terça-feira, 31 de outubro de 2006

Jornal Hora do Povo publica denuncia do Blog Os amigos do Presidente Lula


O blog “Os amigos do presidente lula” denunciou que a rede Globo montou uma farsa no debate entre os candidatos à Presidência com o objetivo de ajudar Geraldo Alckmin. O site mostrou que a Globo levou ao debate pessoas escolhidas pelo Ibope que não eram “indecisas” e ainda manipulou as perguntas para favorecer o tucano.

“Alan Brito de Fortaleza, Ceará, era um dos indecisos. Ele perguntou o que o futuro presidente faria para a melhoria dos transportes, e deu como exemplo o caso dele, que pegava todo dia três ônibus para chegar à faculdade. Só que a Globo não esperava que a farsa fosse desmascarada tão rapidamente. Alan Brito mora na frente da faculdade que estuda. Não tem como ele pegar três ônibus, contam seus amigos da comunidade do Orkut (site de relacionamento)”, afirma o blog.

Depois de afirmar que a pergunta de Alan foi feita pela produção da rede Globo, o site mostra que ele faz parte de uma comunidade no Orkut contrária ao presidente Lula e que a maior parte de sua turma é tucana. Indignados com as manipulações da Globo, os colegas de faculdade de Alan montaram uma comunidade chamada “Alan e os seus três ônibus” e ainda despejaram mais de 18 mil recados condenando sua encenação, com frases bem ríspidas e outras impublicáveis.

O blog registrou ainda que “provavelmente isso explica o fato dos ‘eleitores indecisos’ gaguejarem tanto na hora de ler suas próprias perguntas, como se não tivesse saído de suas próprias cabeças”.

http://www.horadopovo.com.br

Lula: “O Brasil saiu mais unido do que quando entrou nesta campanha”


A seguir, principais trechos do discurso de Lula no ato de comemoração da vitória na Avenida Paulista, domingo à noite.

“O Brasil vive um momento mágico de sua história. Pela primeira vez o povo resolveu ser o artista principal e não ser o coadjuvante da política brasileira. Nos momentos mais difíceis que o nosso governo enfrentou, quem levantou a cabeça foi o povo brasileiro para dizer: Nós não aceitamos o que está acontecendo no Brasil.

Eu acho que nós vamos ter um segundo mandato com muito mais responsabilidade do que tivemos no primeiro. Até porque, agora, eu não vou mais me comparar com o governo passado, porque esse nós já derrotamos. Eu agora preciso me comparar com os quatro primeiros anos do meu governo. Agora é Lula se comparando a Lula e não Lula se comparando aos meus adversários. A nossa responsabilidade aumenta, e aumenta substancialmente.

Eu quero agradecer aos companheiros do PT, às companheiras do PT, porque este partido foi construído com muito sacrifício. Eu sei o que esta mulher (Dona Marisa) aqui sofreu para eu construir o PT junto com vocês. Portanto, nós não temos o direito moral, ético e político de cometer erros daqui para frente. Não temos o direito, porque quando a gente fala no PT, a gente não fala da direção do PT, a gente fala em milhões e milhões de mulheres e homens. Dos catadores de papel da cidade de São Paulo, desde os sem-teto do Rio de Janeiro a empresários, a trabalhadores organizados em categorias profissionais, a educadores, a funcionários públicos. O PT é mais do que um partido, o PT é uma instituição da política deste país e precisa ser respeitado.

(...)

É da nossa responsabilidade, e eu tenho consciência do que significa o segundo mandato, eu tenho consciência que o desenvolvimento econômico, a distribuição de renda e a educação de qualidade são três fatores fundamentais pelas quais o Brasil vai ingressar no rol dos países desenvolvidos. Nós provamos que é possível consolidar a democracia.

Naquele Palácio do Planalto, que só entrava reis, presidentes, primeiros-ministros, princesas, banqueiros e grandes empresários, agora continua entrando todos eles, mas entra também os moradores de rua, entra também os catadores, entra os sem-teto, entra os sem-terra, entra os pequenos agricultores, entra as mulheres, negros, índios, entra a sociedade brasileira, que é muito maior do que aquilo que muitas vezes a gente lê ou vê na televisão.

A sociedade brasileira é construída por todos nós e sabemos o que significa a conquista dos afro-descendentes deste país nas universidades brasileiras, o que significa a participação da mulher, o que significa a participação dos sem-teto. Eu quero dizer para vocês: o Brasil saiu mais unido do que quando entrou nesta campanha. Agora, vou governar o país para todos os brasileiros sem distinção. Mas, na minha cabeça e nas minhas ações os mais pobres terão a preferência da política pública do nosso governo, porque nós precisamos transformar o Brasil num país justo. As pessoas têm que ter o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar e já conseguimos isto com o Bolsa Família. Mas, as pessoas querem trabalhar, querem ter acesso à cultura, querem ter acesso ao lazer, querem ter acesso à cidadania plena, que é o direito de conviver em harmonia com a sua família e com a sociedade. E esse compromisso não é um compromisso é uma profissão de fé. Eu sei o que é um pobre deste país não ser tratado como cidadão, eu sei o que é um pobre deste país ser condenado a indigente, eu sei o que é um pobre deste país, para sobreviver, vender alguma coisa aqui nesta Avenida Paulista e é escorraçado todo santo dia como se fosse um bandido.

(...) Essa eleição eu não devo a ninguém, a não ser ao povo brasileiro. Por isso eu quero agradecer a vocês que acreditaram, que defenderam o governo mesmo nos momentos mais difíceis. Que Deus abençoe todos vocês. Que Deus permita que a gente tenha força para fazer um governo muito melhor, com mais produtividade para o povo brasileiro. E eu quero agradecer a cada um de vocês que trabalhou, que acreditou, que enfrentou desaforos, que enfrentou provocações, que enfrentou perseguições.

(...) Esta é uma vitória que me deixa realizado como político, porque foi a vitória dos de baixo contra os de cima, é o andar de baixo que chegou lá em cima. E eu não tenho vergonha, pode ter certeza, que jamais abdicarei do lado que eu sou, eu jamais deixarei de compreender de onde eu vim, para onde eu quero ir, e eu não quero ir sozinho, eu quero ir com 190 milhões de brasileiros para melhorar a vida de todo mundo.

Um grande abraço, um beijo para todos vocês, porque amanhã em tenho que estar às 10 horas da manhã em Brasília, tenho que começar a trabalhar porque agora a gente vai ter que ser mais rápido, mais ágil, vamos ter que fazer mais do que já fizemos, as professoras vão melhorar de vida, a educação vai melhorar neste país, o emprego vai melhorar neste país e, certamente, o povo pobre vai conquistar a sua cidadania. Um beijo e que Deus abençoe todos vocês companheiros, muito obrigado por tudo o que vocês fizeram”.

Lula soterra 3º turno com avalanche de 58.295.042 votos


Na democracia é assim: quem tem voto governa, quem tem juízo admite

Nas eleições de domingo, Lula venceu em 4.014 dos 5.565 municípios brasileiros. Sua votação cresceu em todos os Estados – mais 11 e meio milhões de votos -, enquanto a de Alckmin, caso inédito, caía 2 milhões e meio entre um turno e outro. A diferença entre os dois aumentou de 6.693.996 para 20.751.864 de votos, ou seja, mais do que triplicou. A maré popular açoitou a reação que, nem ela, em geral algo obtusa, deixou de perceber que não seria muito saudável continuar com a retórica golpista das vésperas da eleição.


Povo reelege Lula e repele, nas urnas, privatistas e golpistas

Dos 5.565 municípios, Lula venceu em 4.014 deles. Enquanto a votação de Geraldo Alckmin desceu, a de Lula aumentou em 11.632.677

Muitas vezes os números são usados para esconder, deformar e falsificar a realidade. Mas a culpa, já disse um presidente da República, não é dos números, mas dos charlatães, picaretas e escroques que os manipulam. Ou que, simplesmente, os falsificam: é o caso, por exemplo, daqueles assacados pelo doutor Alckmin, segundo os quais a lei de florestas daria concessões na Amazônia que, no total, seriam do tamanho de “dez Estados do Acre”. Ou seja, 12 vezes a área verdadeira que consta da lei – que ele deve conhecer muito bem, pois sua aprovação foi garantida não pelo PT nem pelo PMDB, mas pelo PSDB.

DEBATES

Mas deixemos o submundo da política, ou a política do submundo, e vejamos alguns números reais sobre as eleições de domingo, que esboçam um quadro colossal do mais decisivo pleito já ocorrido no país.

O Brasil tem 5.565 municípios. Nas eleições de domingo, Lula venceu em 4.014 deles.

Ao terminar o primeiro turno, como registramos aqui no HP, o governador Eduardo Braga (PMDB-AM) declarou que no segundo turno Lula aumentaria sua votação no Amazonas. Era uma afirmação que parecia algo extraordinária, pois Lula havia conseguido 78% dos votos válidos naquele Estado. No entanto, o governador sabia o que estava dizendo: no segundo turno, Lula obteve 86,8% dos votos amazonenses.

O acontecimento é apenas ilustrativo do que houve em todo o Brasil. Porém, mais significativo ainda é que a votação de Alckmin diminuiu entre um turno e outro: 2.425.191 eleitores que tinham votado nele no primeiro turno, negaram-lhe seu voto no segundo, certamente por melhor conhecer o candidato. Foi esse o resultado de toda aquela presepada circense em torno de “debates”, “debates”, “debates”. Houve os debates, até que ninguém agüentava mais tanto debate - precisamente porque eles nada tinham a dizer, exceto a costumeira chorumela udenista. Na verdade, não podiam apresentar o seu verdadeiro programa, pois sabiam que ele era repudiado pelo povo. Porém, ao não apresentá-lo, deixaram claro qual era. Quanto a isso, nada mais ridículo do que as negativas de que não pretendiam privatizar a Petrobrás, o BB, a CEF e os Correios. Aliás, há algo mais ridículo: as acusações de que Lula é que era o privatizador. Por último, colocaram no ar uma ensandecida propaganda supostamente contra as privatizações. Em suma, sua linha de campanha era mostrar que eram eles, e não Lula, os maiores paladinos do programa de governo de Lula...

Naturalmente, o eleitor recusou quem o tratava como idiota. Recusou quem escondia seu repulsivo programa, ainda que esse estivesse mais nu do que o rei da história de Andersen. Enquanto a votação de Alckmin diminuía em 2 milhões e meio de votos, Lula aumentava a sua em mais de 11 milhões e meio, precisamente em 11.632.677 votos. A diferença entre os dois, de um turno para outro, aumentou de 6.693.996 para 20.751.864 de votos, ou seja, mais do que triplicou. Não somente Lula ganhou votos entre os eleitores que haviam votado em candidatos que não estavam no segundo turno, mas uma parcela ponderável dos eleitores de Alckmin no primeiro turno preferiu Lula no segundo.

Tudo isso depois de 18 meses de campanha difamatória, enfrentando um aliança, melhor dizendo, um conluio reacionário que incluía os serviçais de Wall Street na vida política, na mídia, na especulação, no TSE, e até alguns transviados que fizeram o possível para desmerecer sua condição de membros do Ministério Público ou da PF.

Lula teve 58.295.042 votos. Contra Serra, no segundo turno da eleição passada, Lula foi votado por 52.793.364 eleitores. Ainda que as diferenças quanto ao conjunto do eleitorado devam ser consideradas, esse aumento de 5.501.678 votos de uma eleição para outra, depois dessa campanha sórdida de um ano e meio - somente comparável, como lembrou o presidente, com aquelas promovidas contra Getúlio, Juscelino e Jango – é um julgamento popular mais do que eloqüente para um governante.

Mas, na verdade, não foi Lula que foi julgado. Foram outros os que estiveram no banco dos réus, e foram inapelavelmente condenados. Em síntese, a reação foi esmagada naqueles que considerava, sem razão, os seus refúgios. Que melhor julgamento para o bravateiro tucano Artur Virgílio do que os 86,8% votos de Lula no Amazonas? Que melhor sentença para o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, do que a votação monumental de Lula no Ceará?

