sala comercial alugada nem telefone. Um funcionário do prédio diz que a sala fica vazia o ano todo -é usada só para receber correspondência, recolhida por um motoboy.

Em outro endereço da NS, em Taboão da Serra, a situação é mais precária. A suposta sede da empresa fica numa casinha de 80 m2, que não vale nem R$ 40 mil, de acordo com uma imobiliária.
 

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