sábado, 2 de junho de 2012

Cheques que pagaram casa de Perillo são de conta usada pela Delta

Peritos da Polícia Federal revelam que os cheques que pagaram o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), pela venda da casa que ele comprou em 2011 provêm de uma conta bancária que recebeu dinheiro da empreiteira Delta. Entre março e maio, o tucano recebeu três cheques nominais da Excitant Confecções, oriundos de uma conta na Caixa Econômica Federal em Anápolis. Dois eram de R$ 500 mil e um era de R$ 400 mil. A empresa pertence a uma cunhada do bicheiro Carlinhos Cachoeira. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Segundo a PF, nesse período a Delta depositou altas quantias nessa conta por meio de uma empresa fantasma chamada Alberto e Pantoja Construções, criada pelo grupo de Cachoeira com o único fim de receber dinheiro da construtora. No dia 30 de março, por exemplo, houve um repasse de R$ 1 milhão. A assessoria de Marconi Perillo diz que ele agiu de boa-fé na venda da casa: "Se houvesse má-fé ele não teria recebido em cheques nem depositado em sua conta. (...) Não cabia ao vendedor do imóvel verificar a origem dos cheques nem dos recursos. Quem deve explicações sobre os cheques é o emitente".

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Rei da Espanha vem ao Brasil desfazer 'mal-estar' no turismo


O rei Juan Carlos I, da Espanha, desembarca em Brasília às 19h do próximo domingo e deve ficar na cidade até segunda-feira, quando ruma para o Chile. Está marcada reunião com a presidente Dilma Rousseff e parte da equipe ministerial. Disposto a desfazer o mal-estar causado pelas questões migratórias entre Brasil e Espanha, ele discursará em português e em espanhol na próxima segunda.

É a primeira viagem de Juan Carlos ao exterior desde que ele colocou uma prótese no quadril, após um acidente durante caçada na África. Ele viaja acompanhado pelo chanceler José Manuel García-Margallo, que esteve há pouco mais de duas semanas em Brasília, e mais um grupo de empresários espanhóis interessados em ampliar os negócios no Brasil.

A Espanha é o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil, com estoque de capital superior a US$ 85 bilhões. Em 2011, o comércio bilateral registrou US$ 7,97 bilhões - o que representa aumento de 20% na comparação com 2010.

A visita de Juan Carlos ocorre no mesmo dia em que representantes dos governos brasileiro e espanhol se reúnem em Madri, capital da Espanha, para negociar a redução das exigências feitas para a autorização da entrada de brasileiros na Espanha e de espanhóis no Brasil.

É a primeira reunião desde que o Brasil passou a adotar, em 2 de abril deste ano, medidas mais rigorosas para o ingresso de espanhóis em território brasileiro. O governo brasileiro vai propor a instituição de um procedimento de linha direta para a redução emergencial de casos duvidosos, ou seja, situações em que a decisão foi meramente burocrática ou por problema com documentos do viajante.

As "medidas de reciprocidade" foram colocadas em prática depois dos relatos de brasileiros que se queixavam das humilhações e de discriminação ao tentar entrar em território espanhol. Apesar das medidas, o subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras no Exterior, embaixador Eduardo Gradilone Neto, disse que ainda há denúncias de maus-tratos a brasileiros na Espanha.

Pelas regras em vigor, os espanhóis que quiserem entrar no Brasil terão de estar com o passaporte válido por, no mínimo, seis meses. Também serão exigidos os comprovantes de passagens de ida e volta, com data marcada.

O espanhol que for se hospedar em hotel deverá apresentar o documento de reserva. Caso venha a se hospedar na casa de amigos ou parentes, terá de apresentar uma carta-convite. O documento deve conter a assinatura do responsável, autenticação em cartório e um comprovante de residência dessa pessoa.

O último item das exigências refere-se à renda mínima do espanhol que pretende visitar o Brasil. Ele deve comprovar que tem condições financeiras para arcar com até R$ 170 diários de despesas em território brasileiro.
 

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