Três Estados (Goiás, Acre, Rondônia) e o Distrito Federal, em que Alckmin havia ganho no primeiro turno, desta vez preferiram Lula, que cresceu também em todos os Estados em que ficou atrás de Alckmin, enquanto este perdia votos em todos eles, com exceção de um, o Rio Grande do Sul.

Em suma, uma votação consagradora e esmagadora. O povo escolheu o seu projeto e o seu representante, aquele que condensa as suas aspirações.

RECUO

Diante de tal efeméride – algo que merece ser chamado de acontecimento épico – os golpistas da véspera, aqueles que prometiam não deixar Lula governar, aqueles que queriam acabar com seu novo governo antes que este começasse, tomaram a prudente medida de recuar em seu golpismo (ver matéria nesta página). É verdade que provisoriamente, pois há gente que é incorrigível, mas não deixa de ser sintomático que nem eles tenham, diante da maré popular que tomou o país nas eleições, deixado de perceber as funestas conseqüências que poderiam resultar para eles, se continuassem a recalcitrar.

Governo muda a política de publicidade e enfrenta a Rede Globo


O Governo Lula (o Ministro Luís Gushiken) trava nesse momento uma batalha feroz com a Rede Globo de Televisão. Pela primeira vez, desde que se tornou uma rede nacional de televisão, a Rede Globo enfrenta o maior anunciante, o Governo – e pode perder.

A industria da televisão no Brasil se sustenta num princípio: a Rede Globo de Televisão tem 50% da audiência e 75% da receita publicitária. A “mini-revolução” que o Governo Lula pode provocar é fixar uma nova regra: a cada um segundo a sua audiência. E essa é a batalha que se trava agora.

Em nenhum outro Governo a Rede Globo trabalhou com um cliente tão generoso quanto no Governo Fernando Henrique Cardoso. Ou não foi o presidente Fernando Henrique quem, ao visitar o Projac, disse: “Eu me orgulho da Globo. Eu me orgulho do Brasil”, nessa ordem.

No Governo FHC, a Globo negociava individualmente com cada um dos anunciantes do Governo – Banco do Brasil, Caixa, Correios, distribuidora da Petrobrás. E como era uma rede amiga, irmã, camarada, e porque tem a maior audiência, conseguia dois favores especiais.

A Globo dava menos descontos aos anunciantes do Governo (e a cada um, um desconto diferente; e nem sempre o anunciante com maior volume recebia o maior desconto). E se beneficiava do direito de incluir o carater “político” na mídia: ainda que a audiencia não chegasse a 75%, era como se tivesse. Já que o Ministro Pedro Malan podia falar nos jornais da Globo quando bem entendesse (de preferência com a Miriam Leitão), a fidelidade da Globo ao Governo tinha um premio: ficar com 75% da receita do mercado, com 50% da audiência.

A “mini-revolução” que o Ministro Gushiken pretende fazer é a seguinte:

1) A verba do Governo vai ser distribuida segundo a audiência.
2) A Secretaria de Comunicação do Ministro Gushiken vai comprar toda a mídia de todos os órgãos do Governo.
3) Como é um unico comprador, ela vai poder negociar descontos maiores com as redes de televisão.
4) Vai criar o que chama de “cupom de desconto”. E transferir esse “cupom de desconto” a seus anunciantes: ao Banco do Brasil, Caixa etc. Quando forem negociar com uma rede, em cima da tabela da rede se aplicará o “cupom de desconto” que a Secretaria negociou para todos.
5) Obter o máximo de beneficio para uma verba que é pública.

A Globo argumenta que a política caracterizaria o que se chama de “bureau de mídia”. Essa é uma instituição que existe em países de clima temperado, acima do Equador, mas que, aqui, não floresceu – por causa da Globo. Nos “bureaux de midia”, os grandes anunciantes (Nestle, Shell) compram grandes volumes de mídia de uma vez só e reservam para seus produtos.

O Governo argumenta que não vai montar um “bureau de mídia”, porque não vai reservar espaço nenhum. Cada anunciante (Banco do Brasil, Caixa etc) vai negociar diretamente com a rede. O “cupom de desconto” --- segundo o argumento do Governo -- nada mais é do que o “clube do assinante” do jornal Globo: mostrou a carteirinha, tem desconto. E o que o Governo quer é ser o cliente do Blockbuster: alugou tres filmes, tem direito a mais um. Alugou um, não tem.

No momento, a Globo está isolada. As outras redes parecem gostar da nova política, é óbvio. Com ela, se tornam mais competitivas. E, inspirados pelo Governo, quem sabe os grandes anunciantes privados não fazem o mesmo ? As outras redes sempre disseram que não podiam competir com a Globo, porque a Globo ficava com a parte do Leão. Agora, veremos …

A Globo resiste, mas em termos. A direção comercial da Globo escreveu cartas muito gentis à Secretaria de Comunicação; a batalha se trava em termos elevados. Nas primeiras escaramuças para discutir a tabela com novos números, a Globo só concordou em dar descontos muito baixos – segundo a avaliação da Secretaria --, em programas vespertinos, de baixa audiencia.

-- E se a Globo retaliar editorialmente ?, alguém perguntou.
-- Não acredito, respondeu um alto funcionário da Secretaria, que não quis se identificar. E a Globo também não está no azul, disse.

Paulo Henrique Amorim

Proprietários da Vicatur negam contatos com petistas


Sócios da Vicatur Câmbio e Turismo Limitada, os empresários Fernando Manoel Ribas Soares e Sirley da Silva Chaves disseram ao delegado Diógenes Curado, da PF, que não conhecem ninguém do PT e que jamais negociaram dólares com representantes do partido. A empresa é apontada pela PF como origem de parte do R$ 1,7 milhão .Da agência, de Nova Iguaçu (RJ), saíram os dólares de parte da quantia a ser paga pelo dossiê, segundo a investigação presidida por Curado, delegado em Cuiabá.

Durante os interrogatórios, realizados no Rio, Curado perguntou aos sócios da agência se conheciam o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria (PT). Ribas Soares e Sirley Chaves negaram que conheçam o prefeito pessoalmente. Também negaram que tenham mantido contato com assessores do prefeito. Lindberg é cotado no PT do Estado do Rio como provável candidato a governador em 2010. Ao interrogar os sócios, o delegado procurou descobrir se existem vínculos entre a agência e os petistas envolvidos no caso do dossiê. Mais uma vez, ambos negaram. Ribas Soares chegou a comentar que não vota em candidatos do PT.
O delegado perguntou a eles se conheciam os petistas suspeitos de participação no caso. Citou vários nomes, entre eles os de Hamilton Lacerda (ex-assessor do senador Aloizio Mercadante), Waldebran Padilha e Gedimar Passos (presos com o dinheiro em 15 de setembro, em São Paulo).

Pela terceira vez, o sócios negaram conhecê-los. Acrescentaram que a agência jamais prestou serviços para a Prefeitura de Nova Iguaçu. Durante a estada de dois dias no Rio, na semana passada, Curado disse a policiais acreditar que parte dos dólares do dossiê saiu mesmo da Vicatur. Afirmou também que a agência usou "laranjas" para encobrir para quem o dinheiro foi realmente entregue.

Bafômetro


Em abril, logo depois de ter sido escolhido candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin foi recebido na casa de Renan Calheiros (PMDB-AL) em Brasília. Do jantar participaram ainda colegas do presidente do Senado e convidados de seu Estado. Já de madrugada, Jorge Oliveira, jornalista alagoano, aproximou-se do tucano:
-O senhor vai ganhar a eleição. Sabe por quê?
Diante da resposta negativa, ele prosseguiu:
-Porque o senhor está inteiro.
Alckmin, então, consultou Sérgio Guerra (PSDB-PE):
-Será que ele quis dizer que estou bem de saúde ou que pareço inteiro por não estar alcoolizado a esta hora?

domingo, 29 de outubro de 2006

LULA É REELEITO PRESIDENTE DA REPÚBLICA


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito neste domingo (29) para a Presidência da República. O candidato do PT liderou a disputa pelo Palácio do Planalto, com chances de vitória no primeiro turno, desde o início da campanha eleitoral.


Com mais de 90% das urnas apuradas, Lula não pode mais ser alcançado pelo seu adversário, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB).

A reeleição de Lula foi confirmada às 19h12, momento em que o TSE já havia apurado os votos de 85,75% das seções. Naquele instante, Alckmin deixou de ter condições de alcançar o petista: Lula tinha 50.516.442 votos (60,57%), contra 32.889.541 (39,43%) do tucano.

Lula chegou ao segundo turno após obter 46,6 milhões, contra 39,9 milhões de Geraldo Alckmin.


Perfil


Sua carreira como líder político coincide com a pressão popular pela abertura política durante o regime militar. À frente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, o então torneiro mecânico catalisou a vontade de setores sociais que queriam o fim da ditadura.

Filho de lavradores, Lula migrou para São Paulo com a mãe, dona Eurídice, e sete irmãos quando tinha 7 anos. A viagem durou 13 dias, em um caminhão pau-de-arara. Em São Paulo, a família foi morar no Guarujá, para se juntar ao pai de Lula, Aristides, que havia migrado alguns anos antes.

Em 1956, a mãe e os filhos mudam para São Paulo, onde inicialmente moram em um quarto nos fundos de um bar na Vila Carioca. Lula começa a trabalhar aos 12 anos, como engraxate e entregador de uma tinturaria.

Seu primeiro trabalho com carteira assinada foi em uma metalúrgica, quando ele tinha 14 anos. Em 1963, conclui curso de torneiro mecânico no Senai e no ano seguinte, na Metalúrgica Aliança, sofre o acidente que lhe custou o dedo mínimo da mão esquerda.

Em 1966, quando trabalhava nas Indústrias Villares, Lula começa sua militância sindical, por influência do irmão mais velho, Frei Chico. Nesse mesmo ano, perde sua primeira mulher, a operária Maria de Lourdes, e o filho, durante o parto. Nos anos seguintes, intensifica sua militância sindical.

Em 1972, é eleito primeiro-secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Entre 1975 e 1978, assume por duas vezes a presidência do sindicato. As greves lideradas por Lula à frente dos metalúrgicos nesse período aumentam a pressão popular pelo fim da ditadura.

Em fevereiro de 1980, Lula, intelectuais, sindicalistas e acadêmicos fundam o Partido dos Trabalhadores. Três anos mais tarde, ele participa da fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores). No ano seguinte, integra o movimento das “Diretas Já”.

Em 1986, é o candidato mais votado (650 mil votos) à Assembléia Nacional Constituinte. Em 1989, tenta pela primeira vez a presidência, mas perde a eleição para Fernando Collor de Mello, candidato do PRN. Em 1994, tenta de novo a presidência, mas perde de novo, desta vez para o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Lula perderia de novo para Fernando Henrique quatro anos mais tarde, no primeiro turno da eleição.

Em 2002, seria enfim eleito presidente da República com o maior número de votos já obtido por um político até então (52,4 milhões de votos). Casado com Marisa Letícia da Silva, tem cinco filhos, três em comum com a primeira-dama.

Tchau Geraldo. É Lula de novo!

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Fechado para balanço


Nascido de uma costela do PMDB e apartado da sigla-mãe na esteira da Assembléia Nacional Constituinte de 1987-1988, o PSDB não estava preparado para exercer a Presidência da República pelas mãos de Fernando Henrique Cardoso já em 1995. Em 1989, por um curto período de três semanas, foi possível vislumbrar a vitória de Mário Covas e caso ela se consumasse a História teria sido bem outra. Covas e Fernando Henrique eram amigos, o sociólogo admirava o engenheiro, mas a recíproca nem sempre era verdadeira. Se não tivesse sido atropelado pelo breve bonde Sílvio Santos, que se interpôs no cenário político por duas semanas e interrompeu a escalada ascendente de Covas, talvez tivesse ocorrido ali a vitória do projeto do PSDB -- e ele não redundaria do descolamento do partido social-democrata em relação à sociedade civil nem aos movimentos sociais e sindicais. Não foi o que aconteceu e é inútil teorizar sobre possibilidades.

O fato é que FHC se elegeu e se reelegeu presidente da República, em seu governo o Brasil experimentou um clima de rara tranqüilidade institucional, ele agregou em sua equipe desde prepostos de Antonio Carlos Magalhães até ex-ideólogos do PT como Francisco Weffort e o Príncipe da Sociologia foi capaz de consolidar a imagem de ser um homem à frente de seu tempo. Foi, mas deixou para trás um partido espicaçado. Fernando Henrique descobriu-se incapaz de arbitrar a disputa entre o núcleo paulista do PSDB que gravitava em torno de José Serra e o núcleo mais nacional da legenda que também gravitava em torno de outro paulista: o próprio Mário Covas. Com a morte de Covas, em 2001, Tasso Jereissati herdou o comando dessa ala da legenda, mas não conseguiu reter em suas mãos a autoridade que tinha o ex-senador e ex-governador paulista para se fazer ouvir e para se ver respeitado na sigla.

Sob o governo de Fernando Henrique Cardoso, o PSDB implodiu em três atos.

O primeiro deles foi encenado no leito de morte de Sérgio Motta, quando o então ministro entregou a Tasso um bilhete manuscrito, desesperado, em que perguntava aonde Fernando Henrique pretendia levar o partido. Ele reclamava da extrema influência do PFL e das idéias agregadas aos pefelistas sobre a administração do país.

O segundo ato dessa destruição, e contra o qual Mário Covas, já debilitado pelo câncer que o matou muito resistiu, foi a aliviada e silenciosa aceitação com que os tucanos encararam a desfiliação do ex-ministro Ciro Gomes. "Eu não teria deixado o Ciro sair. Ele é um dos melhores quadros do PSDB", disse-me Covas certa vez durante um jantar no Palácio dos Bandeirantes. "É um erro crer que Ciro atrapalha. Ele aponta os nossos erros com precisão e exerce uma liderança que nós dificilmente encontraremos em outros político dessa turma que fundou o PSDB". Como quase sempre, Covas estava certo. Pena que muitas de suas certezas e todo aquele seu jeitão doce de se indignar como um trovão mas agir de forma racional como um engenheiro tenham morrido com ele.

O terceiro ato da desconstrução tucana foi o próprio processo de decisão do candidato do partido à Presidência da República em 2002. Fernando Henrique tinha dois nomes nas mãos e um terceiro no bolso do colete. Em suas mãos estavam as fichas de Tasso Jereissati e de José Serra. No bolso do colete, Paulo Renato Souza, a quem FHC preferia. Fiel a seu estilo de jamais contrariar os interlocutores, o ex-presidente nunca trabalhou com afinco a alternativa Paulo Renato. O ex-ministro da Educação vinha de um gigantesto trabalho em sua área e, ao cabo de oito anos, mudou a face desfigurada do panorama educacional brasileiro. Muito há por se fazer, mas em oito anos Paulo Renato trabalhou como poucos -- talvez tenha sido de fato aquilo que se vangloria ser: o melhor ministro da Educação da História. FHC, então, foi fraco ao não expor suas preferências. Parecia claro a Tasso Jereissati que ele seria o herdeiro de Paulo Renato no pragmático coração de Fernando Henrique. O nome de Tasso sempre teve muito mais capilaridade nas diversas alas partidárias do que o de Serra. Também sempre foi muito mais popular entre os barões da Fiesp, mas José Serra sempre fez seus adversários internos tremerem ante a obstinação que demonstra ter na trajetória que pode um dia levá-lo à presidência. Serra se orgulha dessa obstinação e, dela, só retira o condicional "pode". Ele está certo de que chegará lá. Em dezembro de 2002, portanto, encenando um golpe partidário executado por dois emissários, FHC convenceu Tasso a se retirar da disputa. A empreitada foi surpreendente fácil e consumiu apenas uma madrugada. Jereissati jantou pré-candidato a Presidente e disposto a enfrentar José Serra em uma eleição prévia. No café da manhã seguinte, tomado às 9h30 em um hotel de Brasília, já anunciava a desistência e ensaiava um discurso de união partidária. O resto dessa História é o que já conhecemos.

Agora, na antevéspera de uma nova eleição presidencial que o PSDB se preparou para perder e foi surpreendido pelo fôlego não programado de seu candidato Geraldo Alckmin, o partido se prepara para um novo ciclo de balanços e traições. Alckmin, que sairá das urnas com uma respeitável votação mas tudo leva a crer que será derrotado, descobrirá quão fugaz foi a liderança que exerceu sobre seus pares. Já na segunda-feira, antes de sacramentado o resultado eleitoral, o PSDB terá de correr em busca de sua reconstrução e José Serra e Aécio Neves, os dois maiores líderes da legenda a emergir das urnas, estarão obrigados a tentar reencontrar o caminho que os leva a criar algum catalisador com a sociedade civil, com os movimentos sociais e com os sindicatos. Além disso, tornar-se-ão os interlocutores privilegiados do presidente Lula com a oposição e terão em suas mãos o comando dos dois maiores Estados da federação. Serra e Aécio serão os primeiros a desviar os petardos que alguns mercenários de baixa patente perfilados atrás das divisas de PSDB e PFL tentarão lançar contra os palácios do Planalto e da Alvorada. Como eles poderão iniciar seus mandatos e, a partir deles, credenciar-se para a disputa de 2010, sem um diálogo institucional e republicano com o governo revigorado de um presidente reeleito? Ou o PSDB pára, pensa e age de acordo com esse script, ou jamais sobreviverá na cena política nacional.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Plínio Sampaio: “nenhum de nós pode sequer pensar em votar no Geraldo Alckmin”


“Nós, os socialistas, queiramos ou não, participaremos dessa batalha, pois, em política, a omissão não quer dizer neutralidade”, avaliou Plínio de Arruda Sampaio, que foi candidato do Psol ao governo de São Paulo, sobre o segundo turno nas eleições presidenciais.

Plínio Sampaio disse que poderia votar em Lula dependendo de um acordo em torno de “uma agenda social’’. “Nenhum de nós pode sequer pensar em votar no Alckmin’’, disse Plínio.

Durante uma plenária no Rio de Janeiro, convocada pelo deputado reeleito do Psol, Chico Alencar, que, juntamente com o deputado Ivan Valente, já declarou que “não existe probabilidade de se apoiar Alckmin”, um militante do partido, morador do Morro do Alemão, afirmou que lá “o pessoal vai votar no Lula”. Por sua vez, o deputado Chico Alencar comentou em outra ocasião que não viu “nenhuma manifestação em defesa do voto no Alckmin’’ entre os intelectuais.

A Ação Popular Socialista, do deputado Ivan Valente, considera que “na prática, não há nenhum sinal de que algum militante do Psol possa vir a votar em Alckmin”.

Abel conseguiu liberação de 3,5 milhões no Ministério da Saúde para sanguessugas


O empresário Darci Vedoin, dono da Planam, afirmou em depoimento ao juiz federal Jefferson Schneider, da 2ª Vara Federal de Cuiabá, que o empresário Abel Pereira – operador do ex-ministro da Saúde e prefeito de Piracicaba, Barjas Negri (PSDB), conseguiu a liberação de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões no Ministério da Saúde, no fim de 2002, para a máfia das ambulâncias devido à sua ligação com o ex-ministro. Vedoin disse também que o pagamento de propina correspondia a 6,5% da verba liberada.

Essa foi a primeira vez que o empresário confirmou as denúncias feitas por seu filho, Luiz Antônio, na Polícia Federal e em entrevista à revista “IstoÉ”. A mesma informação foi dada também à Justiça federal pelo empresário Ronildo Medeiros no último dia 18. Medeiros é proprietário de duas empresas, a Frontal e a Medical Equipamentos Hospitalares, montadas pelos donos da Planam para participar do esquema de compra das ambulâncias superfaturadas.

Após se ver ainda mais complicado com os depoimentos acima citados, Abel Pereira se rendeu e não fugiu mais da Polícia Federal, depondo na última segunda-feira. Para tentar se esquivar das acusações de ter tentado comprar o dossiê que o envolvia com a máfia dos sanguessugas, Abel disse que os Vedoin lhe ofereceram um dossiê contra o senador Aloizio Mercadante. Em nota, Mercadante afirmou que “é um factóide com o objetivo de desviar a atenção das investigações sobre o esquema sanguessuga, comprovadamente gestado na administração federal do governo anterior”. A declaração também foi rapidamente desmentida até mesmo pelos Vedoins através de seu advogado.

Segundo consta no depoimento na PF, “Luiz Antônio solicitou ao declarante (Abel Pereira) que procurasse a cúpula do PSDB para passar as denúncias”. Caso isso fosse verdade, por que os Vedoins foram procurar Abel? Qual a sua ligação com a cúpula tucana para o credenciar como intermediário?

Abel não explicou o motivo de ter corrido várias vezes atrás dos donos da Planam. Informações apontam que ele se reuniu com os donos da Planam ou seus intermediários em três oportunidades, uma no Shopping Iguatemi, em São Paulo, outra em um hotel de Cuiabá e uma terceira vez com o empresário Ronildo Medeiros em Cuiabá.

Delegado Curado, da PF, afirma que o dinheiro “não saiu do PT”


O delegado de Polícia Federal Diógenes Curado Filho, responsável pelas investigações sobre a compra do dossiê que liga tucanos à máfia dos sanguessugas, afirmou à CPMI das Ambulâncias que o dinheiro (R$ 1,75 milhão) apreendido com petistas “não saiu do PT”. Em seu relatório parcial sobre o caso, Curado afirma que “podemos dizer, sem medo de errar, que em todas as declarações, depoimentos e interrogatórios juntados nos autos não se retira uma indicação sobre a origem do dinheiro”.

As declarações de Curado desmentem as versões lançadas na semana passada por integrantes da CPI pró-sanguessuga. A informação havia sido plantada na terça-feira passada pela “Folha de S. Paulo”, numa matéria em que um integrante da CPI, que pediu para não ser identificado, disse que o relatório do delegado Curado afirmava que o dinheiro era do PT. A íntegra do relatório está disponível na internet, no site da própria “Folha”, e em nenhum momento afirma que a origem do dinheiro é o PT.

Até mesmo o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), a contragosto, teve que reconhecer o fato: “Ele (Curado) deixou claro que o dinheiro, no entender dele, não é do PT”.

O relatório parcial da PF afirma que “apesar de todas as dificuldades, com apoio de vários setores do Departamento de Polícia Federal, as investigações sobre a origem dos dólares estão em sua fase final e demandarão medidas que serão tratadas em conjunto com a Justiça, o Ministério Público e esta Polícia Federal”.

Diz ainda que Jorge Lorenzetti, “pelo que se sabe até esse momento, foi a pessoa que articulou no âmbito nacional a compra do dossiê. Pediu que Gedimar Passos fizesse o contato inicial com Valdebran Padilha, dando funções específicas a Expedito Veloso e Osvaldo Bargas”. Segundo a PF, uma pequena parte do dinheiro apreendido foi conseguido em bancas do jogo do bicho no Rio de Janeiro.

Vedoin admite que dava 6,5% de propina para liberar verba em ministério tucano


Com ou sem dossiê, o caso ainda vai levar muito bicudo para a gaiola. É só questão de tempo

O empresário Darci Vedoin afirmou em depoimento ao juiz federal Jefferson Schneider, da 2ª Vara Federal de Cuiabá, que Abel Pereira conseguiu a liberação de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões no Ministério da Saúde, na gestão de Barjas Negri (PSDB), para a máfia das ambulâncias devido à sua ligação com o ex-ministro, e que a propina correspondia a 6,5 %.


Abel conseguiu liberação de 3,5 milhões no Ministério da Saúde para sanguessugas

O empresário Darci Vedoin, dono da Planam, afirmou em depoimento ao juiz federal Jefferson Schneider, da 2ª Vara Federal de Cuiabá, que o empresário Abel Pereira – operador do ex-ministro da Saúde e prefeito de Piracicaba, Barjas Negri (PSDB), conseguiu a liberação de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões no Ministério da Saúde, no fim de 2002, para a máfia das ambulâncias devido à sua ligação com o ex-ministro. Vedoin disse também que o pagamento de propina correspondia a 6,5% da verba liberada.

Essa foi a primeira vez que o empresário confirmou as denúncias feitas por seu filho, Luiz Antônio, na Polícia Federal e em entrevista à revista “IstoÉ”. A mesma informação foi dada também à Justiça federal pelo empresário Ronildo Medeiros no último dia 18. Medeiros é proprietário de duas empresas, a Frontal e a Medical Equipamentos Hospitalares, montadas pelos donos da Planam para participar do esquema de compra das ambulâncias superfaturadas.

Após se ver ainda mais complicado com os depoimentos acima citados, Abel Pereira se rendeu e não fugiu mais da Polícia Federal, depondo na última segunda-feira. Para tentar se esquivar das acusações de ter tentado comprar o dossiê que o envolvia com a máfia dos sanguessugas, Abel disse que os Vedoin lhe ofereceram um dossiê contra o senador Aloizio Mercadante. Em nota, Mercadante afirmou que “é um factóide com o objetivo de desviar a atenção das investigações sobre o esquema sanguessuga, comprovadamente gestado na administração federal do governo anterior”. A declaração também foi rapidamente desmentida até mesmo pelos Vedoins através de seu advogado.

Segundo consta no depoimento na PF, “Luiz Antônio solicitou ao declarante (Abel Pereira) que procurasse a cúpula do PSDB para passar as denúncias”. Caso isso fosse verdade, por que os Vedoins foram procurar Abel? Qual a sua ligação com a cúpula tucana para o credenciar como intermediário?

Abel não explicou o motivo de ter corrido várias vezes atrás dos donos da Planam. Informações apontam que ele se reuniu com os donos da Planam ou seus intermediários em três oportunidades, uma no Shopping Iguatemi, em São Paulo, outra em um hotel de Cuiabá e uma terceira vez com o empresário Ronildo Medeiros em Cuiabá.

Cortes paralisam obras nas marginais e rodovias paulistas


A falta de planejamento do governo de Geraldo Alckmin conseguiu paralisar várias obras no Estado de São Paulo, entre elas o Rodoanel e a recuperação das Marginais Tietê e Pinheiros. Para se ter uma idéia, dos R$ 200 milhões previsto para a construção do trecho sul do Rodoanel, que ligará a Régis Bittencourt a Mauá, no ABC paulista, o governo deve investir menos de R$ 80 milhões. Com a previsão de abrir cinco frentes de trabalho para a conclusão da obra, em 2006, apenas uma frente foi aberta até agora.

Além disso, o governo do Estado cancelou os investimento de R$ 100 milhões, também previstos para este ano, que serviriam para o recapeamento de 32 km das marginais, para o Expresso Tiradentes (antigo Fura-Fila) e para obras na região da avenida Roberto Marinho, que seriam tocadas em parceria com a Prefeitura.

Segundo o secretário de Estado de Planejamento, Fernando Braga, os cortes ocorreram mesmo e são necessários senão com o “planejamento” anterior haveria déficit orçamentário.

Outra obra afetada com os cortes foi a interligação da avenida Mário Covas, em São José dos Campos, com a rodovia dos Tamoios, que é o principal acesso ao Litoral Norte. O corte foi de R$ 50 milhões, o que impediu que a obra fosse concluída este ano.

A Secretaria dos Transportes diminuiu em mais de R$ 200 milhões os recursos das obras programadas para 2006 e decidiu que nem as já licitadas pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) terão suas ordens de serviço concedidas até dezembro. Os contratos que foram firmados irresponsavelmente pelo PSDB, um pouco antes de deixar o governo, de R$ 176 milhões para reformar 156 km de estradas, incluindo um trecho de serra da SP-125 (Oswaldo Cruz), também estão entre as paralisadas em agosto deste ano.

Alckmin desviou 1,7 bi da verba da habitação de 2003 a 2005


Governo do PSDB ignorou a Lei que destina 18% da arrecadação do ICMS para construção de casas populares

Uma análise feita com base no Balanço Anual do Estado de São Paulo detectou que R$ 1,7 bilhão deixou de ser investido pelo governo tucano na construção de casas populares entre 2003 e 2005. O dinheiro foi “contingenciado” da verba garantida pela lei que obriga o Estado a destinar 18% da arrecadação com ICMS aos programas de habitação.

Pressupondo que uma casa popular custe, em média, R$ 35 mil, o bilhão desviado seria suficiente para erguer 50 mil unidades habitacionais, beneficiando 200 mil pessoas.

O desvio de recursos vinculados é lugar comum na “administração” tucana. Nada afeitos a destinar o dinheiro do povo ao próprio povo, as vinculações constitucionais (que garantem verbas mínimas para Educação, Habitação e Saúde, por exemplo) raramente são cumpridas pelos governos do PSDB.

Em 2000, o governo do Estado foi obrigado pela Assembléia Legislativa a devolver R$ 4,2 bilhões à Educação. A investigação conduzida pelos deputados descobriu uma manobra contábil que incluía na conta da Educação até mesmo dispêndios com um zoológico de São Paulo.

No caso da Habitação, o “planejamento” de Alckmin deixou de aplicar, em três anos, R$ 850 milhões dos recursos do ICMS destinados por lei à Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado de São Paulo (CDHU). Dinheiro que daria para construir 24.285 mil casas populares.

No caso da área de Saúde, a estratégia tucana é entregar para a “iniciativa privada” a estrutura do Estado. O “corte de gastos” se dá pela “concessão” dos serviços de saúde para as chamadas organizações sociais que, com o dinheiro e estrutura física do Estado, gastam os recursos da pasta da Saúde sem a necessidade de prestar contas ao povo. Até mesmo o tais hospitais que Alckmin diz ter construído entram no esquema.

Aliás, ainda com dados do Balanço Geral do Estado de 2005, dos 19 hospitais que Alckmin alardeia em seu programa apenas um (isso mesmo, UM) foi construído em sua gestão. Dos 19, 16 foram iniciados no governo Quércia e tiveram as obras paralisadas pelo advento do tucanato em São Paulo. Transformaram as obras em esqueletos para depois de anos retomá-las em vésperas de eleição.

Avanço de Lula é a resposta do povo ao indecente privatismo da elite vende-pátria


Ética” de acusar em falso, matar os pobres de fome, alienar patrimônio público e prestar vassalagem aos EUA colhe o que plantou

O impressionante crescimento de Lula neste segundo turno das eleições mostra a consciência clara do povo brasileiro sobre a diferença essencial entre os dois candidatos. É a liberação do mais legítimo sentimento de revolta contra a devastação, contra o assalto, contra os que traficaram o patrimônio que construímos durante décadas à custa de um esforço titânico.


Alckmin também prometeu em 2002 não privatizar e privatizou

Razão de ser do PSDB é privatizar, isto é, entregar o patrimônio público do país para os monopólios estrangeiros

O impressionante crescimento de Lula neste segundo turno das eleições ficará na História do nosso país como um dos seus momentos mais decisivos e, por que não dizer, dos mais belos. O quase incrível não é que Lula tenha reduzido a candidatura da reação a frangalhos, mas que sua candidatura tivesse ainda tanto para crescer depois da vitória no primeiro turno. Até mesmo em regiões onde conquistou mais de 70% dos votos, Lula continua crescendo. Além disso, cresce em todas as outras regiões, em todas as faixas de renda em que se divide a população e em todos os níveis de escolaridade. Isso, bem entendido, foi registrado até mesmo pelas pesquisas daqueles que jamais demonstraram qualquer simpatia pela candidatura do presidente, ou mesmo pela sua pessoa, e menos ainda pelo seu governo. Em suma, pelos próprios apoiadores de Alckmin: aquelas pesquisas que sempre foram o principal instrumento para turbinar os candidatos mais reacionários, não puderam ignorar o colossal crescimento de Lula.

ESSÊNCIA

Os prognósticos são de que Alckmin possa ter, no segundo turno, menos votos que no primeiro. Ou seja, que perca votos, ao invés de ganhar, num turno em que há só dois candidatos, em relação ao turno anterior, onde havia oito candidatos. Apesar de Alckmin, eleitoralmente, ser talvez o pior candidato de todos aqueles que já se candidataram a presidente no Brasil, não é possível creditar só a ele, nem principalmente a ele, a derrocada fenomenal das últimas semanas. Há quatro anos, com a cobertura da sua mídia e sob o abrigo das pesquisas enganosas, mesmo Alckmin foi alçado ao governo de São Paulo, e concorrendo contra quem era milhares de vezes melhor do que ele.

No entanto, agora não funcionou. E não funcionou porque o centro da campanha do segundo turno é, exatamente, qual a essência de cada projeto para o país. Isso transformou-o num caso liquidado. A este propósito, é ridículo que certos corifeus tucanos na mídia venham repetindo que não se discutem propostas, ou que os projetos de Lula e Alckmin são o mesmo.

Não se tem feito outra coisa nesta campanha do que discutir propostas. E, naturalmente, se os projetos dos dois candidatos fossem iguais, Alckmin seria candidato a vice de Lula. No entanto, é o próprio Alckmin que se encarrega de citar “a diferença”, como se o povo brasileiro não a conhecesse, depois de oito anos de Fernando Henrique e quatro anos de Lula.

Parece estranho a alguém neste país que todos acreditem em Lula quando fala na sanha privatizadora de Alckmin e dos tucanos, e ninguém acredite em Alckmin quando ele diz que é mentira? Evidentemente, a ninguém. Por duas razões: primeiro, todos sabem que o PSDB é um partido que só tem um razão de ser: privatizar, isto é, entregar o patrimônio do povo a monopólios estrangeiros, e exatamente porque é esse o centro da política desses monopólios, e do governo deles nos EUA, para ao países periféricos, como o Brasil. Eles são privatistas precisamente porque são áulicos de Wall Street.

A segunda razão é que todos sabem que Lula tem por hábito falar a verdade, e os tucanos têm por hábito a mentira. Até o falecido Mário Covas, tão incensado por alguns como se ele fosse algo que jamais foi, assinou duas cartas durante sua campanha ao governo de São Paulo: uma comprometendo-se a não privatizar o Banespa; a outra, comprometendo-se a não privatizar a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). Uma vez no governo, Covas privatizou tanto um quanto outra – no caso do Banespa, através do artifício da “federalização”. Esse, diga-se de passagem, é aquele cidadão que Alckmin apresenta como seu modelo moral e exemplo na vida pública, aliás, com razão: ele próprio mentiu na campanha ao governo, quando declarou que não iria continuar as privatizações, aquelas que depois foi o único governador do país a continuar.

O incrível é que Alckmin ache que é possível esconder essas façanhas, e que não há problema em mentir sobre esse assunto, mesmo quando todos sabem que é mentira. Ao que parece, acha que é obrigação dos outros acreditar nele, mesmo quando sabem que é mentira. Não por acaso, mesmo pessoas que jamais demonstraram qualquer afinidade, muito pelo contrário, com Lula, o PT ou o governo atual, como o escritor Carlos Heitor Cony e o jornalista Jânio de Freitas, sentiram-se na obrigação de apontar essa farsa.

O crescimento exponencial de Lula é a liberação do mais legítimo sentimento do povo brasileiro: a revolta contra a devastação, contra o assalto, contra os que traíram e traficaram o país, entregando o patrimônio que ele, o povo, construiu durante décadas à custa de um esforço titânico.

O bando tucano-privatista sabe perfeitamente disso. Por essa razão, substituiu a campanha eleitoral por uma campanha de difamação, ao estilo do seu paraninfo, o finado Lacerda. Verdade seja dita, Alckmin é demasiado medíocre para que alguém o leve a sério como a reencarnação de Lacerda.

Mas, realmente, tem muita graça: durante o governo de Fernando Henrique, à custa da privatização, meia dúzia de pés-rapados tucanos transformaram-se de repente em banqueiros; alguns atravessadores de entrega de estatais, da cepa dos ricardo-sérgios, estufaram os cofres; até o secretário da Presidência, Eduardo Jorge, antes um assessor do Senado, tornou-se acionista de sabe-se lá quantas empresas, proprietário de um apartamento no endereço mais caro do Rio de Janeiro, além de parceiro do juiz Lalau, famoso jurista da época. O que faz hoje esse ex-assessor do Senado? É um dos coordenadores da campanha de Alckmin.

Em suma, o patrimônio público desapareceu e o patrimônio desse pessoal apareceu. Todos os relatórios da PF sobre sanguessugas, vampiros e outros animais mostram que eram esquemas instalados sob o guarda-chuva dos tucanos, antes da posse do presidente Lula.

Porém, depois disso tudo, Alckmin aparece para chamar o governo Lula de corrupto e perguntar de onde veio o dinheiro dos ex-petistas que estariam negociando o suposto dossiê sobre atividades tucanas. Desde o começo dessa história era mais do que evidente que Lula nada tinha com isso. Fez o que devia fazer: apoiou a PF, que está investigando, ao contrário da época dos tucanos, onde os policiais federais que queriam investigar alguma coisa seriamente eram transferidos para as cucuias, caixa-prego e outros lugares muito importantes.

É preciso ser um fariseu para vir acusar Lula, quando se tem esse telhado de vidro - e ainda não falamos das 69 CPIs abafadas pelo próprio Alckmin em São Paulo.

Qual foi o amigo atual ou passado de Lula que virou banqueiro? Qual deles está nadando em dinheiro? Qual deles, mesmo os mais aloprados, cometeu algum roubo? Nenhum. O mesmo não se pode dizer dos amigos e correligionários de Alckmin, que, aliás, jamais puniu um só corrupto no governo paulista, certamente porque o seu governo foi o primeiro, desde Adão e Eva, onde não havia um só corrupto...

CONSCIÊNCIA

Já que Alckmin faz questão de mostrar onde está a diferença, não seja por isso: a diferença é que Lula gosta do seu povo, é que seu governo se preocupa com os brasileiros, é que os que estão com Lula são aqueles que amam o Brasil. Alckmin e seus correligionários detestam o país, o povo e particularmente tudo o que existe de criativo, trabalhador e independente no Brasil. Por isso, querem arrancar o couro do povo e escravizá-lo a seus patrões alienígenas, o país tornado um deserto habitado por famintos, obrigados a vender sua força de trabalho por qualquer miséria – se conseguirem vendê-la.

Essa é a diferença. Por essa razão, porque o povo percebeu isso de forma clara, numa manifestação de consciência rara na História de qualquer país, Lula cresce de forma tão extraordinária.

Vale a pena clicar

“Choque de gestão” de Alckmin paralisa São Paulo


Altamiro Borges

Talvez já prevendo a derrota do seu candidato, a Folha de S.Paulo finalmente estampou uma manchete crítica ao ex-governador Geraldo Alckmin. A edição desta segunda-feira revela que o governo paulista reduziu em até 80% os investimentos em projetos de infra-estrutura e paralisou várias obras. A matéria confirma o desastre do chamado “choque de gestão” que o candidato tucano queria implantar no país.

Segundo a reportagem assinada por Alencar Izidoro e José Ernesto Credendio, “algumas das principais obras e projetos de infra-estrutura de transporte de São Paulo tiveram seu ritmo reduzido drasticamente ou foram até paralisadas pelo governo de Cláudio Lembro (PFL), que conta os dias para terminar o seu mandato... Os atrasos ou as interrupções dos investimentos – situação que será herdada por José Serra em 2007 – foram intensificados nos últimos meses e envolvem de rodovias do interior à expansão da rede sobre trilho da Grande São Paulo, do Rodoanel ao recapeamento das marginais Pinheiros e Tietê”. Leia mais

Vale fecha a aquisição da canadense Inco


As ações ON da mineradora brasileira tiveram a maior alta da Bovespa, de 4,63%,. A Companhia Vale do Rio Doce realizou ontem a maior aquisição de uma empresa estrangeira já feita por uma companhia brasileira. A mineradora adquiriu 75,66% das ações ordinárias da canadense Inco por US$ 13,3 bilhões, que serão pagos até quinta-feira. Com a conclusão do negócio e a compra da totalidade das ações, a Vale passa a ser a segunda maior mineradora do mundo, com valor de mercado de US$ 77 bilhões, atrás apenas da anglo-australiana BHP Billiton, com US$ 135,3 bilhões. Deixa para trás a Rio Tinto, com valor de US$ 73,4 bilhões e a Anglo American, US$ 65,6 bilhões. Antes da compra o valor de mercado da Vale era de US$ 59,8 bilhões
A Inco é a segunda maior produtora de níquel do mundo, com produção de 181,8 mil toneladas entre janeiro e setembro deste ano. As reservas da empresa, porém, são as maiores do planeta, com 7,8 milhões de toneladas. A alta dos preços do produto ao longo do ano levou a mineradora a obter lucro recorde de US$ 701 milhões no terceiro trimestre deste ano.

O objetivo da Vale é comprar todas as ações ordinárias da Inco. Para tanto, manterá a oferta de 86 dólares canadenses por papel de pé até as 2h (horário de Brasília) de 4 de novembro - meia-noite do dia 3 de novembro no horário de Toronto. Caso consiga comprar a totalidade dos papéis, o valor do negócio subirá para os US$ 17,7 bilhões previstos.No comunicado divulgado ontem, a Vale explica que "pretende tomar medidas para adquirir as ações ordinárias da Inco remanescentes no mercado". Procurada, a companhia não se pronunciou sobre quais serão estas medidas.

Nova empresa

A aquisição da Inco dará origem à CVRD Inco, que, sediada em Toronto, será responsável pelos projetos de níquel do grupo. As operações dos projetos de Vermelho e Onça Puma, que devem entrar em produção em 2009, serão gerenciados pela unidade canadense. Já no comunicado emitido ontem, a Vale afirmava o objetivo de recompor o Conselho de Administração da Inco e desligar, o mais rápido possível, as ações da empresa das bolsas de Nova York e também de Toronto.

Ações em alta

Ontem as ações ON da Vale do Rio Doce encerraram o dia com a maior alta da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), de 4,63%, valendo R$ 54,40 o papel. Já as ações da Inco tiveram variação de 0,15% na Bolsa de Toronto, para os 86 dólares canadenses oferecidos pela Vale. Desde o último dia 3 as ações da Inco tiveram alta de 1,06%.
A Vale havia apresentado a oferta de aquisição da Inco no dia 11 de agosto, quando havia duas propostas na mesa pela mineradora: uma da americana Phelps Dodge e outra da também canadense Teck Cominco. A empresa brasileira se beneficiou por fazer uma oferta totalmente em dinheiro, enquanto as concorrentes previam troca de ações para a aquisição.

Para realizar o negócio, a Vale contou com uma linha compromissada dos bancos Credit Suisse, UBS, ABN Amro e Santander. No início do mês, a Vale já tinha à disposição até US$ 34 bilhões para fechar o negócio com a Inco.
Com a aquisição, o níquel passará a responder por 20% das receitas da Vale do Rio Doce, atrás apenas do minério de ferro, que recuará dos atuais 74% para 56% das receitas obtidas pela empresa.

A Fitch Rating rebaixou os ratings da Vale em quatro dos dez notas avaliadas pela agência de risco. O IDR (Issuer Default Rating - rating de probabilidade de inadimplência do emissor) de longo prazo em moeda local: de "BBB", para "BBB-"; o CVRD Finance Ltd. caiu de "BBB+", para "BBB"; e o CVRD Finance Ltd. Série 2000-1 e Série 2000-3 Notas de Exportação Securitizadas para "BBB", ante o "BBB+" anterior. Os novos ratings têm perspectiva estável.
Segundo a Fitch, as mudanças nas notas "refletem os efeitos de alavancagem, em função da aquisição da Inco, sobre a estrutura de capital da Vale", informou a agência em comunicado divulgado ontem.


terça-feira, 24 de outubro de 2006

Haverá 3º turno?


Tereza Cruvinel - Haverá 3º turno?



Se o presidente Lula for reeleito, a oposição dará curso à ação que já tramita no TSE para impugnar sua candidatura? A impugnação de uma candidatura vencedora equivale a uma cassação de mandato sem perda dos direitos políticos, ou a um impeachment jurídico. A legislação comporta esta situação, e a experiência recente anota pelo menos dois casos importantes. A pergunta tira o sono dos petistas e incomoda também a oposição, que, ao tomar este caminho, se dividiria.

A oposição deu recentemente sinais aparentemente contraditórios. Um foi emitido pelo próprio candidato Geraldo Alckmin em sua entrevista ao "Roda viva", da TV Cultura, veiculado no domingo à noite. Indagado sobre uma distensão política depois da eleição, em favor de uma agenda de interesse nacional, respondeu:

- O PT não pode exigir da oposição a impunidade. Querer que sejamos coniventes, querer a impunidade, não!

Ontem, em almoço do candidato com empresários em São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique fez um ataque flamejante a Lula, chamando-o de fanfarrão, e ao PT, comparando a retórica antiprivatização à técnica nazista de repetir mentiras até que consigam impregnar o imaginário das massas. Mas disse uma frase que soou como sinal de que não endossará a tentativa de subverter o resultado eleitoral pela via judicial.

- O PSDB é contra a impunidade. Agora, imaginar que queremos golpe ou que vamos sabotar o Brasil... não faremos isso porque não somos iguais a essa gente!

Ouvidos, petistas também entenderam assim: que Fernando Henrique adotará, se for o caso, a mesma postura que já é atribuída ao governador eleito de São Paulo, José Serra, e ao governador reeleito em Minas, Aécio Neves. Apesar das intrigas internas, ambos contribuíram muito para que o tucano chegasse ao segundo turno e se mantiveram engajados no segundo. Mas, sobrevindo a derrota, não participarão de um novo round contra Lula. Eles têm não apenas responsabilidades de governo pela frente, como também um horizonte de 2010, quando um dos dois deve disputar a Presidência. E, embora Alckmin tenha dito que Lula e o PT não podem esperar que a oposição endosse a impunidade, numa conversa informal, com a dificuldade que tem qualquer candidato para falar sobre a hipótese de derrota, ele deu a entender o contrário: quem ganha leva, quem perde faz oposição e fiscaliza.

De todo modo, já está claro que, para tomar o caminho da contestação, a oposição rachará. A defesa desta estratégia tem à frente o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati, o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, e o senador Antonio Carlos Magalhães. Eles não estão sozinhos. Têm seguidores dentro de seus partidos e na sociedade, em instituições como a OAB e em segmentos do empresariado.

A possibilidade jurídica de um "terceiro turno" existe. Os dois casos ilustrativos atingiram um governador e um senador. O hoje senador Mão Santa (PMDB) perdeu o mandato de governador do Piauí, conquistado em 1998, já quase no fim do período de governo. Foi condenado por abuso econômico na campanha. O ex-senador João Alberto Capiberibe também perdeu o mandato de senador em 2005, quase três anos depois de sua diplomação, em 2002. Foi acusado por uma eleitora de ter-lhe comprado o voto. Como Mão Santa, protelou o desfecho com sucessivos recursos até que o STF confirmou a sentença do TSE. Ambos puderam disputar novas eleições. A impugnação posterior da candidatura não resulta em perda dos direitos políticos.

Isso pode acontecer com Lula? Pode, desde que a Justiça Eleitoral conclua que a tentativa de compra do dossiê configurou uma ingerência dele no processo eleitoral, buscando beneficiar a própria candidatura ou prejudicar a dos concorrentes. Será preciso então que se prove, em primeiro lugar, que ele foi responsável pela ação dos aloprados do PT e que dela se beneficiou. A defesa que seus advogados apresentaram ao TSE argumenta que, em vez de benefícios, ele teve prejuízos eleitorais com o escândalo. Mas as investigações ainda estão em curso e está longe de ser concluída a narrativa sobre esse episódio rocambolesco, que revela em sua essência o viés da transgressão à regra democrática que marca o DNA de alguns petistas. O dossiê não era contra Alckmin, era contra Serra, e a disposição para obtê-lo e usá-lo na campanha evidencia a intenção de interferir na dinâmica de uma campanha que desde o início favorecia o tucano. É cedo, portanto, para se falar a sério disso, mas o tema tem sua conotação eleitoral. Oposicionistas o mencionam, em tom de ameaça, acreditando talvez que isso tire votos de Lula. Petistas o denunciam certos de que, quanto mais vitimizado, mais Lula cresce.

GILBERTO CARVALHO, secretário particular de Lula, entrou ontem com ação pedindo direito de resposta no programa de Alckmin. Por conta do telefonema que deu a Jorge Lorenzetti, no dia da prisão dos aloprados, o programa do tucano o mencionou como sendo o chefe deles.

OS DOIS CANDIDATOS ensaiaram exaustivamente para o debate de ontem na TV Record. Alckmin foi aconselhado a subir o tom na questão da corrupção. Lula, a ser mais comedido nas ironias e na certeza da vitória, que é sempre uma postura arrogante. Mas o suspense, ontem à tarde, era sobre as questões familiares: entrariam ou não?


AÉCIO NEVES combinou com Alckmin mais uma ida a Minas. O tucano está certo de que terá novamente uma boa votação no estado. Petistas asseguram que ele vai cair de desempenho. Não que Aécio não tenha trabalhado, mas, como foi reeleito no primeiro turno, muitos eleitores se sentiriam à vontade para mudar de voto.

Petrobras fará biodiesel no Rio Grande



também nas plantas. "A Petrobras pode ser a proprietária, mas pode também negociar um percentual de 10% ou 15% com a gente ou até outros investidores privados", explica Valdinei de Matos, presidente da Biopampa, cuja razão social é Cooperativa de Biocombustíveis da Região do Pampa Gaúcho. Matos esteve ontem em Porto Alegre com o diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, com a presidente da Petrobras Distribuidora, Maria das Graças Silva Foster, para apresentar os projetos ao governador Germano Rigotto (PMDB).

Segundo Matos, ainda falta definir se a unidade de produção de biodiesel será em Bagé e Pelotas. O Frigorífico Mercosul está envolvido na iniciativa porque poderá fornecer sebo de origem animal como matéria-prima para a usina. "O sebo seria 30% da necessidade da usina e o restante seria girassol, mamona, soja, canola e amendoim que as famílias produziriam. Hoje temos 20 mil famílias organizadas e prontas para iniciar a produção, mas queremos chegar a 40 mil, plantando 105 mil hectares", diz Matos, lembrando que as negociações com a Petrobras iniciaram em maio, quando foi acertado um estudo de viabilidade econômica dos dois projetos, que devem estar em operação em 2008. O custeio das lavouras, diz o presidente da Biopampa, seria feito pela modalidade tradicional do Pronaf.

Já a unidade de Palmeira das Missões deve ser abastecida somente por oleaginosas, também beneficiando 40 mil famílias. Como ação complementar, a Petrobras e a Cooperbio pretendem instalar 10 micro-destilarias de álcool em outras cidades do Noroeste do estado. Além de cana-de-açúcar, o álcool seria produzido a partir de batata-doce e mandioca. Neste projeto, a Petrobrás prevê investir R$ 2,3 milhões, conforme memorando assinado ontem em Palmeira das Missões. O presidente da Cooperbio, Romário Comassetto, observa que também será responsabilidade das cooperativas o investimento nas unidades de extração de óleo.

Por meio de leilões de compra de biodiesel, a Petrobras já tem contratados 160 milhões de litros de usinas em instalações no Rio Grande do Sul. A Brasil Ecodiesel, que está sendo construída em Rosário do Sul com um investimento de R$ 20 milhões, vai entregar à estatal 80 milhões de litros/ano a partir do ano que vem. A BS Bios, de Passo Fundo, tem contrato de 70 milhões de litros também a partir de 2007. A unidade é orçada em R$ 37,5 milhões. Já a Oleoplan, de Veranópolis, vai entregar 10 milhões de litros, depois de um investimento de R$ 19,8 milhões.
Produção excedente

Segundo Sauer, esta série de projetos fará o Rio Grande do Sul ser fornecedor de biodiesel para outros estados, podendo até exportar. O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel estabelece a adição compulsória de 2% de biodiesel ao diesel convencional a partir de 2008. O percentual pode chegar a 5%, abrindo possibilidade para um crescimento ainda maior do mercado.


segunda-feira, 23 de outubro de 2006

O que eles dizem



E da coluna de Mônica Bergamo, hoje na Folha (assinantes): _ Lula e o vice-presidente das Organizações Globo tiveram encontro discreto no Planalto, há dez dias, pouco depois do começo do segundo turno. Um dos assuntos foi a campanha. Os ministros e Lula demonstraram, com a sutileza possível, contrariedade com a TV Globo, que deu ampla e intensa cobertura ao escândalo do dossiê. Toninho Drummond, diretor da Globo em Brasília, diz que João Roberto Marinho considerou a conversa "muito civilizada". Agora pela manhã, no "Bom Dia Brasil", com vídeo grátis, longa reportagem para o dossiê e, por outro lado, nem menção ao rombo em São Paulo.


A oposição que conta e o "golpe" Fernando de Barros e Silva, hoje na coluna São Paulo (assinantes): _ A questão relevante que se coloca agora é: haverá 3º turno? O imponderável é a matéria-prima da história, mas se sabe que a banda udenista sai em farrapos. Bornhausen, Tasso e ACM terão que juntar os cacos antes de falar grosso. Além da debilidade do PFL, Lula terá a força do PMDB e os principais do Nordeste: Bahia, Pernambuco e Ceará. A oposição que de fato conta finca seu poder em SP e Minas.

Mas nem Serra nem Aécio vão endossar o jogo do tapetão, que o primeiro, a amigos, chama de "golpe". Por outro lado, em reportagens na Folha e em outros, "Alckmin diz que, se perder, não será conivente com impunidade". Dele, ontem à estatal TV Cultura, "o que o PT não pode exigir da oposição é impunidade". Nas primeiras páginas, a Folha dá manchete para o "rombo" deixado por Geraldo Alckmin em São Paulo, "Para fechar as contas, São Paulo reduz obras em até 80%" (assinantes). Detalha que "Estado pára, atrasa ou diminui investimentos". E que a "situação será herdada por Serra".

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Lula ultrapassa Alckmin no Sudeste, aponta Datafolha


Pesquisa Datafolha divulgada na terça-feira (17) pelo “Jornal Nacional”, da TV Globo, aponta que o presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ultrapassou o tucano Geraldo Alckmin nas intenções de voto entre os eleitores da região Sudeste.


O levantamento mostra que Lula subiu sete pontos percentuais e atingiu 52% nos estados dessa região, enquanto o candidato do PSDB caiu quatro pontos: de 45% para 41%. Na pesquisa anterior, divulgada em 11 de outubro, os dois presidenciáveis tinham 45%.

No primeiro turno, Alckmin havia liderado a apuração no Sudeste, com 45,22% dos votos válidos, enquanto Lula alcançou 43,28%. O tucano também tinha sido o mais votado no primeiro turno nas regiões Sul e Centro-Oeste.

Nos estados sulistas, segundo o Datafolha, o tucano continua líder nas intenções de voto, mas a vantagem para o petista diminuiu: de 16% para 7%. Alckmin caiu de 54% para 50%, enquanto Lula subiu de 38% para 43% nessa região.

No Nordeste, onde o presidente tem seu melhor desempenho, o Datafolha mostra que o quadro eleitoral entre os dois candidatos continua inalterado. Lula manteve os mesmos 71% da última pesquisa e Alckmin permanece com 24%.

Nas regiões Centro-Oeste e Norte, o instituto aponta que Lula cresceu seis pontos percentuais, passando de 50% para 56%, enquanto o adversário do PSDB oscilou negativamente um ponto, de 41% para 40%.

Escolaridade

O Datafolha mostra que Lula subiu seis pontos entre os eleitores que têm ensino fundamental, de 57% para 63%. Entre os que têm ensino médio, ele passou de 49% para 53%. Já entre os que têm curso superior, subiu de 37% para 41%.

Já o tucano oscilou negativamente dois pontos entre os eleitores com ensino fundamental (de 34% para 32%), oscilou dois pontos para baixo entre os que têm ensino médio (de 43% para 41%) e oscilou um ponto entre os que têm curso superior (53% para 52%).

Idade

O maior crescimento de Lula foi entre os eleitores na faixa de idade dos 16 aos 24 anos, em que passou de 47% para 55%. Na faixa dos 25 aos 34 anos, subiu de 54% para 58%; na dos 35 aos 44 anos, de 51% para 57%; na dos 45 aos 59 anos, de 52% para 56%; e na dos 60 ou mais anos, de 54% para 57%.

Já Alckmin caiu cinco pontos na faixa de idade dos 16 aos 24 anos (46% para 41%), manteve o mesmo percentual na dos 25 aos 34 anos (36%) e na dos 45 aos 59 anos (38%), caiu quatro pontos na dos 35 aos 44 anos (41% para 37%) e oscilou dois pontos para baixo na dos 60 ou mais anos (38% para 36%).

Renda familiar

Lula subiu três pontos entre os eleitores com renda familiar de até 2 salários mínimos (59% para 62%), oito pontos entre os que têm renda de 2 a 5 salários (47% para 55%), quatro pontos entre os que têm renda de 5 a 10 salários (45% para 49%) e sete pontos entre os que ganham mais de 10 salários (31% para 38%).

Alckmin manteve o mesmo percentual (32%) entre os eleitores com renda familiar de até 2 salários mínimos, caiu quatro pontos entre os que têm renda de 2 a 5 salários (45% para 41%), caiu três pontos entre os que têm renda de 5 a 10 salários (48% para 45%) e perdeu seis pontos entre os que ganham mais de 10 salários (62% para 56%).

Pesquisa consolidada

Lula subiu de 51% para 57% em relação ao último levantamento. Alckmin, que tinha 40%, tem agora 38%, oscilação dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais. O Datafolha ouviu 7.133 eleitores, entre segunda (16) e terça-feira (17), em 348 municípios do País.

Lula capturou votos de Heloisa Helena e Cristovam


O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), considera "absolutamente verdadeira" a pesquisa Datafolha que mostrou ampliação da vantagem do presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Geraldo Alckmin (PSDB) de 11 para 19 pontos percentuais considerando-se os votos totais.

Maia, aliado de Alckmin e coordenador da campanha tucana no Rio, é um político conhecido pelas análises de dados de pesquisas.

"Alckmin está mais ou menos no mesmo patamar do primeiro turno e Lula abriu (vantagem), captando os votos da Heloísa Helena e do Cristovam Buarque", disse o prefeito nesta manhã em entrevista à rádio Jovem Pan. Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT), derrotados na disputa pela Presidência no primeiro turno, não anunciaram apoio a qualquer um dos candidatos do segundo turno.

Segundo Maia, pesquisas internas realizadas no PFL durante o final de semana nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo já apontavam nesta direção.

A pesquisa Datafolha divulgada na noite de terça-feira mostrou Lula subindo de 56 por cento, há uma semana, para 60 por cento dos votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos), enquanto Alckmin caiu de 44 para 40 por cento. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.

Pelas intenções totais de voto, a vantagem do presidente-candidato aumentou de 11 para 19 pontos percentuais. Lula cresceu de 51 para 57 por cento, enquanto o tucano passou de 40 para 38 por cento.

César Maia disse ainda que as pesquisas internas do PFL apontam um diferença menor entre Lula e Alckmin, de quatro pontos percentuais, mas admitiu que isso não muda o cenário retratado pelo Datafolha.

"Os 15 pontos líquidos já são uma enorme diferença", afirmou o prefeito no site que mantém na Internet. "O fato é que esta avaliação a favor do Lula é absolutamente verdadeira", acrescentou na entrevista à rádio.

O prefeito voltou a apontar como principal erro de Alckmin no segundo turno o apoio recebido por parte do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB), inimigo político de Cesar Maia. O episódio chegou a abalar a campanha de Alckmin no Rio de Janeiro, motivando reações negativas do prefeito e de seu filho deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), além da candidata ao governo do Rio Denise Frossard (PPS).

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Criados oito assentamentos para 479 famílias no Mato Grosso


O Diário Oficial da União publicou nesta terça-feira (10) a criação de oito Projetos de Assentamento (PA's) em seis municípios do estado do Mato Grosso. Conforme o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), os PA's somam uma área de 21.673,5976 hectares, nos quais serão assentadas 479 famílias.

“Os processos de desapropriação foram relativamente rápidos porque conseguimos superar algumas dificuldades jurídicas de titulação de terras de fronteira com um entendimento de consenso”, afirma o superintendente-substituto do Incra em Mato Grosso, Ságuio Moreira Santos. Ele atribuiu a rapidez também ao trabalho conjunto para a avaliação dos processos de vistoria realizados por técnicos do Incra no estado.

Em Vila Bela da Santíssima Trindade, o PA Marumbi deverá assentar 86 famílias. Em Barra do Garças, serão 90 famílias no PA São Gonçalo e Maior. O município de Cláudia terá três novos assentamentos: Minata (para 20 famílias), Alvorada I e Alvorada II (para 15 e para cinco famílias, respectivamente). Em Querência, 75 famílias farão parte do PA Canaã I. Em Nova Lacerda, o PA São Judas deverá abrigar 180 famílias.
Mais oito famílias serão assentadas no PA Boa Esperança I, em Juína.

Revista revela que Rede Globo garantiu 2º turno



A imprensa, em particular a Rede Globo, é o principal alvo da matéria de capa da revista Carta Capital desta semana. Mostrando um tucano sentado sobre a marca da emissora, a capa diz: "A trama que levou ao segundo turno - a partir da trapalhada do PT, a mídia, em especial a Rede Globo, beneficiou o candidato tucano de forma decisiva, às vésperas das eleições presidenciais, com a divulgação das fotos do dinheiro e a ocultação de informações cruciais na cobertura do escândalo do dossiê".

Segundo a matéria, assinada por Raimundo Rodrigues Pereira, com colaboração de Antônio Carlos Queiroz, a Globo obteve o áudio da conversa em que o delegado Edmilson Pereira Bruno negociou com quatro jornalistas (da Folha de S. Paulo, do Estado de S. Paulo, de O Globo e da rádio Jovem Pan) a entrega das imagens do dinheiro apreendido com os petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos. O delegado levou um CD com 23 fotos e mais três CDs virgens para que todos pudessem tirar cópias das fotografias. Toda a conversa, segue a matéria, foi sido gravada sem que o delegado soubesse.

Conforme a revista, o delegado repassou o material com a condição de permanecer anônimo e de os jornalistas darem a versão de que o receberam de alguém que tinha roubado as fotos. No encontro, realizado dia 29, dois dias antes da eleição de primeiro turno, o delegado Bruno demonstrou ainda interesse em ver as imagens que vazou veiculadas no principal telejornal brasileiro. "Tem de sair hoje à noite na tevê. Tem de sair no Jornal Nacional", disse, de acordo com o relato de Carta Capital.

A revista enfatiza que, naquela noite, "o noticiário eleitoral, com destaque para as fotos do dinheiro dos petistas, é praticamente o único assunto"do Jornal Nacional. O programa, ressalta o texto, sequer fez menção à queda do avião da Gol, que matou 154 pessoas, tornando-se a maior tragédia da aviação nacional.

As explicações da Globo

O texto de Raimundo Pereira ocupa sete páginas. Na página seguinte, a oitava dedicada ao tema, outro jornalista, Mauricio Dias, transcreve as dez perguntas que a redação da revista enviou à Rede Globo com questionamentos sobre sua cobertura jornalística das eleições.

Uma das indagações trata do fato de a rede não ter até aqui se interessado em cobrir o outro lado do dossiê Vedoin, aquele em que as suspeitas recaem sobre o próprio PSDB, suspeito de ter operado o esquema ilegal dos sanguessugas durante o governo Fernando Henrique: Há fortes indícios de participação do empresário Abel Pereira, homem da confiança do ex-ministro da Saúde Barjas Negri.

A revista perguntou, entre outras coisas, por que "o Jornal Nacional não citou que 70% das ambulâncias da Planam foram liberadas na gestão do PSDB". Pede explicações para o fato de a Globo ter adotado uma "perspectiva propositiva" na cobertura das eleições para o governo de São Paulo, impedindo por exemplo o candidato do PT, Aloizio Mercadante, de "falar do PCC e da perda de controle da ação policial no estado" enquanto, na disputa presidencial, "era dado espaço amplo para críticas (justas ou injustas, não entramos no mérito) ao candidato Lula".

"Sabe-se que foram produzidas matérias (pelo menos uma) sobre Abel Pereira. A reportagem foi editada, mas não foi ar. Qual o critério adotado nesse caso?", pergunta ainda a revista.

Segue a íntegra da resposta do diretor-executivo de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel:

"Se tem uma coisa que tem alegrado a nós, jornalistas da TV Globo, é o alto grau de isenção que temos conseguido imprimir na cobertura dessas eleições. Essa nossa convicção vem de três fontes: nossa própria avaliação, que é diária e procura verificar se temos nos conduzido com a isenção a que nos propusemos; a avaliação do público, que nos chega diariamente por nosso Centro de Atendimento ao Telespectador, com milhares de telefonemas e e-mails; e pela manifestação de todos os partidos políticos, que têm atestado a isenção de nossos telejornais.

Uma das mais recentes manifestações nesse sentido veio do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em carta à TV Globo, justificando a ausência no debate na antevéspera da eleição, escreveu: 'Aproveito para reafirmar o meu respeito à TV Globo e parabenizá-la pelo trabalho isento que vem fazendo na cobertura destas eleições".

Outros questionamentos

Segundo Carta Capital, o comportamento da Globo "provocou reclamações de vários funcionários da emissora", que estariam insatisfeitos com o tratamento desequilibrado dado à cobertura do dossiê Vedoin.

A revista chama atenção para outros fatos. Um deles é que, no dia da prisão de Valdebran e Gedimar, as equipes de propaganda eleitoral dos candidatos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra chegaram à sede da Polícia Federal em São Paulo antes de todos os repórteres. Baseada em "uma fonte no Ministério da Justiça", a matéria acrescenta que as equipes teriam chegado na PF antes até mesmo que os presos, que "foram detidos no hotel Ibis Congonhas por volta das 6 da manhã do dia 15 de demoraram a chegar à sede da polícia".

Outro ponto nebuloso estaria no fato de não se apurar a versão de Jorge Lorenzetti de que Abel Pereira "tentava comprar, por R$ 10 milhões, as informações que os Vedoin tinham contra os tucanos". Lorenzetti, conhecido por preparar churrascos para o presidente Lula, perdeu o cargo de diretor do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) por seu envolvimento com a negociação do dossiê.

A revista também afirma que o procurador da República Mário Lúcio Avelar, encarregado de apurar o caso dos sanguessugas, "ainda não mereceu uma investigação de peso". Lembra que o procurador participou da operação de apreensão de dinheiro que terminou tirando Roseana Sarney (PFL-MA) da disputa presidencial de 2002. "Mais tarde, ao fim das investigações, o dinheiro foi devolvido à Lunus e se concluiu que nada tinha ocorrido de ilegal", diz a matéria.

Mario Lúcio Avelar, procurador de Mato Grosso, sob suspeita


O que sugere a reportagem da revista "CartaCapital", nas bancas desde o fim de semana, é que toda a trama urdida para, como um guindaste, levantar a votação do candidato Geraldo Alckmin e levá-lo ao segundo turno, deveu-se a um delegado da Polícia Federal, Edmilson Pereira Bruno, e a um procurador da República, Mário Lúcio Avelar - em conluio com um setor da mídia, em especial o império Globo.

Segundo o relato , antes mesmo de chegarem à sede da Polícia Federal em São Paulo os dois homens ligados ao PT, com os quais teria sido encontrada a soma de R$1,7 milhão, já estava lá a perua da Rede Globo. E ao chegar, estacionou entre outras duas equipes tucanas de televisão - as do marketing político das campanhas de Geraldo Alckmin e do candidato a governador José Serra, primeiras a chegar.

Avelar, apontado como comandante da operação, já tivera papel igual ao divulgar no início de 2002 as fotos do dinheiro apreendido na firma Lunus, do marido de Roseana Sarney (o que detonara a candidatura presidencial dela pelo PFL no momento em que, nas pesquisas, ultrapassava a do tucano Serra na preferência para confrontar Lula). Mas a ficha do afoito Avelar não fica nisso.

Estranha conduta de autoridades

O procurador já tinha pisado na bola mais duas vezes. Em Tocantins, fora afastado pelo procurador-geral Geraldo Brindeiro no final de 2002, por ter indiciado políticos com mandato sem ter autoridade para tal (pois isso cabe ao procurador-geral). E em Mato Grosso, seu posto seguinte, tinha sido o desastrado comandante jurídico da operação Curupira, da Polícia Federal, contra funcionários do Ibama e madeireiros.

Essa operação Curupira incluíra, entre as 93 pessoas presas, o diretor de florestas do Ibama, Antônio Carlos Hummel. Levado, algemado, para Cuiabá, ele passara quatro noites na cadeia antes de ser, afinal, libertado. Como lembrou "CartaCapital", o próprio Avelar, depois de acompanhar o depoimento oficial de Hummel, acabou por reconhecer que ele não devia sequer ter sido indiciado.

Com antecedentes como esses três casos - de Roseana, no qual o dinheiro foi afinal devolvido, após a conclusão de que nada ocorrera de ilegal; dos políticos indiciados ilegalmente em Tocantins; e da prisão arbitrária do diretor do Ibama, totalmente inocente - o mesmo procurador Avelar, responsável pelo procedimento jurídico no caso do dossiê, pediu a prisão preventiva de Freud Godoy, segurança do presidente Lula.

Isso só não levou a nova arbitrariedade porque o pedido dele foi rejeitado pelo juiz Marcos Alves Tavares - que estranhou, entre outras coisas, o contra-senso de ser divulgado o pedido na imprensa antes de sua análise pelo juízo. Depois, como é sabido, a Polícia Federal e o Ministério Público inocentaram Godoy, levando jornais e jornalistas com um mínimo de dignidade a pedir desculpas publicamente.

Mentindo para agradar à fonte

É relevante a esta altura a suspeita de que, sob a influência de figurões da política, generalizam-se práticas duvidosas entre procuradores e policiais, tirando proveito do período eleitoral. Para atender a inclinações partidárias, servir a grupos políticos ou até mesmo buscar vantagens pessoais, gente sem escrúpulos pode não resistir à tentação de tornar rotina essa atividade nova e na certa altamente lucrativa.

"CartaCapital" chama atenção para detalhe insólito. Ainda que o "caso do dossiê" esteja nas primeiras páginas há um mês, a Polícia Federal e o procurador ainda não sabem que crime (ou crimes) atribuir aos suspeitos presos. O dinheiro que destroçou a candidatura de Roseana foi devolvido, após o estrago, por não haver crime. Sobre o de agora Avelar insinua que pode ser dinheiro público mas ainda não apareceu prova.

Isso pode acontecer, claro, mas parece óbvio que as ações do delegado e do procurador foram no mínimo precipitadas. Como também a conduta da mídia. Logo no início "O Globo" comparou o caso a Watergate - onde havia o fato concreto da invasão do escritório do Partido Democrata e, mesmo assim, só veio a renúncia em razão de fatos posteriores graves, no esforço oficial para obstruir a investigação.

O prontuário das organizações Globo, que já tinha as fraudes de 82 (Proconsult) e 89 (debate editado), engordou agora com a figura patética do delegado Bruno. Ao entregar as fotos ele mandou a mídia mentir para protegê-lo, dizendo que elas tinham sido roubadas. Depois mudou de idéia e assumiu tudo. Resultado da lambança: num texto "O Globo" assumiu a mentira como verdade, em outro deu versão diferente.

Receita promíscua de reportagem

No caso atual, pode-se até imaginar uma confraternização promíscua à porta da sede da Polícia Federal naquele 15 de setembro, com as equipes de jornalismo da Globo e as do marketing político tucano, de responsabilidade da produtora GW, cujos donos, por coincidência, são dois ex-jornalistas da mesma Globo, Luiz Gonzales (o G) e Woile Guimarães (o W).

O diretor de jornalismo da rede Globo, Ali Kamel, pode até achar que ao deixar de responder às 10 perguntas da revista varreu a sujeira para debaixo do debate. Mas as perguntas continuarão a perseguir o jornalismo do império Globo. Porta-voz oficioso da ditadura e colaborador da censura, como atestou uma vez o próprio ministro Armando Falcão, expõe hoje sua incompatibilidade com as regras democráticas.

Kamel fala em isenção, mas é acusado de ter encomendado o sumiço da fita de áudio na qual o delegado Bruno cita a Globo. Desapareceu ainda a fita, editada, sobre Abel Pereira, empresário ligado ao PSDB que supostamente tentava comprar o mesmo dossiê. Enfim, que diabo de jornalismo é esse, que suprime o que compromete um partido e escancara na manchete o que atinge o outro.

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Justiça eleitoral determina que afiliada do SBT saia do ar


A TV Ponta Negra, afiliada do SBT no Rio Grande do Norte, está mais uma vez fora do ar por determinação do Juízo Auxiliar do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Em cumprimento a liminar concedida pelo juiz Artur Cortêz Bonifácio a emissora está com sua programação suspensa desde as 16h de domingo. A representação de número 2289 foi impetrada pela coligação Vontade Popular, encabeçada pelo candidato ao governo do Estado Garibaldi Alves Filho (PMDB).

O processo contra a TV Ponta Negra foi motivado pelas entrevistas do deputado estadual Joacy Pascoal (PSB) e do vereador Salatiel de Souza (PFL), no final da semana passada. No entendimento da assessoria jurídica da Vontade Popular, houve favorecimento à adversária, a governadora Wilma de Faria (PSB), e, portanto, desequilíbrio do pleito. Uma das diretoras da emissora é a deputada estadual eleita Micarla de Sousa (PV), correligionária de Wilma.

A TV Ponta Negra entrou com recurso visando a retomada da programação local a qualquer momento. E sua diretoria fará uma reunião ainda hoje pela manhã para debater o assunto. A ação da Vontade Popular pedia a suspensão por 48 horas, dada a reincidência. A afiliada do SBT no RN já havia ficado fora do ar, na semana passada, por determinação da Justiça Eleitoral, face à uma entrevista da governadora Wilma de Faria no dia 2 de outubro

O recurso da TV Ponta Negra contra a decisão do juiz Artur Cortêz Bonifácio foi negado pelo TRE. Com isso, programação só será retomada às 16h, quando se completam as 24 horas da punição.

FAO lança Programa América Latina e Caribe sem Fome


A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) lança hoje (16) - Dia Mundial da Alimentação - durante videoconferência, das 18 às 19 horas, na Sala de Conferência do Banco Mundial em Brasília, o programa América Latina sem Fome. Será apresentado ainda o Comitê de Segurança Alimentar da FAO e anunciada a criação de grupo de trabalho que vai se reunir em novembro.


De acordo com o representante da FAO no Brasil, José Tubino, o Programa América Latina e Caribe sem Fome é inspirado no Fome Zero brasileiro e adaptado à realidade de cada país. A idéia é mobilizar governos e iniciativa privada para que invistam mais em agricultura familiar.

Segundo dados da FAO, os pequenos representam a maior parte dos produtores agrícolas do mundo. O fortalecimento da agricultura familiar, além de constituir a principal meta do programa de segurança alimentar na América Latina e no Caribe, é o tema central da Semana Mundial da Alimentação, que começa hoje e vai até o domingo (22).

Encontro internacional discute combate à poluição no ambiente doméstico


Especialistas nacionais e internacionais participam hoje (16) e amanhã (17) em Brasília do Encontro Internacional sobre Poluição Doméstica, Fogões Ecológicos e Desenvolvimento Sustentável. O objetivo é elaborar um plano de ação para reduzir a poluição no ambiente doméstico produzida por fogões a lenha. O encontro começa às 9 horas no auditório do Ministério das Cidades.

De acordo com os organizadores do encontro, nas zonas rurais de países em desenvolvimento, e até mesmo em áreas urbanas, uma prática bastante usual é a queima de combustíveis sólidos como a lenha, carvão mineral e vegetal, e resíduos orgânicos para obtenção do fogo e sua energia térmica. No Brasil, o alto custo do botijão de gás ou sua indisponibilidade obriga parcelas mais carentes da população a utilizarem fogões a lenha primitivos que, ao mesmo tempo que possuem baixo aproveitamento energético, também geram fumaça no ambiente da cozinha.


Os participantes vão explorar alternativas apropriadas à realidade brasileira, incluindo o conceito de fogões ecológicos - tecnologia que transforma o uso da lenha num processo mais moderno e humano, já que evita a exposição à fumaça e fuligem.


Curso busca aproximar policiais da sociedade


A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) promove, a partir de hoje (16), o 1° Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária para policiais dos estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste. Serão capacitados 345 policiais militares, civis, guardas municipais e bombeiros, com o objetivo de difundir entre esses profissionais a filosofia de polícia comunitária e aproximar os órgãos de segurança da sociedade.

São 105 vagas para a região Norte, 150 para a região Nordeste e 90 para a região Centro-oeste. As aulas serão realizadas em Fortaleza (CE), Belém (PA) e Cuiabá (MT) e os profissionais serão divididos em três turmas - a primeira pelo período de 16 a 27 de outubro, a segunda de 6 a 17 de novembro e a terceira turma entre os dias 27 de novembro e 11 de dezembro.

O curso vai abordar questões sobre direitos humanos, gestão de projetos, polícia comunitária comparada e troca de experiências, polícia comunitária e sociedade, teoria e prática de ensino, relações interpessoais e resolução pacífica de conflitos, entre outras.

Em novembro será a vez de 120 profissionais das regiões Sul e Sudeste serem capacitados.

Capes tem inscrições abertas para divulgação da cultura brasileira no exterior


Até o dia 8 de novembro, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação estará com inscrições abertas para a seleção de leitor em instituições universitárias estrangeiras de nove países. Os candidatos aprovados deverão organizar cursos e palestras, divulgando a cultura brasileira nos seguintes países: Guiana, Camarões, Peru, Inglaterra, Uruguai, China, República de Trinidad e Tobago, Chile e República Dominicana.

De acordo com o MEC, as inscrições podem ser feitas no endereço eletrônico edital.cgci@capes.gov.br . Os candidatos devem ter nacionalidade brasileira e fluência na língua estrangeira correspondente ao país para o qual pretendem se candidatar. Também devem ter experiência no ensino de língua portuguesa para estrangeiros (variante brasileira), literatura e cultura brasileira. É necessário anexar à solicitação de inscrição o currículo modelo Lattes (Plataforma Lattes - CNPq - http://lattes.cnpq.br/index.htm).

Os selecionados terão direito a passagem aérea e auxílio financeiro mensal no valor de US$ 1 mil a US$ 1,5 mil, de acordo com o país escolhido. Para mais informações acesse o edital


Curso treina profissionais para trabalhar com nova lei sobre drogas


Cerca de 400 profissionais da área de segurança pública de todo o país participam, de hoje (16) a sexta-feira (20) do 3° Curso de Capacitação sobre redução da oferta e demanda de drogas. Será no Hotel Naoum Plaza, em Brasília. Eles vão discutir a Lei 11.343/06 – a nova lei sobre drogas – que entrou em vigor no último dia 8.

O curso é gratuito e será coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) em parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad). Os policiais participarão de oficinas de debate e poderão esclarecer dúvidas com juristas, juízes, promotores de justiça, Polícia Federal, a assessora jurídica do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime, Sandra Valle, além do senador Romeu Tuma, relator do projeto de lei.

A nova lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, com a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades de prevenção, tratamento e reinserção social de usuários e dependentes de drogas, bem como as de repressão ao tráfico.

Entre os principais pontos da legislação está a distinção clara e definitiva entre usuário, dependente de drogas e traficantes, colocados em capítulos diferentes. O texto prevê ainda o aumento do tempo de prisão para os traficantes que continuam a ser julgados pelas varas criminais comuns. A pena passará de três a 15 para cinco a 15 anos de detenção.




sexta-feira, 13 de outubro de 2006

O PCC de Alckmin e as ações contra o Estado


O PCC e as ações contra o Estado

EDITORIAL
O Estado de S. Paulo
13/10/2006

Os ataques promovidos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) contra edifícios públicos, agências bancárias, delegacias de polícia, lojas, shopping centers e ônibus não resultaram apenas em violência e medo. Eles também originaram ações judiciais contra o governo estadual para o ressarcimento dos prejuízos sofridos pela iniciativa privada. Até o momento, o processo mais vultoso foi aberto por uma empresa de ônibus da Baixada Santista, que pleiteia indenização de R$ 6,5 milhões.

Dos 82 ônibus incendiados pelo PCC entre os dias 12 e 17 de maio, 30 pertenciam a essa concessionária. Além do ressarcimento do valor dos veículos danificados pela organização criminosa, a empresa está reivindicando o ressarcimento do lucro cessante, ou seja, da receita que deixou de obter durante o período em que parte de sua frota ficou parada. No dia 15 de maio, em várias cidades, inclusive as da Baixada Santista, por temer as ações do PCC as repartições públicas fecharam, o comércio baixou as portas, as indústrias dispensaram seus funcionários e muitas pessoas não conseguiram chegar em casa por falta de transporte coletivo.

A pretensão da concessionária tem fundamento legal e, ao julgar processos semelhantes, diferentes tribunais do País vêm acolhendo essa tese há algum tempo, com base no parágrafo 6º, do inciso XXI do artigo 37 da Constituição, pelo qual "as pessoas jurídicas de direito público (...) prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros (...)".

Ao fazer a defesa do poder público, os procuradores do Estado questionam o alcance dessa regra. Para eles, esse dispositivo não se aplica nos casos em que os prejuízos sofridos por cidadãos e empresas decorrem de "convulsão social", como agitações de rua, quebra-quebras, ataques a ônibus, atentados terroristas e atos de guerra. Esse argumento, no entanto, tem sido rejeitado por vários tribunais, com base no princípio jurídico da "responsabilidade objetiva do Estado pela segurança".

Segundo a jurisprudência firmada, principalmente pelas Justiças estaduais, a segurança pública é matéria de competência exclusiva do poder público. Por isso, as instituições governamentais têm a obrigação de assegurá-la a toda a coletividade de modo eficiente, podendo ser responsabilizadas, formal e materialmente, pelos eventuais prejuízos que a omissão, falha ou inépcia das polícias civil e militar causarem a cidadãos e empresas.

No caso dos ataques do PCC entre os dias 12 e 17 de maio, a agravante é que a organização criminosa já havia, em atentados anteriores, incendiado ônibus e vans. Essa é uma das táticas mais utilizadas por ela. "Havia uma previsibilidade do fato e houve omissão do Estado, que deve ser condenado a ressarcir o prejuízo causado à concessionária em razão da falha na prestação do serviço público", afirmam os advogados da empresa de ônibus da Baixada Santista.

Como a organização criminosa levou à paralisação da maior cidade do País, no dia 15 de maio, tendo na ocasião promovido 54 ataques a casas de policiais e 17 atentados a agências bancárias e caixas eletrônicos, além de ter incendiado 82 ônibus e lançado bombas contra lojas e shopping centers, se todos os prejudicados recorressem à Justiça, pleiteando ressarcimentos, o Estado de São Paulo teria de fazer um desembolso bilionário.

Para evitar esse risco, as autoridades estaduais não têm outra saída a não ser elaborar um esquema mais eficiente para garantir a segurança pública em caso de novos ataques de facções criminosas. Se voltarem a agir de modo errático, como nos primeiros ataques do PCC, elas estarão estimulando cidadãos e empresas a exigir o que têm direito nos tribunais.

 

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